Brasil: Alternativa Socialista

Tese para o I Congresso do PSOL

ALTERNATIVA SOCIALISTA

I. Apresentação, balanço e concepção de partido.

1. No momento em que o PSOL se prepara para realizar seu I Congresso e eleger pela primeira vez a sua direção, três anos e uma eleição depois de sua fundação, é chegada à hora de colocar em discussão a política, o programa, o estatuto, a direção, a estratégia, os métodos e a concepção de partido que têm sido burocraticamente impostos ao PSOL – em completo desacordo com o programa provisório do partido e os marcos socialistas que presidiram sua fundação.

2. Somos militantes socialistas, enraizados nas lutas e organizações dos trabalhadores e da juventude, no processo histórico de reagrupamento e convergência das mais diversas tradições da esquerda anti-capitalista e na construção consciente de uma alternativa socialista à barbárie capitalista e à destruição do planeta. Estamos desde o início inseridos na construção do PSOL e defendemos o fortalecimento da CONLUTAS e da Frente de Esquerda (PSOL-PSTU-PCB), sempre buscando criar as melhores condições para a formação de um bloco histórico da esquerda socialista brasileira. Entendemos que a história da luta de classes nos coloca já há algum tempo a necessidade de que as forças sociais e políticas que romperam com o governo, o PT e a CUT e todos os agrupamentos da esquerda socialista brasileira venham a convergir na formação de um bloco histórico que seja capaz de construir uma nova direção para o movimento de massas e uma alternativa socialista para o Brasil, que ajude a impulsionar os processos revolucionários que se desenvolvem na América Latina.

3. Em primeiro lugar, não aceitamos o rebaixamento programático autoritariamente imposto ao PSOL desde as eleições de 2006, que substituiu o programa de rupturas progressivas apoiadas na mobilização popular e orientadas por uma estratégia socialista (aprovado na Conferência Nacional do PSOL e tomado como base para a formação da Frente de Esquerda) por um programa nacional-desenvolvimentista a ser cumprido nos marcos da Constituição e do regime político-jurídico do capital, que descarta a viabilidade de uma estratégia socialista para contraditoriamente sair em defesa da ilusória “democratização da democracia” nos marcos do capitalismo dependente.

4. Também não aceitamos uma política de alianças baseada na construção de uma “frente anti-neoliberal” com setores e partidos burgueses. A política historicamente testada e derrotada de frente popular e de alianças com setores pretensamente nacionalistas e desenvolvimentistas da burguesia – que levou o PT, o PCB e o PC do B a mais completa degeneração política – já foi ensaiada em 2006 pelos setores hegemônicos na direção do partido, tendo sido fragorosamente derrotada antes mesmo da Conferência Nacional pela mobilização militante das bases do PSOL. Mas a intenção de impor essa política ao PSOL continua presente: ela está claramente formulada nos documentos das correntes que impuseram ao partido e à Frente de Esquerda a candidatura de César Benjamin a vice-presidente com seu programa nacional-desenvolvimentista – e por isso não temos dúvidas de que mais uma vez teremos de nos mobilizar para denunciar e derrotar essa política no Congresso e em todas as ocasiões em que se colocar novamente essa discussão.

5. Discordamos radicalmente das práticas e métodos burocráticos, autoritários, anti-socialistas e anti-democráticos que vêm sendo empregados na construção do PSOL. Eles postergaram por muito tempo a realização do I Congresso, impediram que as instâncias de base e de direção fossem democrática e organicamente constituídas e respeitadas, substituíram a discussão e elaboração coletiva do programa, das políticas e da estratégia por instáveis acordos de cúpulas entre as direções das correntes, fizeram proliferar por todo o país candidaturas, métodos e alianças oportunistas na disputa eleitoral e foram abertamente utilizados para impor o rebaixamento programático ocorrido nas eleições de 2006.

6. A insistência de setores do partido em buscar alianças com setores burgueses e hierarquizar as eleições e a intervenção institucional como eixos centrais da política do PSOL apenas nos distanciam da concepção programática de um partido anti-capitalista e anti-imperialista, classista e internacionalista, com uma estratégia claramente socialista, que busque construir nas lutas as condições para a convergência de todos os lutadores da esquerda socialista brasileira. Todos esses graves equívocos nos afastam de uma estratégia, de uma prática e de uma política socialistas, na mesma medida em que nos inserem de forma subordinada no interior do regime, impedindo que o partido se torne algo mais do que uma federação de correntes artificialmente reunidas sob uma sigla eleitoral.

7. Com base nestas considerações, chamamos a todos e a todas que se identifiquem com as posições expressas nesse documento para construirmos juntos um pólo revolucionário no PSOL, buscando de forma radicalmente democrática elaborar as sínteses necessárias, construir uma direção coletiva e uma atuação comum e formar um campo político de convergência que possa abrigar todos os militantes e agrupamentos socialistas e revolucionários que militam no PSOL, nos permitindo disputar de forma conseqüente os rumos e a direção do partido.

2. Conjuntura Internacional

8. Estamos diante da ativação cada vez mais clara das contradições e limites estruturais absolutos do sistema do capital, num quadro em que os efeitos cumulativos da dinâmica predatória, insustentável e incontrolável da produção e do consumo capitalista de mercadorias em escala global nos colocam no limiar de uma crise ecológica sem precedentes, cujo agravamento tende a provocar o comprometimento das condições mais elementares da produção e da reprodução social da vida, impondo custos cada vez mais proibitivos à acumulação de capital, afetando as maiorias vulneráveis da população e desenhando um quadro em que já não há e não poderá mais haver lugar para todos na ordem essencialmente antagônica, desigual e excludente do capital. Chegamos a um estágio do desenvolvimento histórico do sistema do capital em que os limites físicos do planeta impedem que as condições do “capitalismo avançado”, seus padrões de produção, consumo e acumulação de capital e as promessas sempre renovadas do “desenvolvimento” e da “modernização” possam ser universalizadas mediante uma expansão indefinida do processo de reprodução ampliada do capital. Se o capitalismo foi capaz de desenvolver historicamente as forças produtivas do trabalho humano, a ativação de seus limites absolutos passa a nos ameaçar com o espectro da barbárie social e da destruição das bases naturais da vida, colocando para a humanidade o desafio da socialização necessária e do controle consciente, sustentável, planejado, auto-gestionário e radicalmente democrático da totalidade histórica da produção e da reprodução social da vida humana.

