Portugal foi nomeada no relatório da Comissão da UE a investigar a cooperação dos governos europeus com CIA em organizar os voos secretos . O deputado europeu Cláudio Fava, relator da comissão declarou ontem à imprensa que "numerosos governos europeus cooperaram" com a CIA e sabiam dos voos secretos, entre os quais o governo português. Fava identificou 1245 escalas europeias, 91 das quais abrangendo território português. Três voos que passaram por Portugal tiveram como origem ou destino Guantanamo.
O projecto de relatório calcula que 12 Estados da União Europeia - Itália, Grã-Bretanha, Alemanha, Suécia, Áustria, Espanha, Portugal, Irlanda, Grécia, Chipre, Dinamarca e Polónia - e ainda Roménia, Turquia, Macedónia e Bósnia tinham conhecimento da utilização do seu território pelos voos da CIA, para transporte e detenção ilegal de prisioneiros.
O documento elaborado pelo eurodeputado socialista italiano Cláudio Fava identifica um total de 1245 escalas de aviões da CIA na Europa e dá como provados dez casos de sequestros. O eurodeputado garante ter "provas circunstanciais" de que a Polónia teve um centro de detenção ilegal da CIA, durante alguns meses.
Fava sublinha ainda que "os americanos falaram de forma explícita do sistema de transferência [de detidos] como sendo um dos métodos da luta anti-terrorista" em pelo menos três reuniões. Condoleeza Rice prestou informações nesse sentido em Fevereiro de 2005, numa reunião da NATO, e posteriormente em 8 de Fevereiro e 3 de Maio de 2006, em reuniões de alto nível em Bruxelas.
Nos dois pontos que dedica a Portugal, o projecto de relatório que será hoje tornado público, assinala que aviões operados pela CIA realizaram 91 escalas em Portugal e dá conta de uma particular preocupação relativamente a três voos que passaram por território português e tiveram como origem ou destino a base de Guantanamo. Assinala ainda que o governo português criou um grupo de trabalho interministerial.
Cláudio Fava, relator da comissão do Parlamento Europeu que é presidida pelo eurodeputado Carlos Coelho, denunciou a relutância em colaborar com a comissão por parte dos governos europeus envolvidos, à excepção da Espanha e da Holanda, e mesmo por parte do Conselho Europeu. Acusou ainda o Alto representante para a política externa, Javier Solana, de "omissões" à comissão, durante a sua audição em Maio passado. Exortou também os parlamentos nacionais a prosseguirem ou lançarem investigações aprofundadas.
A Comissão visitará Lisboa no próximo dia 6 de Dezembro.
Portugal Diário
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