NÃO HÁ MEDO

Talvez não seja, afinal, são todos políticos. A invasão anglo-americana do Iraque causou uma grande apreensão nas lideranças dos países que poderiam ser alvos futuros como Síria, Irã e Coréia do Norte. Mas não havia medo, pois os líderes destes países sabiam que o presidente norte-americano George W. Bush, que encabeçava a aliança, não daria um novo passo a menos que a conquista do Iraque estivesse consolidada.

Contudo, após a captura de Saddam Hussein pelas tropas americanas em novembro de 2003, estranhamente alguns líderes começaram a demonstrar um certo grau de sensatez e começaram a cooperar, permitindo, inclusive, inspeções da Agencia Internacional de Energia Atômica em seus países, como foi o caso da Coréia do Norte, de King Jong il e da Líbia, de Muamar |Khadaffi. Eles queriam mostrar a Bush que não havia razão para os considerar uma ameaça e invadir seus países, buscando armas de destruição em massa que, supostamente, era a razão da invasão do Iraque. Tal atitude por parte dessas lideranças logo após a captura de Saddam Hussein e a humilhação pública a que foi submetido diante das televisões do mundo inteiro, pode ser interpretada como medo de King Jong il e Khadaffi de passarem pela mesma situação.

Khadaffi, que costumava ser um ferrenho opositor do regime norte-americano, tornou-se um aliado prometendo desmantelar as células terroristas em território líbio como um favor a seus novos amigos. Num novo gesto de boa vontade, quando da visita do primeiro-ministro britânico Tony Blair a seu país, assumiu a culpa pela organização do ataque terrorista em Lockerby, prometendo inclusive, indenizar as vítimas, mas essa assunção de culpa não implica obviamente, em enfrentar um julgamento. Tais atitudes por parte de Khadaffi, não significaram qualquer arrependimento em relação a seu comportamento anterior, mas apenas medo.

Nos dias atuais, contudo, considerando o caos em que se transformou o Iraque do pós-guerra, considerando o fato de que Bush está cada vez mais sozinho, pois mesmo seu principal aliado, Tony Blair, que talvez, esteja arrependido do envolvimento britânico no Iraque, já declarou, através de seus auxiliares, que não acompanhará Bush em uma provável campanha contra o Irã. Blair está até mesmo, tentando melhorar sua imagem diante do mundo, pois na última reunião do G7, apoiou a proposta do presidente brasileiro Lula para a adoção de um novo plano Marshall, para a África, o que foi prontamente rejeitado por Bush. Considerando também, o fato de que o único e real objetivo de Bush é o Irá, há um renovado sentimento de coragem em alguns líderes, especialmente King Jong il. Quanto a Khadaffi, talvez esteja arrependido de ter sido tão amável com Blair.

O recente pronunciamento norte-coreano a respeito da posse de armas nucleares com propósito de defesa e sua intenção de não os desmantelar a menos que haja conversações bilaterais com os E.U.A., comprovou este novo sentimento. King Jong il está mostrando a Bush que a Coréia do Norte nunca se submeterá. Isto é óbvio, tornou-se mais fácil agora que todos sabem as reais intenções de Bush.

King Jong il é uma relíquia da guerra fria. Ele provavelmente, gostaria de estar ainda vivendo naqueles gloriosos dias, quando podia fazer o que bem entendesse, sem perigo de uma reação internacional, a não ser é claro que tentasse invadir a Coréia do Sul. Ele ainda sonha com o dia em que haverá uma única Coréia, sob seu comando, evidentemente. Graças a ele famílias estão sofrendo com a separação causada pelo fechamento das fronteiras com sua vizinha do sul e a proibição local sofre com as armadilhas de um regime autoritário, além de ser administrativamente incompetente. Esta situação perdurará a menos que ele morra ou seja removido do cargo. Mas uma vez que ele se recusa a morrer e não será removido do cargo, pois esta não é a pretensão de Bush, o mundo espera que Deus o leve. Felizmente ditadores também morrem. Stalin, Mão Tse Tung e Pol Por, também morreram. N caso de King Jong il, esperemos que não leve muito tempo.

Jose Schettini Petrópolis RJ BRASIL

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X