Seria melhor não ter achado Saddam

O Saddam mito era muito mais interessante e importante. O Saddam realidade ruiu sem representar qualquer ameaça, qualquer perigo. Ao contrário, ele precisa comiseração do mundo. Se Saddam não comanda, quem está organizando a reação no Iraque? Bin Laden? Grupos ligados a Saddam? Terroristas internacionais?

É muito difícil imaginar uma orquestração internacional. A maior parte das entradas estão controladas, a não ser que as pessoas entrem pelo deserto da Arábia. Mesmo assim, não contariam com qualquer suporte logístico.

Tudo leva a crer que se trata de uma organização do que sobrou do governo Saddam, totalmente independente, conhecedora da estratégia de guerrilha.

Enquanto Saddam era o inimigo virtual, as tropas tinham um objetivo claro e definido. Hoje sabem que a resistência iraquiana age e transita com muito mais poder. Cada soldado teme a própria sombra, à espera da morte inesperada. Cada soldado desconfia de tudo e todos.

Os próprios iraquianos que se organizam sob a proteção aparente das forças invasoras, correm riscos maiores. Enfrentam amigos inimigos.

A traição aos princípios e valores culturais é imperdoável. Os seres humanos não podem ser reprogramados por um novo software inventado pelo governo Bush. A liberdade sempre foi o principal valor de luta da humanidade. E a coalizão está exatamente sufocando a liberdade do povo iraquiano através de um processo gravíssimo de humilhação.

Isto só faz crescer o sentimento antiamericano. O objetivo emocional é conquistar novamente a liberdade, o respeito, a dignidade do povo iraquiano.

A humanidade desumana precisa reeducar-se. O principal inimigo de todos é a exclusão, a fome, o sentimento de pobreza tal e como Saddam foi encontrado.

O Saddam animal, chamado pelos norte-americanos de rato, lutava por um ideal.

Segundo a mídia, foi entregue por um curdo que se tornou milionário. Existem semelhanças entre as 33 moedas recebidas por Judas e estes 25 milhões de dólares. De um lado um Cristo coroado por uma coroa de espinhos, obrigado a carregar a própria cruz. De outro lado, um Saddam com a dignidade esfarrapada de seus princípios.

Estes ingredientes constroem o aprendizado emocional.

Saddam vai ser julgado e condenado. Ou melhor, vai ser condenado através de uma encenação. Tudo que é necessário para ele se consagrar, é simplesmente receber a pena de morte.

O que marca é o contraste entre o luxo real e a pobreza do buraco onde foi encontrado. O que marca é a imagem de abatimento sem abaixar a cabeça para seus opositores. O que marca é a não resistência.

O que amedronta é o poder da crença em um princípio, quando poderia ter fugido para usufruir as riquezas oferecidas pelo mundo.

Orquiza, José Roberto

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