A política externa sinistra e maldosa de Washington

Uma coisa é certa com os Estados Unidos de George Bush – já não consegue surpreender ninguém, pela negativa, claro. No momento em que o mundo se junta e chega a um consenso sobre a reforma da ONU, moldando-a a reflectir a realidade na comunidade internacional de hoje e não como era há seis décadas atrás, Washington apresenta nada menos do que 700 propostas de emenda do documento regulando a reforma, efectivamente fazendo parar o processo e mostrando um sinal feio aos países em vias de desenvolvimento.

Quando o continente africano estava preparando para escolher duas nações para entrarem como membros permanentes do Conselho de Segurança para se sentarem ao lado da China, EUA, França, Reino Unido e Rússua, quando o Brasil e a Índia sentiam as suas esperanças a subirem, quando a comunidade internacional estava cuidadosamente a trabalhar o processo de reforma para apresentar na Assembleia Geral no dia 14 de Setembro, quando o momento estava a levar o processo para a frente e progresso estava a ser feito, Washington atira para a mesa as setecentos propostas diferentes de emenda do documento para serem discutidas.

Esse desrespeito sinistro e puro para o resto da comunidade internacional não é nada de novo e de qualquer modo a política externa de Washington tem sido há muito tempo intrusiva, criminoso às vezes, assassina e egoísta, mesmo ao ponto de cometer actos de assassínio maciço.

O que choca tanto é a arrogância em sangue frio que mais uma vez demonstra que os Estados Unidos da América de George Bush tem um desrespeito total pelos processos em vias de desenvolvimento na comunidade internacional e que não está empenhado com seriedade a qualquer reforma da ONU.

É uma posição neo-colonialista e neo-imperialista que vai de mãos dadas com o desejo de controlar os recursos do mundo, que não pertencem aos EUA mas sim aos cidadãos dos países onde estão localizados.

Longe vão os dias em que se desbrava a selva com a bala e a Bíblia, civilizando os “selvagens” e ensinando-os a respeitarem a cruz através de actos de tortura, estupro e assassínio. Numa comunidade internacional civilizada, tem de haver um maior grau de equilíbrio nos processos da tomada de decisões. Excluir a América Latina e África deste processo é dizer aos países desses continentes que não têm os mesmos direitos como aquelas potências que tiveram o poder de impor sua vontade por força há seis décadas atrás.

Não é justo e por isso é errado atrasar um processo desta natureza e é mais chocante ainda utilizar a ferramenta de artificialmente prolongar o período de tempo das discussões para impedir que o processo comece a tempo. Nota zero mais uma vez pela política externa de Washington, por não ter sentido a corrente nos corações e mentes da comunidade internacional e por recusar a aceitar processos mais democráticos na tomada de decisões.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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