9. Tudo isso ocorre num quadro em que a substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto, dentro dos parâmetros estruturais da ordem do capital, dissemina o desemprego estrutural e a precarização das condições de vida e de trabalho da imensa maioria da população mundial, produzindo uma crescente superpopulação relativa que passa a existir como um imenso reservatório de mão de obra disponível para o processo de valorização do capital. À medida que o processo de valorização do capital exige e continuará a exigir o emprego maciço de força de trabalho, ele passa a retardar o desenvolvimento das forças produtivas e o processo de automação do trabalho, transferindo a produção para países com oferta abundante de força de trabalho barata, baixando os preços das mercadorias e impondo a redução dos custos da força de trabalho em todo o mundo. Neste processo, os ganhos da elevação da produtividade do trabalho são absorvidos pelo capital, num quadro em que o desenvolvimento das forças produtivas dentro dos parâmetros da ordem do capital apenas favorece as condições para a super-acumulação de capital às custas da intensificação cada vez mais violenta da super-exploração do trabalho e da exclusão social, econômica e cultural de contingentes cada vez maiores da população mundial. A história da luta de classes toma assim a forma de um conflito entre um excedente de capitais historicamente acumulados – que já não pode ser investido na produção e busca incessantemente novas formas destrutivas e fictícias de valorização – e uma oferta excedente de força de trabalho em relação às necessidades de valorização do capital. Seu resultado imediato é uma alteração objetiva na correlação de forças da luta de classes, reforçada pela contradição estrutural entre a mundialização dos processos produtivos e da dinâmica de acumulação capitalista e a atuação ainda nacionalizada das organizações sociais e políticas da classe trabalhadora. Na mesma direção, a mundialização do capital e dos processos de produção e circulação de mercadorias e o enorme poder concentrado pelas corporações transnacionais que controlam o mercado mundial limitam o poder de que ainda dispõem os Estados nacionais, criando condições para a mais completa subordinação do poder político localizado e nacionalizado ao poder econômico do capital globalizado.

10. É no contexto desta reestruturação histórica da ordem de dominação do capital que se situam as contra-reformas neoliberais exigidas pelo FMI e pelo Banco Mundial (reforma da Previdência, do Estado, da Educação, sindical e trabalhista, etc.), o desmonte do Estado Social, a privatização, precarização e terceirização dos serviços públicos e a substituição das políticas públicas universais por programas assistencialistas eleitoreiros e focalizados, a privatização e mercantilização da infra-estrutura da sociedade e de seus recursos naturais, a imposição de políticas econômicas baseadas na acumulação financeira pela via da especulação e do endividamento do Estado, a liberalização dos fluxos de capital, a transferência maciça de recursos públicos para a esfera privada, a desregulamentação e abertura indiscriminada das economias nacionais e a imposição de tratados de “livre comércio” que assegurem a subordinação imperialista de territórios e populações inteiras aos interesses das corporações. Essas políticas representam uma ofensiva do capital para reconstituir suas margens de lucro – afetadas pelo peso cada vez maior do trabalho morto (capital constante) sobre o trabalho vivo (capital variável) na composição orgânica do capital, que tende a diminuir a base de extração da mais-valia e a taxa de lucro. Elas veiculam o método fundamental do capitalismo para recompor suas taxas de lucro: o ataque à classe trabalhadora e ao meio-ambiente e a destruição do potencial produtivo historicamente criado pela sociedade, com auxílio da intervenção estatal. Neste quadro, estamos diante da mais violenta intervenção estatal na história do capitalismo: a despeito da retórica ilusória do livre-comércio, da economia de mercado e do Estado mínimo, na realidade temos o crescimento do protecionismo no quadro das guerras comerciais pelo controle do mercado mundial, intervenções imperialistas pelo controle de recursos naturais, intervenção dos Estados nos mercados monetário, cambial e financeiro, “flexibilizações” em série das legislações trabalhistas, previdenciárias, fiscais e ambientais, mega-subsídios às grandes corporações, guerras fiscais pela atração de investimentos e políticas de Estado que levam ao endividamento público e a remuneração do capital financeiro. Em meio a uma montanha de dívidas e créditos podres, a intervenção do Estado é fundamental para assegurar à reprodução financeira do capital e ampliar de todas as formas as condições de sua valorização. Tudo isso demonstra que a sobrevida do capitalismo em crise depende cada vez mais da intervenção do Estado, num quadro em que o fim de sua longa ascendência histórica tende a ser substituído pela preocupação do sistema com sua própria sobrevivência.

11. Neste contexto de crise completa, começamos a viver o começo de um novo ciclo na história da luta de classes, depois do período de refluxo que se seguiu às derrotas sofridas pela classe trabalhadora nas últimas décadas do século XX. Ele se manifesta no surgimento de processos revolucionários na América Latina e de movimentos de massa contra a guerra imperialista e a globalização capitalista na Europa e nos EUA; na intensificação da resistência antiimperialista no Iraque e no Oriente Médio e na rejeição às políticas neoliberais em todo o mundo; nas lutas dos imigrantes na Europa e nos EUA, na organização social e política dos povos originários e no surgimento de novas direções, referências e forças sociais e políticas que começam a se confrontar com os velhos aparatos e direções burocratizadas. Estamos apenas no início de um movimento extraordinariamente progressivo, em que, após um longo refluxo, as massas começam a se mover contra as políticas imperialistas e neoliberais do grande capital.

12. Neste quadro, os momentos de ascenso revolucionário do movimento de massas têm sido canalizados ainda para a via institucional, levando à grandes derrotas. Quando se põem em movimento, as massas ainda se deparam com os velhos aparatos e direções burocratizadas, que evitam levar as lutas a suas últimas conseqüências e buscam a todo custo canalizar o movimento para os limites restritos da institucionalidade burguesa. A recorrência destes processos coloca a necessidade de construir condições que favoreçam o desenvolvimento autônomo da subjetividade própria da classe trabalhadora, a direção conseqüente de suas lutas e a construção das bases do poder popular como pressupostos para o desenvolvimento histórico de processos revolucionários. A fim de poder começar a superar esse quadro, antes de tudo é preciso avançar de forma conseqüente na política de reagrupamento dos socialistas internacionalistas. A globalização da economia e da política capitalista exige na mesma medida a globalização das lutas, tornando necessário que a classe trabalhadora comece a se organizar em escala mundial a partir da adoção de uma plataforma global de ação.

