Segundo a Aeronáutica brasileira não há dúvidas de que o jato Legacy enganou os controladores de vôo do Cindacta 1, em Brasília, e provocou a maior tragédia da aviação civil do país: a queda de um Boeing da Gol, na sexta-feira (29), que matou 155 pessoas.
Todas as informações da Aeronáutica mostram que os pilotos americanos do Legacy voaram com o transponder desligado (aparelho que identifica o avião no radar e integra o sistema de alerta anticolisão), impedindo que os controladores de vôo vissem os dois aviões na mesma rota e evitassem a colisão.
Mais grave e misterioso: a Aeronáutica quer saber por que o piloto do jato não atendeu aos inúmeros chamados que a torre do Cindacta 1 fez até o momento do choque. Quer saber também como, após a colisão, não só o transponder voltou a funcionar como o piloto passou a chamar a torre, narrando o choque com um objeto não identificado pelo mesmo rádio que não havia atendido até então.
Muito provavelmente, ele havia diminuído o volume do rádio. Ele (o avião) começou a ser chamado pela torre de Brasília e não respondia. A resposta veio, como por milagre, após o impacto, disse um oficial.
A Aeronáutica fez uma reconstituição dos vôos das duas aeronaves envolvidas na colisão para verificar possíveis falhas de cobertura dos radares ou na comunicação das torres de controle. Não detectou nada de errado.
Depoimentos colhidos revelam ainda que o transponder do Legacy estava ligado quando o jato levantou vôo em São José dos Campos (SP) rumo a Manaus. Assim, as investigações encaminham para o enquadramento do piloto do Legacy, Joe Lepore, e do co-piloto, Jan Paladino, por homicídio culposo, caso fique provado que agiram com imprudência.
Surge a questão a responder o que ou quem desligou o transponder. Pode ter sido decisão do piloto ou pane, o que é pouco provável. O equipamento tem cinco posições: desligado, stand by e os módulos A,B e C. Só neste último o transponder envia ao controle de vôo os dados de altimetria. Suspeita-se que o piloto o desligou para fazer manobras não-autorizadas com o jato recém-adquirido pela empresa de táxi aéreo ExcelAire ou ganhar altitude e velocidade a fim de economizar combustível.
COMUNICAÇÃO - Outro fator que pode ter contribuído para o acidente é uma improvável falha de comunicação. A regra é cumprir o plano de vôo. Para alterá-lo, é preciso pedir autorização. Assim, a torre entendia que o Legacy não ia descumpri-lo. Ele estaria em sua aerovia e não havia por que avisar ao Boeing sobre a existência de alguém em sua rota.
Só depois que percebeu o transponder do Legacy desligado é que o controle tentou contato com o jato, para pedir que ele religasse o aparelho. Ao depor, Lepore teria dito que estava fora da cabine do avião.
Técnicos da Aeronáutica rejeitaram suposições de haver um ponto cego no monitoramento de tráfego. Na fita do controle do tráfego aéreo pode ser visto outro avião, da TAM, na mesma rota. Há anomalias na comunicação por rádio na área do acidente, mas insuficientes para impedir o contato do Cindacta com as aeronaves.
Fonte :Globo
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