VETO INDECENTE

O direito de veto dos herdeiros da segunda guerra mundial ou a concessão de privilégios vitalícios impostos pelos Estados Unidos da América, França, Inglaterra, Rússia e China expressa um exercício de poder inadequado perante os modernos desafios da humanidade.

Se esses países fossem guardiões da paz, se esses países não fossem os maiores fabricantes de armas de destruição em massa do planeta, se esses países provassem equilíbrio, sensatez, capacidade de compreensão, se esses países se dedicassem efetivamente para reduzir as desigualdades sociais, preservando o meio humano e o meio ambiente, até que as vantagens premium poderiam ser justificadas.

A realidade é bem distinta de todos os compromissos assumidos perante a humanidade no pós guerra mundial.

Com a invasão ilegal ao Iraque, os Estados Unidos e Inglaterra, líderes da coalizão, não procuraram preservar o equilíbrio estabelecido na Cartas das Nações. Decidiram, de forma unilateral, despejar toneladas e toneladas de bomas de destruição em massa sobre um pobre país, submetido a um rigoroso controle militar e boicote econômico, operacionalizado por ambos. O Iraque não significava perigo para a estabilidade mundial. Estava totalmente subjugado, limitado, controlado, supervisionado.

Reagiram emocionalmente. Inventaram fatos e boatos. Fizeram um belo teatro para a platéia mundial aplaudir. No final, enganaram ao mundo inteiro. Tudo para vingar um ato terrorista localizado. Na verdade, o terrorismo é conveniente aos senhores do poder.

Que moral, que ética, que princípios possuem tais protagonistas?

Do outro lado, houve uma omissão forçada. Ninguém agiu ou reagiu.

A pretensa paz mudial depende dos humores e desequilíbrios dos que possuem direito a veto.

Se a Espanha fosse destemperada, após 11 de março deste ano deveria escolher um país do mundo para descarregar sua raiva a exemplo dos norte-americanos. Se o grupo do Aznar ainda estivesse no mando, o desastre seria inevitável.

Em nome do terrorismo, os Estados ampliaram seus controles sobre os indivíduos. A priori, todos são suspeitos. A grande teoria orienta-se para a fiscalização integral de todo e qualquer cidadão. Os direitos individuais se sucumbiram perante o combate à indústria do terror.

Após a destruição exemplar de Fallujah, uma cidade que abrigava 300 mil pessoas, o direito de retorno depende de um processo de averiguação complexa e ditatorial, sem qualquer distinção em relação aos regimes anti-democráticos, tão combatidos pelos próprios senhores do poder. Com toda certeza, o povo iraquiano adora seus invasores. Está feliz pelo jugo imposto.

O mundo vai muito bem. Os pobres são maioria, aproximadamente 4,3 bilhões de pessoas. Estão desorganizados e sem líderes. Não há diferença entre viver e morrer.

Neste instante milhões de crianças estão jogadas no lixo da humanidade, despedaçadas, esfomeadas, sem qualquer expectativa de futuro. De tão comuns, estes fatos não causam mais nenhuma surpresa.

A humanidade aprendeu, com os senhores do poder, novos valores e princípios. O que vale é o individualismo, o egoísmo, o cuidar-se de si próprio. A solidariedade é uma bandeira bonita, de faz de conta, grande utopia. Comove as massas.

O direito de veto é um jogo tácito de ameaças. Revela claramente a superioridade norte-americana, como a força mais poderosa e destruidora do planeta.

Sem dúvida é a força mais perigosa do mundo. Questão de privilégio.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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