13. A América Latina é hoje o pólo mais avançado do movimento de massas. A massiva rejeição às políticas neoliberais e imperialistas tem se materializado em processos insurrecionais, no fortalecimento do movimento de massas e na eleição de governos mais ou menos comprometidos com um discurso anti-neoliberal. Em que pese todas as contradições e limites desse processo, o fato é que hoje estamos diante de um quadro progressivo, em que as massas começam a se mover em buscar da construção de saídas próprias para mais de 500 anos de dominação. No entanto, a política correta não é a de adesão a esses governos, mas de apoio ao movimento de massas que em cada um destes países busca construir as condições para o aprofundamento conseqüente do processo revolucionário. Precisamos ter claro que o fenômeno político na América Latina não é Chávez, Morales ou seus governos – como reivindicam setores do PSOL e da esquerda que chegam a se auto-proclamar “chavistas” –, mas o ascenso histórico do movimento de massas, que não tendo conseguido ainda tomar o poder pela via direta, teve como resultado a eleição desses governos. Vale destacar que depois do fracasso do golpe contra Chávez na Venezuela em 2002, a burguesia e o imperialismo passaram a adotar uma tática de contenção do movimento de massas, que para evitar processos revolucionários diretos aposta em sua canalização institucional, aceitando a eleição de governos que por vezes até atritam-se com o imperialismo. Com isso, buscam contê-los nos limites da economia capitalista e da democracia burguesa, contando para tal com a importante ação moderadora que vem sendo exercida pelo Brasil e outros países importantes da região. Essa tática busca explorar a principal fragilidade do processo revolucionário na América Latina: o fato de que o movimento de massas tem se mostrado forte para derrubar e eleger governos, mas não tem sido capaz até aqui de construir revoluções sociais que levem à construção do poder popular e à ruptura socialista. Apostar em mediações institucionais para canalizar a insatisfação popular e conter o movimentode massas tem sido a política possível para o imperialismo – e até aqui ela tem dado resultado na maioria dos casos, num quadro em que vários governos eleitos com plataformas anti-neoliberais e anti-imperialistas e o apoio do movimento de massas acabaram por renunciar a seus compromissos históricos para governar com a burguesia e o imperialismo.

14. No quadro que se instala na América Latina, a política externa do Brasil, claramente determinada pelo peso cada vez maior de seus interesses sub-imperialistas na região, tem exercido um importante papel moderador, contribuindo para a estabilização política da ordem do capital no continente. Ao invés de continuar a praticar uma política externa de alinhamento incondicional com os EUA numa região que caminha para o conflito cada vez mais aberto com o imperialismo estadunidense, o governo brasileiro optou – pragmaticamente, de acordo com os interesses da burguesia nacional e internacional a que serve – por ocupar os espaços deixados pelos EUA e construir, com o apoio dos governos da região, toda uma série de convênios estatais, projetos de integração física e econômica e oportunidades de negócios rentáveis para suas empresas mistas, privadas ou estatais em praticamente todos os países da América Latina (principalmente na Venezuela, onde, entre outros negócios, as obras do governo boliviariano de Chávez são tocadas pelas grandes empreiteiras brasileiras). Ainda neste contexto deve ser entendida a orientação geral da política externa no governo Lula e, particularmente, a política de integração continental financiada pelo governo brasileiro e apoiada por praticamente todos os países da América Latina: o que com ela se busca é construir as condições físicas e estruturais para o desenvolvimento do processo de acumulação de capital, para a integração das economias regionais e para a posterior formação de algo assim como um Mercado Comum na América Latina, cujo eventual funcionamento, nos marcos da economia capitalista dependente e da democracia burguesa corrompida e dominada pelas oligarquias políticas e econômicas da região, constituiria um notável impedimento para o desenvolvimento de processos revolucionários na América Latina. Nos marcos dessa política externa, o que interessa é construir as condições de “estabilização” e de “desenvolvimento” da economia capitalista dependente e de defesa das instituições da democracia burguesa, criando laços de dependência econômica e política entre os países da região que possam permitir a afirmação progressiva do Brasil como grande potência regional e como liderança continental.

15. No quadro geral da América Latina essa posição é hoje bem vista pelo governo dos EUA – que agradece, entre outras iniciativas brasileiras para a estabilização da ordem do capital na região, o triste papel de sub-polícia do imperialismo que as forças armadas brasileiras vem exercendo na ocupação do Haiti. Compreendendo a natureza dessa política e seu papel benéfico para a estabilização da ordem do capital no continente os EUA têm buscado claramente se aproximar do Brasil, construir uma pauta comum e, no bojo de toda uma série de iniciativas nesta direção, patrocinar conjuntamente grandes programas de implantação da produção e da distribuição de bio-combustíveis na América Latina –evidentemente interessado, também, em se apropriar da avançada tecnologia brasileira, a melhor do mundo nessa matéria.

16. Em meio ao desenvolvimento das tendências potencialmente explosivas inerentes ao inevitável agravamento da crise estrutural do sistema do capital e à ativação cada vez mais clara de suas contradições e limites estruturais absolutos, não é difícil prever que o progressivo ascenso histórico do movimento de massas e das lutas de resistência anti-imperialista, anti-neoliberal e anti-capitalista tende a crescer nos próximos anos. Diante da intensificação das resistências à ordem de dominação global do capital e da falência completa do Estado em vários locais, países e regiões do globo, a impossibilidade concreta do sistema administrar a sua própria crise sem recorrer a guerras e intervenções imperialistas tende a se tornar uma realidade cada vez mais explosiva. Num quadro em que as condições para que o sistema do capital ofereça concessões significativas dentro de sua ordem já não se colocam mais no horizonte histórico nem mesmo nos países de “capitalismo avançado” e os ataques à classe trabalhadora apenas se intensificam em todo o mundo, a luta de classes tende a ganhar força no próximo período. Estamos assim no limiar de uma época em que o fim da longa ascendência histórica do sistema do capital tende cada vez mais claramente a dar lugar à absoluta preocupação do sistema com a sua própria sobrevivência a qualquer custo. Neste contexto, a imposição aberta do curso de ação mais destrutivo e repressivo tende a assumir o primeiro plano sempre que se revelar impossível fazer prevalecer a hegemonia da ordem do capital nos limites da institucionalidade burguesa. Diante disso, tende a se tornar cada vez mais evidente que não estamos diante de um quadro que possa ser considerado, como muitos ainda o fazem, como uma clara manifestação de força do sistema do capital; em que pese uma correlação de forças ainda desfavorável, as lutas e resistências continuam a crescer e tendem apenas a se aguçar no próximo período, num quadro em que as condições para a administração da crise global do sistema tendem a se tornar cada vez mais difíceis. Mais ainda do que no século XX, a consigna Socialismo ou Barbárie, cunhada por Rosa Luxemburgo, expressa com máxima clareza e concisão a conjuntura histórica que se abre no início do século XXI.

