O Conselho de Segurança da ONU reúne-se esta terça-feira para discutir a situação em Timor-Leste mas não deverá aprovar qualquer resolução, acrescentou o embaixador timorense.
O encontro destina-se apenas a ouvir um relatório do enviado especial de Annan a Timor-Leste, Ian Martin, e também a opinião dos países membros e interessados sobre a situação no país, acrescentou a mesma fonte. Ian Martin foi enviado a Timor-Leste para avaliar a situação no país e afirmou à sua saída de Díli que a ONU terá que aumentar a sua presença no território.
O embaixador José Luís Guterres disse ainda não se saber qual a força que a ONU vai enviar para Timor-Leste. «Vai-se primeiro fazer um apelo para ver quais os países que querem contribuir e quais as suas capacidades», disse o embaixador timorense, que regressou recentemente a Nova Iorque depois de participar em Díli no Congresso da Fretilin.
Guterres disse no entanto estar convencido que Portugal vai contribuir com uma força da GNR que considerou de «uma força efectiva que a população respeita».
A verba de 15 milhões de euros pedida pela ONU aos países doadores destina-se a financiar três meses de operações humanitárias em Timor-Leste.
Segundo cálculos do Governo de Díli e da ONU, pelo menos 130 mil timorenses abandonaram as suas casas por receio de ataques, encontrando-se em dezenas de centros de acolhimento na capital e em diversos distritos.
Na passada quarta-feira, o ministro da Saúde timorense, Rui Araújo, alertou que as más condições nos centros de acolhimento, muitos dos quais a funcionar em instituições da Igreja Católica, poderão originar surtos de diarreia e cólera.
Entretanto, um porta-voz em Jacarta anunciou que o Presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, deverá encontrar-se sábado, em Bali, com o seu homólogo timorense, Xanana Gusmão. Segundo o porta-voz Dino Patti Djalal, Yudhoyono "quer ouvir directamente do Presidente Xanana Gusmão" informações sobre a situação em Timor-Leste.
A actual crise em Timor-Leste começou com o despedimento de cerca de 600 militares que se queixaram de alegada discriminação étnica por parte da hierarquia das forças armadas e cujo protesto, em finais de Abril, em Díli, terminou com uma intervenção do exército.
Na repressão da manifestação foram mortas cinco pessoas, segundo o Governo, mas os ex-militares e outros elementos das forças armadas que entretanto abandonaram a instituição afirmam que morreram cerca de 60 timorenses.
Desde então, mais de duas dezenas de pessoas foram mortas em confrontos entre grupos rivais, incluindo dez polícias timorenses abatidos por soldados, a 25 de Maio, durante um ataque ao seu quartel, em Díli.
Para restabelecer a segurança no país, as autoridades timorenses pediram a intervenção de uma força militar e policial a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia.
Trata-se da crise mais grave ocorrida em Timor-Leste desde que o país se tornou independente, a 20 de Maio de 2002, após um breve período sob administração da ONU, que se seguiu ao fim da ocupação indonésia, em 1999.
A Indonésia invadiu Timor-Leste em Dezembro de 1975 e anexou a antiga colónia portuguesa no ano seguinte, como a 27ª província do país, decisão que nunca foi reconhecida por Portugal, pela ONU e pela generalidade da comunidade internacional.
Após um referendo organizado pela ONU em 30 de Agosto de 1999, em que a maioria dos timorenses optou pela independência, milícias timorenses apoiadas por militares indonésios mataram cerca de 1500 pessoas e destruíram grande parte das infra-estruturas de Timor-Leste.
A onda de violência em 1999 só terminou com a intervenção de uma força internacional liderada pela Austrália, sob mandato da ONU.
Segundo um relatório recente, pelo menos 183 mil timorenses morreram durante os 24 anos de ocupação indonésia, devido à acção das forças
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