LUANDA, 7 de Março de 2007 - A violência contra mulheres e meninas é uma
das mais extremas formas de discriminação, afirmou Ann M. Veneman,
Directora Executiva do UNICEF por ocasião da 51ª sessão da comissão da
ONU sobre o Estatuto da Mulher, ocorrida na passada segunda-feira, dia
5.
Apesar dos progressos, continuamos a viver num mundo onde milhões de
meninas não frequentam a escola, engajadas no trabalho explorador, no
tráfico, são vulneráveis ao VIH/SIDA e são alvos da violência sexual,
disse Veneman alguns dias antes do Dia Internacional da Mulher que se
celebra dia 8 de Março.
Ao destacar a inegável relação que existe entre a discriminação contra
as meninas e as mulheres, por uma parte, e a violência, por outra,
Veneman chamou a atenção para a violência sexual que é frequente nos
conflitos armados, o tráfico de pessoas e certas práticas culturais,
como os crimes associados com a honra e o dote, o matrimónio precoce e a
mutilação genital da mulher.
"Em muitos países e regiões omite-se a grave situação das meninas ou
mesmo nega-se esta realidade", afirmou Veneman. "Isto faz com que as
meninas se resignem a sofrer em silencio e tem efeitos devastadores
sobre o bem-estar das famílias e comunidades".
Veneman afirmou que a educação não é só a chave para solucionar o
problema da discriminação e da violência contra as meninas, mas também é
a chave para se alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. As
meninas que se educam contam com mais meios para proteger-se contra
enfermidades que ameaçam a vida, como o VIH/SIDA; têm uma probabilidade
maior de dar a luz bebés saudáveis que sobrevivem e atingem a idade
adulta; e têm tendência para casar-se mais tarde e procriar menos
filhos.
"O desenvolvimento económico é maior nas sociedades onde tanto as
meninas como os rapazes recebem educação", disse Veneman. "Devemos
intensificar os nossos esforços para garantir que as meninas acedam ao
ensino e estudem em ambientes seguros".
Esses esforços devem incluir a abolição dos gastos de escolaridade, que
impedem que muitas famílias pobres enviem as suas filhas a estudar; a
construção de instalações de saneamento adequadas para as meninas nas
escolas; o apoio comunitário ao desenvolvimento dos rapazes e meninas na
primeira infância; e a protecção das meninas contra a violência tanto na
escola como no trajecto que conduz de casa até chegar à escola e
vice-versa.
Além disso, é fundamental que as meninas, incluindo as mais
desfavorecidas e marginalizadas socialmente, disponham de espaços
seguros para poder estudar e desfrutar de actividades recreativas sem
temor da violência ou do abuso. Os homens e os rapazes também devem
comprometer-se a combater a discriminação e a violência contra as
meninas.
" Os homens e os rapazes podem ser poderosos aliados na luta pela
igualdade das mulheres e meninas e contra a violência que as afecta",
concluiu Veneman. "alcançar a igualdade entre os géneros exige que toda
a sociedade rechace as normas e costumes que permitem que as mulheres e
as meninas sejam menosprezadas e consideradas cidadãos de segunda
classe".
"Faz já muito tempo que os países, as culturas e as comunidades de
praticamente todo o mundo reconheceram que tratar as meninas e as
mulheres como iguais redunda no seu próprio beneficio", disse Veneman.
"O sentido comum e as ciências económicas indicam que uma sociedade não
pode marginalizar metade da sua população e esperar obter resultados
positivos".
UNICEF Angola
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