3. Conjuntura Nacional

17. A degeneração do PT, da CUT e do governo Lula foi uma conseqüência lógica de sua opção política, amadurecida ao longo dos anos 90, de abandonar o horizonte estratégico da construção de uma sociedade socialista a fim de viabilizar-se como alternativa de poder nos marcos do regime e da ordem do capital. À medida que ia conquistando espaços institucionais de poder, seu projeto original de transformação da sociedade foi progressivamente convertido num projeto de conquista do aparelho de Estado. A crítica e a intervenção ideológica e politizada foi progressivamente silenciada e substituída por um conjunto de práticas e discursos que, centrados na conciliação de classes e na pretensão de retomar o desenvolvimento e democratizar o capitalismo, serviram apenas para reorganizar o consenso hegemônico em torno da ordem dominante e reabilitar a agenda neoliberal no governo Lula. A integração subordinada do PT e de seu braço sindical, a CUT, à sociedade e ao Estado do Capital, transformou-o numa grande máquina eleitoral, dominada pela lógica corruptora da ocupação dos espaços institucionais de poder, financiada pelos grandes bancos e empresas e subordinada aos interesses do capital e do imperialismo. Como culminância de uma trajetória que se consolidou no governo Lula, o PT, a CUT e seus satélites representam hoje uma importante parcela dos poderes constituídos no Brasil: em torno de suas redes de poder, centradas no controle do aparelho de Estado e de inúmeras prefeituras, governos estaduais e mandatos parlamentares, gravitam fundos de pensão, poderosas máquinas sindicais, ONGs, entidades da sociedade civil organizada e empresas estatais e privadas, que controlam crescentes parcelas de capital, de verbas públicas e privadas e de espaços institucionais no aparelho de Estado. Definitivamente fagocitado e corrompido por sua integração subordinada à ordem do capital, o PT e seu braço sindical morreram como instrumentos de luta e de afirmação independente da classe trabalhadora e de seu projeto histórico de transformação da sociedade brasileira. Trilharam em poucos anos o caminho que levou décadas para ser trilhado pelos partidos e centrais sindicais da antiga social-democracia européia. Traíram as esperanças de milhões de brasileiros, fecharam um ciclo na história da luta de classes no Brasil e deixaram aberto um enorme espaço político, que precisa vir a ser ocupado pela esquerda socialista.

18. Em meio ao ascenso das massas na América Latina, o Brasil é a principal exceção, com a reeleição de Lula e de uma base conservadora no Congresso Nacional e nos governos dos Estados apontando para a perspectiva de que o país, com seu imenso peso econômico, siga exercendo um importante papel no processo de estabilização da ordem do capital na América Latina. Mais uma vez, não há motivos para ilusões em relação a uma “terceira via” universalmente benéfica: ancorado na confiança conquistada junto ao imperialismo e ao grande capital e sustentado por uma poderosa coalizão de forças conservadoras, que além de PT, PSB e PC do B, inclui PMDB, PDT, PP, PV, PTB, PR e PRB, várias oligarquias regionais, as centrais sindicais e setores importantes da intelectualidade e da burguesia, um segundo governo Lula trabalha para unificar a classe dominante e suas forças políticas e a base de apoio do governo em torno da agenda do capital e de uma nova rodada de contra-reformas neoliberais, em que se colocam na ordem do dia os inúmeros ataques contidos no PAC, o arrocho salarial, a reforma sindical e trabalhista, a continuidade da reforma da previdência e da reforma universitária, a reforma tributária, a reforma política e o aprofundamento das parcerias público-privadas e da política econômica centrada no corte de gastos públicos, no financiamento estatal do setor privado, na remuneração extorsiva do capital financeiro pelo endividamento público e na alienação sistemática dos recursos naturais e estratégicos do país. Nos segmentos vulneráveis da população, a sustentação do governo depende das políticas compensatórias elaboradas pelo Banco Mundial. No campo das forças sociais e políticas organizadas, a sustentação do governo pelo apoio do PT, do PC do B, da CUT, da UNE e do MST, de suas poderosas estruturas burocratizadas e da grande maioria dos movimentos ligados ao ciclo histórico de construção do PT é assegurada por sua participação no poder. Neste quadro, a manipulação do imaginário quanto aos riscos de um “retorno da direita” serviu a esses setores para vencer as eleições, realimentar as ilusões quanto ao caráter supostamente progressivo do governo e seguir lhe emprestando apoio no próximo mandato, buscando por todos os meios impedir a mobilização contra reformas e as políticas neoliberais do governo.

