No seu recente discurso na 39ª Sessão Plenária da Academia Portuguesa de Medicina, Presidente Aníbal Silva de Portugal sublinhou a necessidade para legislação e procedimentos administrativos claros, não só no que diz respeito ao fumo, mas também ao consumo excessivo de álcool, a obesidade e outros estilos de vida sedentários.
Nos primeiros dois pontos, tem razão. A falta de respeito pelos outros é doença crónica num determinado número de cidadãos em Portugal: entrar num táxi que fede a fumo, ter uma refeição estragada pelos nuvens de fumo que provêm da mesa ao lado, começar o dia com o cabelo e a roupa a tresandar com o cheiro do cigarro em segunda mão são experiências vividas por uma grande percentagem da população portuguesa.
A insistência de uma significativa porção de motoristas em conduzir depois de consumir álcool continua a ser um factor constante em Portugal, mal que cresce exponencialmente nas zonas rurais mas um fenómeno também frequente nas cidades. A leviandade com que certas pessoas encaram esta falta criminosa de responsabilidade (incluindo recentemente um futebolista internacional conhecido, que declarou após ter sido apanhado com uma quantidade quase industrial de álcool no sangue, que lhe aconteceu, conforme poderia ter acontecido a qualquer outro, como se fosse coisa que viesse com o vento, ausentando o próprio de qualquer responsabilidade, como se por exemplo lhe tivesse aparecido de repente um pénis no meio da testa). Admira-se que o futebolista não contou esse fenómeno falando do próprio na terceira pessoa
Aí o Presidente tem toda a razão.
Contudo, legislar sobre a obesidade e estilos de vida sedentários? Ou Aníbal Silva tem estado a conversar demais com seu homólogo norte-americano ou então levou menos tempo a fazer disparates do que seus antecessores na Presidência, que pelo menos esperaram até ao segundo turno antes de fazer algo, pensando que seria melhor disparatar do que fazer nada.
Se bem que o Presidente Silva nem fuma, nem bebe, nem nada, como é que ele espera legislar sobre a obesidade e estilos de vida sedentários? Colocar policiais na rua a prenderem os gordos? Lançar mais uma manada de pseudo-policiais-falhados, como aquelas pessoas em uniformes verdes a patrulharem os parquímetros, mas desta vez munidos com paus, a picarem todos que se encontram sentados em bancos públicos?
Ou será algo mais sinistro, como vedar o tratamento de saúde para aqueles que fumam, bebem, têm excesso de peso e um estilo de vida menos atlética do que o Presidente?
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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