No último ano de Governo, assistimos ao aumento do desemprego em Portugal. Neste momento ombreamos com a taxa de desemprego de Espanha e vamos ultrapassar a média europeia.
Nesta Assembleia, quando na oposição, o Partido Socialista através do seu Secretário Geral hoje Primeiro Ministro Eng. José Sócrates, afirmava não se conformar com o aumento constante do numero de desempregados e exigia tal como toda a oposição, a tomada de medidas energicas contra este flagelo.
No entanto, com o actual Governo do PS aquilo a que assistimos é em média, a inscrição de 159 trabalhadores por dia no Desemprego ou seja, mais 58 000 desempregados em 365 dias de Governo. Eu repito, mais 58 000 desempregados em 365 dias de Governo.
Já estão gastas as promessas eleitorais, sobretudo aquelas que estavam nos cartazes. Mas é extraordinário que o 1º. Ministro que não se resignava com o desemprego, não explique ao País porque é que se resigna agora?
E a saga continua:
Na Lear de Valongo, é profunda a preocupação que os trabalhadores e os seus representantes manifestam pelo seu futuro e dos seus postos de trabalho. Preocupação que ficou reforçada com o anúncio por parte da empresa em despedir 285 trabalhadores, prenúncio que o encerramento total está há vista, pois o único projecto novo em carteira, que tinha sido atribuído, foi deslocalizado para a Polónia em 2005.
Na Visteon, em Palmela, vários técnicos da principal concorrente internacional da fábrica portuguesa da VISTEON, a Jabil, estiveram nas instalações fabris a fotografar detalhadamente os pormenores do processo produtivo simultaneamente, ocorre um despedimento colectivo de 33 trabalhadores, sem qualquer justificação que não sejam as doenças profissionais contraídas pela maioria destes trabalhadores, depois de já ter rescindido com outros 60, quase todos na mesma situação.
Na Alcoa, fábrica de cablagens situada no Seixal no final do ano passado centenas de trabalhadores foram despedidos através de mútuos acordo e continua esta multinacional sem solução à vista pois trabalha apenas para a Autoeuropa e para o modelo que esta tem já em fim de vida, adivinhando-se por isso o encerramento da mesma até 2008 e a deslocalização para a Hungria.
Muitas outras multinacionais de Norte a Sul do Pais, poderia ficar aqui a enumerar pelos processos de deslocalização que tem em curso.
É um escândalo que os Governos da U. E em geral e o de Portugal em particular, encham os bolsos das multinacionais através do desagravamento de impostos e de subsídios directos e indirectos, enquanto elas pulam de País em País.
O Governo tem que falar grosso e exigir fortes indemnizações a quem, depois de auferir de milhões em subsídios, não mostra nenhuma preocupação social e deixa atrás de si apenas terra queimada.
Até quando vai este Governo, tal como os anteriores esconder-se atrás das chamadas imposições da globalização e permitir este desmantelamento de emprego sem limites, que leva à ruína o sistema de segurança social, destrói as perspectivas de futuro de distritos inteiros e enche os bolsos das multinacionais?
10/05/2006
António Chora
Deputado do Bloco de Esquerda
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