19. A reeleição de Lula, apesar dos escândalos a que esteve submetido seu governo, demonstrou que a população brasileira não deseja o retorno da direita tradicional ao poder. A verdade é que Lula e o PT conquistaram a confiança da burguesia brasileira e do imperialismo, formaram uma grande base de apoio ao governo, contam com o apoio dos setores populares (favorecidos pelos programas de transferência de renda e pelo controle da inflação e seduzidos pela imagem populista de Lula) e conseguiram manter em torno de si a parte majoritária do movimento de massas no Brasil. Todavia, Lula não poderá se candidatar novamente em 2010, abrindo desde já intensas articulações políticas visando à sucessão presidencial. Neste quadro, o núcleo duro da direita tradicional (PSDB e PFL), cada vez mais enfraquecido, será palco de uma grande disputa pela candidatura a ser apresentada. A ampla base governista, sob a tutela de Lula, tende a se dividir entre os setores da direita tradicional (PMDB à frente), que devem buscar viabilizar a todo custo seu próprio candidato, e os setores organizados no recém-formado Bloco de Esquerda (PSB, PC do B e PDT), que buscando posar como representantes da “ala esquerda” do governo devem também, ao que tudo indica, apresentar a sua própria candidatura. Permanece como incógnita nesse quadro a posição a ser assumida pelo PT: caso ele não consiga impor a Lula e à base governista um único candidato saído de suas próprias hostes, o que a rigor parece bastante improvável, lhe restará apenas alinhar-se com um dos dois setores da base governista, sem quaisquer garantias de que consiga impor-lhes a sua própria candidatura. Se prevalecer a hipótese de uma candidatura de fora do PT, sobretudo se tiver um perfil claramente conservador, abre-se assim espaço para que o PT busque encabeçar uma frente anti-neoliberal com seus aliados do Bloco de Esquerda. A posição que vier a ser assumida por Lula nesta disputa será decisiva para seu desfecho, não podendo ser descartada a hipótese de que seu governo tenha dois candidatos nas eleições presidenciais de 2010. Em todos os cenários possíveis, é bastante provável que se abra um espaço à esquerda do governo (mesmo que ocupado por parte das forças que hoje o compõem) para que se lance uma frente anti-neoliberal – quer ela seja liderada pelo próprio PT, quer ela seja liderada por partidos como PSB, PDT e PC do B. Também por essa razão a política do PSOL não pode ser buscar a construção de uma “frente anti-neoliberal” em torno da candidatura de HH, alicerçada em mais uma reedição histórica da estratégia derrotada da frente popular e na decisão absolutamente equivocada por uma política de alianças com partidos e setores burgueses: esse espaço será provavelmente ocupado por outros setores, de modo que, caso venhamos a insistir nessa política, tudo indica que ficaremos a reboque dos partidos burgueses ditos de “centro-esquerda”, mesmo que esses viessem a aceitar a candidatura de HH. Num quadro como esse, depois de sairmos fortalecidos das eleições presidenciais como o terceiro bloco político do país, nos cabe fortalecer organicamente o nosso próprio campo, a fim de estreitar as possibilidades de que se abra espaço para o surgimento de outras candidaturas para além do campo governista e da oposição de direita.

20. Com ou sem cláusula de barreira, deve poder estar claro para todos que não haverá espaço institucional para a apresentação das políticas do PSOL, que com sua pequena representação parlamentar certamente será marginalizado pela grande mídia no próximo período. Neste quadro, a única possibilidade concreta de mantermos e ampliarmos o importante espaço político que conquistamos nas eleições sem descaracterizarmos nosso projeto estratégico é investir todas as nossas energias na construção pela base, na luta pela direção do movimento de massas e na ampla mobilização popular contra os ataques do governo Lula. Daí a importância estratégica de que se reveste o Encontro Nacional contra as Reformas Neoliberais, ocorrido em 25 de março de 2007 em São Paulo, e dos desdobramentos que a partir dele se abrem. Realizado por iniciativa da CONLUTAS – o maior, o mais definido e o mais avançado de todos os pólos que até aqui se constituíram no processo histórico de reorganização da classe trabalhadora no Brasil – e com a participação ativa de praticamente todas as forças sociais e políticas significativas do país que hoje compõem a oposição de esquerda ao governo Lula, o Encontro reuniu o mais amplo leque de forças sociais e políticas que se dispõem a seguir na luta contra o neoliberalismo e enfrentar o governo que aplica os planos do neoliberalismo em nosso país. Dele nasceu o Fórum Nacional de Mobilização contra as Reformas Neoliberais (e a necessidade de construí-los nos estados e enraíza-los em cada local de trabalho, estudo ou moradia), uma plataforma comum que resgata as bandeiras históricas da esquerda brasileira e um calendário unificado de lutas para 2007. Do Encontro nasceu, portanto, a possibilidade de avançarmos significativamente na construção de espaços orgânicos de reaglutinação progressiva, em torno de uma agenda de lutas, de todas as organizações autônomas da classe trabalhadora e de todas as forças da esquerda socialista no Brasil. Consideramos a abertura desse processo de concreto de reaglutinação e o fortalecimento das lutas contra as políticas neoliberais do governo como uma condição estratégica para construirmos a luta contra o governo e o neoliberalismo, enraizarmos o PSOL nas lutas e nas organizações da classe trabalhadora, fortalecermos e ampliarmos organicamente a Frente de Esquerda, disputarmos contra os setores governistas a direção do movimento de massas e assim estabelecermos, progressivamente, as bases orgânicas necessárias para a construção de uma alternativa socialista de massas.

4. Programa, Estratégia e Plano de Ação.

21. Na presente conjuntura, o país sofre os seguintesconstrangimentos estruturais, cuja superação é fundamental para a construção de um novo projeto de país, socialista, soberano, ecologicamente sustentável, em que a utilização dos recursos naturais e o conjunto dos processos produtivos, reprodutivos e decisórios sejam progressivamente democratizados, socializados e colocados sob o controle e a serviço da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre:

a) o controle dos recursos naturais, da terra e do território, da infra-estrutura da sociedade, dos meios de comunicação, da produção agrícola, do parque industrial e do aparelho de Estado pelas grandes corporações internacionais em associação com a burguesia nacional e com as oligarquias políticas. Sem que esse controle seja progressivamente posto em xeque na perspectiva da mais ampla da socialização da riqueza e dos meios de produção, não será possível reordenar os eixos do desenvolvimento econômico;

b) a subordinação das contas do Estado e da economia brasileira ao capital financeiro mediante a política econômica praticada desde os anos 90, que levou o Brasil à condição de recordista mundial em taxas de juros, endividamento público e taxas de lucro dos bancos e do sistema financeiro. Essa política limita a capacidade de investimento, onera a produção e o consumo e encarece os produtos brasileiros no mercado mundial. Neste quadro, a ruptura com o FMI, a política econômica neoliberal e o domínio do capital financeiro e dos bancos sobre a economia nacional e o orçamento do Estado é uma condição elementar para que as bases de um projeto de desenvolvimento social possam começar a ser desobstruídas;

c) a subordinação patrimonialista do Estado pelas oligarquias permanece e se aprofunda no contexto da reestruturação neoliberal do Estado. Ela está na base da corrupção institucionalizada e da privatização dos recursos naturais e da infra-estrutura da sociedade, limitando a capacidade de investimento do Estado e subordinando o processo político à ditadura corruptora do poder econômico. Neste quadro, a ruptura democrática de massas com a institucionalidade corrompida da ordem do capital e o modo como ela subordina o Estado e o poder político a seus interesses é uma condição necessária para que o aparelho de Estado possa ser desprivatizado e colocado a serviço de um projeto de desenvolvimento que se dirija ao atendimento das necessidades concretas da população.

22. Para superar esses constrangimentos estruturais com um programa de rupturas progressivas apoiadas pela mobilização popular, reivindicamos o resgate do programa do partido e dos eixos programáticos de nossa intervenção política e de nosso programa de governo, aprovados na I Conferência Nacional do PSOL e que depois foram abandonados durante a campanha eleitoral. Em seu conjunto, eles recuperam e atualizam as bandeiras históricas da esquerda socialista brasileira, objetivando construir as bases de nossa intervenção na luta de classes e os eixos da estratégia e da alternativa socialista que pretendemos construir. A partir desses marcos programáticos, o PSOL tem a responsabilidade de trabalhar pela construção da unidade estratégica de todas as forças que protagonizam a luta contra o neoliberalismo e a ordem auto-destrutiva do capital. Por isso, reivindicamos a construção da Frente de Esquerda como um acerto político, que define nosso campo de alianças e exige que lutemos por seu fortalecimento orgânico e seu funcionamento concreto na construção e na luta pela direção do movimento de massas.

23. Seguindo a mesma estratégia, entendemos como fundamental que o PSOL decida por uma intervenção unitária na CONLUTAS, que se tornou o principal pólo de reaglutinação dos que romperam com o governo, o PT e a CUT e se dispõem a construir a luta contra as políticas neoliberais do governo. Seu fortalecimento estratégico, sua ampliação e sua consolidação são fundamentais para reconstruir a unidade da classe trabalhadora nas lutas contra o governo e suas políticas, organizar pela base e disputar a direção do movimento de massas. A necessidade de manter a concepção inicial, aberta, democrática, classista, autônoma e anti-burocrática da Coordenação se coloca em sintonia com o sentimento profundamente democrático da militância socialista e com os princípios da democracia proletária, prevenindo a formação de castas burocráticas, assegurando a autonomia política e material da Coordenação e tornando-a um pólo para o reagrupamento da esquerda socialista e dos movimentos sociais que concebem a sua autonomia em relação a governos e patrões como condição de sua existência. Ao permitir reunir numa única organização todos os segmentos da classe trabalhadora, sua concepção cria as condições para reconstruir a subjetividade própria da classe e superar as diversas formas de estratificação que lhe são impostas pela divisão social hierárquica inerente ao sistema do capital. Por tudo isso, a CONLUTAS deve ser fortalecida como pólo de convergência de todas as lutas, movimentos e organizações classistas e autônomas do país e como base a partir da qual pode se dar o fortalecimento orgânico do PSOL, da Frente de Esquerda e da política de reagrupamento dos socialistas, condições básicas para a construção de uma alternativa socialista de massas.

24. Nos marcos de nossos objetivos estratégicos, construir uma grande frente social e política, classista e anti-capitalista exige que o PSOL dialogue com todas as organizações políticas, movimentos sociais e sindicais, dirigentes, lideranças, quadros e militantes que se reivindicam co-responsáveis pela construção da luta contra o neoliberalismo e a ordem do capital e pela afirmação de um projeto socialista e soberano para o Brasil. A via para o socialismo não é um caminho já pavimentado e dado como receita a ser seguida por um punhado de iluminados que se auto-proclamem sectariamente a vanguarda e a direção da revolução. Ela exige capacidade de dialogar com amplos espectros da população, com suas necessidades e experiências concretas, com seus graus de consciência e politização. Neste sentido, nosso programa e nossa intervenção nas lutas, nos movimentos de massa e em suas direções, nas eleições e no parlamento não podem se limitar à denúncia politizada do caráter auto-destrutivo da ordem do capital, de sua política econômica e de sua institucionalidade corrompida; elas devem poder expressar, em linguagem simples e acessível, as necessidades e reivindicações concretas da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre, evitando formulações abstratas e demonstrando claramente a viabilidade das alternativas que propomos; elas devem poder demonstrar concretamente que, porque e como essas necessidades e reivindicações não podem ser atingidas nos marcos da ordem constituída, buscando formar na consciência social a necessidade de rupturas com a ordem vigente, que só podem ser construídas a partir da organização e da mobilização popular.

Neida Oliveira Secretária Geral PSOL/RS – Direção Nacional PSOL – Dirigente da Oposição do CPERS/Sindicato-Integrante do Conselho Geral do CPERS. Porto Alegre

Érico Corrêa Direção Executiva do PSOL/RS- Direção Nacional do PSOL – Presidente do SINDICAIXA. Porto Alegre

Rodrigo Dantas – Professor UNB

Jucele Comis Direção Nacional do PSOL. Diretora Geral da Regional CPERS/Estrela

Maria Aparecida Portela Direção Estadual PSOL Dirigente da Oposição do CPERS/Sindicato.

Maira Farias Ávila Direção Estadual PSOL/RS Dirigente da Oposição CPERS/Sindicato.

Adalmir Ferreira Porto Trabalhador em Educação Aposentado Passo Fundo

Ademir Supptitz Motorista Passo Fundo

Adriana Augusta Mah Diretoria Núcleo CPERS/Sindicato Carazinho

Airton Severo Silveira Funcionário Público Alegrete

Albina Trindade Trabalhadora em Educação Aposentada São Borja

Alexandre da Silva Autônomo Porto Alegre

Alexandre da Silva Pinto Vigilante Porto Alegre

Alveni T. Diehl Trabalhadora em Educação Carazinho

Alzira Elaine M. Soares Dirigente Ocupação Atílio Superti Porto Alegre

Amélia Joana de Césaro Trabalhadora em Educação Aposentada Passo Fundo

Ana Carla Wecker Estudante Três Passos

Ana Lucia S. Saldanha Comerciária Santa Maria

Ana Maria Allebrandt Assistente Núcleo CPERS Carazinho

Ana Mariu de Melo Dirigente Ocupação Atílio Superti Porto Alegre

Ana Paula B. da Costa Funcionária SINDICAIXA Porto Alegre

Anderson Cristiano dos Santos Padeiro Cachoeira do Sul

Andrei B. Vessozi Cozinheiro Porto Alegre

Andrei dos Santos Mestre de Obras Três Passos

Angela Maira Brandão Trabalhadora em Educação Taquarí

Angela Marcia Rodrigues Diretoria Núcleo CPERS/Sindicato Camaquã

Antonio Carlos Pedroso Filho Garçom Gravataí

Arthur Ervino Kotelinski Trabalhador em Educação Aposentado Passo Fundo

Astor Nagel Coordenador Geral PSOL Conselho CPERS Três Passos

Carla Simone Blaskowski Diretoria Núcleo CPERS/Sindicato Camaquã

Carlos Alberto da Silva Ótico-Movimento Popular São Leopoldo

Carlos Ismael Severo Moreira Estudante São Gabriel

Cassiane da Silva Rolim Estudante Gravataí

Catarina Balla Comerciaria Passo Fundo

Celestino Silva Vigilante Apos.- Sind. Dos Aposentados Cachoeirinha

Clarice M. Rohr Gonçalves Trabalhadora em Educação Aposentada Carazinho

Cláudia de Oliveira Estudante Passo Fundo

Cláudia Gradaschi Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Cláudia Simone Costa de Farias Trabalhadora em Educação Guaíba

Cláudio C. Freire Funcionário Público Alegrete

Cláudio Guterres Servidor Público Porto Alegre

Cláudio Humberto B. Berni Estudante UERGS São Luiz Gonzaga

Claureci Machado Bittencourt Autônomo-Movimento Popular Porto Alegre

Cléo da Silveira Vigilante Porto Alegre

Cleonice S. Boeira Baú Diretoria Núcleo CPERS/Sindicato Lagoa Vermelha

Conceição Ozório Sales Rep. Regional Aposentados CPERS Não-Me-Toque

Dalva Gomes Dirigente Ocupação Atílio Superti Porto Alegre

Daniel Fontoura Ribeiro Comerciante Gravataí

Delci Quevedo S. Filho Diretor Regional SINDICAIXA Alegrete

Delmar Soares Cardoso Trabalhador em Educação Carazinho

Diná Caetano da Silva Trabalhadora em Educação Carazinho

Diogo Romeu Moreno Rodoviário-Movimento Popular Porto Alegre

Diva Silva de Oliveira Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Donário Rosa Servidor Público Aposentado Alvorada

Dória Wallau Servidora Pública Três Passos

Edgar de Quadros Trabalhador em Educação- Mov. Popular Porto Alegre

Edi Ivone H. Ribeiro Artista Plástica Gravataí

Edson Adolar Pedroso Agricultor Carazinho

Edson G.Sotoski Soares Vice-Diretor Núcleo CPERS/Sindicato Carazinho

Edson Sperandio Trabalhador em Educação Três Passos

Eliane Lovatto Quoos Assistente Núcleo CPERS/Sindicato São Borja

Eliezer dos Santos Strasburges Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Elisa Odete do Amaral Colaço Profissional Liberal São Borja

Eloá Vieira do Amarante Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Elton da Silva Vigilante Bom Retiro do Sul

Eni Fernades da Luz Comerciante Torres

Ercy Natalino dos Santos Músico Aposentado Cachoeira do Sul

Fabrício Villas Boas Pedreiro Movimento Popular Guaíba

Fernando Batista Berni Coordenador Geral PSOL São Luiz Gonzaga

Fernando Kluwe Lemos Funcionário Público Santa Maria

Genes Henrique M. Garcia Funcionário Público Alegrete

Geni Neckel Anhaia Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Genilsa Coelho dos Santos Trabalhadora em Educação Torres

Gentil Lovatel Diretor Regional SINDICAIXA Caxias do Sul

Gilberto Beuter Trabalhador em Educação Dir. Escola Tapera

Gilson Muller da Silva Delegado Sindical SINDICAIXA Porto Alegre

Glodoaldo da Silva Aposentado SINDIAGUA Passo Fundo

Gloraci Passos de Carvalho Delegada Sindical SINDICAIXA Santa Maria

Helga Anita Krause Feliciano Diretora Núcleo CPERS/Sindicato São Borja

Heloísa Helena Silva Trabalhadora em Educação-Coord. Geral PSOL Cachoeira do Sul

Ianimar Pires Supptitz Diretora Núcleo CPERS/Sindicato Passo Fundo

Ieda Josiane Schimidt Assistente Núcleo CPERS/Sindicato Cruz Alta

Inez Goretti da Silveira Delegada Sindical SINDICAIXA Santa Maria

Iolanda Gabriela de Oliveira Direção Núcleo CPERS/Sindicato Lagoa Vermelha

Ismael Romero de Assunção Estudante Passo Fundo

Itajuba Alves Leão Conselho Fiscal SINDICAIXA Caçapava do Sul

Ivete Basso Trabalhadora em Educação Carazinho

Izaura Ozório Sales Diretora Núcleo CPERS/Sindicato Carazinho

Janaina de Fátima E. Pereira Diretoria Núcleo CPERS/Sindicato Camaquã

João Antonio Araújo Leal Diretoria SINDICAIXA Porto Alegre

João Diniz Gonçalves Trabalhador em Educação Dir. Esc. Técnica Carazinho

João Feliciano Godoy Diretor Regional SINDICAIXA Santa Maria

João José Furtado Diretor Regional SINDICAIXA Pelotas

Joaquina Gládis R. Freitas Vice-Diretora Núcleo CPERS São Gabriel

Joe Luiz Souza de Araújo Funcionário Público Alegrete

Jorge Adão Miranda Trabalhador em Educação São Luiz Gonzaga

Jorge Luis Soares Guimarães Trabalhador Desempregado Passo Fundo

Jorge Luiz Bersch Contador Arroio do Meio

Jorge Ubiratan da Silva Segurança Porto Alegre

José Carlos Magnus Monback Delegado Sindical SINDICAIXA Gravataí

José Paulo Arnhold Diretor Núcleo CPERS/Sindicato Passo Fundo Ronda Alta

Josiane Duarte de Oliveira Lima Estudante Guaíba

Jouber Bohn Médico Carazinho

Judite Dallanora Trabalhadora em Educação Aposentada Passo Fundo

Juliana dos Santos Noronha Trabalhadora em Educação Cachoeira do Sul

Jussara Bastos Trabalhadora em Educação Porto Alegre

Kelly C. da Cunha Matias Estudante Alvorada

Lari Costa de Farias Comerciante- Movimento Popular Guaíba

Laura Marques da Silveira Trabalhadora em Educação Santa Maria

Leandro Silva Autônomo Porto Alegre

Legi Vianini de Andrades Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Liane Werle Vogel Trabalhadora em Educação Lajeado

Ligia Ester da Costa Martins Estudante Alvorada

Loreni dos Santos Dias Vigilante Aposentado -Movimento Popular Porto Alegre

Lucas dos Santos Barbosa Office-Boy Passo Fundo

Lucas Loch Moreira Estudante São Gabriel

Luciana Melchior Estudante Carazinho

Luciano Pezzetta Estudante -Movimento Popular Porto Alegre

Luis Carlos da Silva Metalúrgico Aposentado Cachoeira do Sul

Luis Fernando I. Wastowski Estudante São Luiz Gonzaga

Luiz Guerino de Medeiros Motorista Passo Fundo

Luiza Maria Leal Delegada Sindical SINDICAIXA Alegrete

Luzia Pereira Herrmann Vice-Diretora Núcleo Cpers/Sindicato Taquarí

Magnon Severino Almeida Ajudante de Pedreiro Cachoeira do Sul

Manoel Daniel da Silva Estudante Torres

Márcia Alessandra Feliciano Trabalhadora em Educação São Borja

Márcia da Silva Souza Trabalhadora Desempregada Passo Fundo

Márcia de Medeiros Barilli Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Márcia Helena Sittoni Direção Núcleo CPERS/Sindicato Bagé

Márcia Jardim Silva Dirigente Ocupação Atílio Superti Porto Alegre

Márcio André Machado dos Santos Mecânico Cruz Alta

Marcos Hartstein Estudante- Movimento Popular Gravataí

Mari Andréia Oliveira Andrade Diretoria Núcleo CPERS/Sindicato Cruz Alta

Maria Amália D. Oliveira Conselho Geral CPERS/Sindicato Porto Alegre

Maria Catarina Brum Moreira Trabalhadora em Educação São Luiz Gonzaga

Maria Conceição P. da Silva Conselho Geral CPERS/Sindicato Carazinho

Maria de Fátima Vieira Contreira Conselho Geral CPERS/Sindicato São Borja

Maria Elizabete Silva da Rosa Trabalhadora em Educação Taquarí

MariaHelena B. Bittencourt Vice-Diretora Núcleo CPERS/Sindicato Camaquã

Maria Hilda Loss de Farias Trabalhadora em Educação Aposentada Passo Fundo

Maria Lúcia Paz Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Maria Norma Dummer Diretora Núcleo CPERS/Sindicato Camaquã

Maria Simone Teran Muhl Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Mariangela Alexandre Diretoria Núcleo CPERS/Sindicato Camaquã

Marilene de Oliveira Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Marivete Moraes de Melo Trabalhadora em Educação São Luiz Gonzaga

Marlene Jorge Mengue Trabalhadora em Educação Torres

Marli Aparecida de Souza Diretora Núcleo CPERS/Sindicato Osório

Marli Bender Trabalhadora em Educação Lajeado

Marli Kanphorst Trabalhadora em Educação Carazinho

Marta Cristina Pacheco Braga Trabalhadora em Educação São Borja

Melissa Schamatz Comerciária Estrela

Miraci Teran Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Nara Beatriz Oliveira Trabalhadora em Educação Novo Hamburgo

Natália Silva Trabalhadora em Educação Cachoeira do Sul

Neiva Moreno Representante CPERS Conselho Estadual de Educação Porto Alegre

Neusa Valquíria Ribeiro Comerciária Passo Fundo

Noemi Maria Seratti Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Norma dos Santos Machado Diretoria Núcleo CPERS/Sindicato Passo Fundo

Odete do Amaral Marcolan Coordenadora Núcleo Aposentados CPERS Passo Fundo

Paulo Cesar Machado dos Santos Diretor Núcleo CPERS/Sindicato Cruz Alta

Paulo de Freitas Leão Delegado Sindical SINDICAIXA - Assoc. Cegos Porto Alegre

Paulo Roberto Hilário Moraes Auxiliar de Produção Passo Fundo

Paulo Sérgio F. Rolim Movimento Popular Gravataí

Pedro Cesar de Araújo Suplente Conselho Geral CPERS/Sindicato Cruz Alta

Pedro Moacir A Moreira Diretor Núcleo CPERS/Sindicato São Gabriel

Pedro Valmir Portela Diretor SINDICAIXA Canoas

Rafaela Cristina Altenhofer Estudante Torres

Rafaela de Farias Ávila Técnica em Enfermagem Guaíba

Regina Fagundes Dias Movimento Popular Viamão

Rita de Cássia da Silva Rolim Movimento Popular Gravataí

Roberto Zanatta Trabalhador em Educação Encantado

Rodrigo dos Reis Santos Autônomo Porto Alegre

Rogério Araújo Jardim Servidor Público Porto Alegre

Rogério Guimarães Trabalhador em Educação -Mov. Popular Cachoeirinha

Rosana Grigoletto Conselho Geral CPERS/Sindicato Torres

Ruben Nolasco Romero Funcionário Público Alegrete

Salete Maria Possan Nunes Coord. PSOL-Conselho Geral CPERS Passo Fundo

Saul Ivan de Lima Fontoura Aposentado-Movimento Popular Viamão

Simone Nardi Polchowicz Funcionária SINDICAIXA Porto Alegre

Sônia Balest Trabalhadora em Educação Aposentada Três Passos

Sônia T. Pacheco Braga Trabalhadora em Educação Aposentada Porto Alegre

Sueli Weber Berté Trabalhadora em Educação Lajeado

Susiane Moreira Menezes Comerciária São Gabriel

Tatiane Barcelos Ribeiro Comerciária Porto Alegre

Tedi Michael Trindade (Mita) Desempregado/Movimento Popular Campina das Missões

Teresinha Bullé da Silva Diretora Núcleo CPERS/Sindicato Passo Fundo

Teresinha Soares Guimarães Aposentada Passo Fundo

Tereza Guimarães Trabalhadora em Educação Guaíba

Valdir Wecker Sapateiro Três Passos

Valéria Silva Leiria Comerciária Passo Fundo

Valmi Ana da Silva Trabalhadora em Educação Torres

Valpir Sebastião da Silva Representante aposentados SINDICAIXA Porto Alegre

Vera Lúcia Mattos dos Santos Trabalhadora em Educação São Luiz Gonzaga

Vera Maria Osório Trabalhadora em Educação Passo Fundo

Vilson S. Soares Técnico em Enfermagem Carazinho

Virginia C. da Silva Diretoria SINDICAIXA Porto Alegre

Vítor Silva Lucas Autônomo Porto Alegre

Zeli de Lourdes Beardes Diretora Núcleo CPERS/Sindicato Lagoa Vermelha

Zenita da Silva Trabalhadora em Educação Torres

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey