Opinião: Deboche e avacalhação

Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras

Só pode ser deboche ou o supra-sumo da avacalhação a idéia lançada pelos Ministérios da Saúde e Educação de colocar nas escolas de ensino médio, missão da qual estariam encarregados os Cefets , máquinas de preservativos a serem usados por alunos matriculados nas escolas do país.

Enquanto esta baboseira segue adiante sob a aparência de coisa séria e ainda sob os cuidados dos referidos órgãos ministeriais, vejam a situação dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos que abandonaram os estudos por falta de vontade de estudar, segundo dados de análise do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais ( Inep ). Este desinteresse tem causas diversas, mas desponta uma que é a sensação de inutilidade dos cursos que nada ensinam e que, de resto, nada fazem pelo aprendizado do aluno.

Havendo outros sinais da desagregação do país no campo moral e educacional, nada disto é levado em conta pelo governo que, amalucadamente, pretende colocar nas casas de ensino médio máquinas de distribuição de camisinhas para prevenir doenças sexualmente transmissíveis. Os leitores poderão avaliar o que vai resultar desta inversão dos valores educacionais, éticos e religiosos das escolas, certamente a serem transformadas em locais para a prática da mais deslavada esbórnia .

Não haverá trancas nas portas capazes de mantê-las fechadas às seduções que surgirão naturalmente de as casas de ensino e salas de aulas serem transformadas em motéis de alta rotatividade. Enquanto isto, na proporção direta do desregramento moral em que a nação vai se chafurdando, aumenta o número de crianças grávidas com menos de 15 anos de idade.

Para se ter em conta a gravidade desta situação, de que o dr. Domício Beltrão já dava notícia em Pequilândia , anotem este impressionante número: em 1993 nasceram quase 10 mil bebês filhos de mães com menos de 15 anos. Este número dobrou no ano de 2003 para 20 mil, enquanto as autoridades educacionais estão preocupadas em estimular o uso de camisinhas entre os jovens em lugar de as estarem educando de forma adequada para o uso do sexo de forma civilizada.

Quando esta genial invenção dos Cefets , “a máquina da camisinha”, estiver funcionando, ninguém deve estranhar notícias dando conta de verdadeiras bacanais dentro das salas de aulas, envolvendo o corpo docente e o discente. Será a mais deslavada prática de sodomia que fará novamente o mundo dar gargalhadas de deboche do Brasil . O caso Cicarelli evidenciou algo que parece não levarem na devida conta os autores de tão descabida idéia.

Se você se expõe numa praia, numa rua ou num clube, na prática de atos sexuais abertos, a lei os pune como atentados ao pudor. Sua prática reservada e protegida pela discrição está a salvo de críticas ou condenações. Mas disseminar pelas escolas de jovens imaturos o estímulo à precipitação da prática de atividades sexuais é nos avizinharmos dos sítios abissais da decomposição moral.

Creio que estas palavras aqui escritas serão criticadas à esquerda e à direita. Talvez fosse melhor optar pela sátira, que Humberto de Campos definia como “o freio de ouro das sociedades desembestadas”. Esta idéia preconizada pelos Cefets , retrato sem retoques de uma sociedade em processo de desembestamento , a terem fundamento as notícias veiculadas pela imprensa, talvez não merecesse tratamento sério.

Mais valeria transformar seus autores em personagens ridículas, como aquelas debuxadas por Molière em sua obra imortal. Seja como for, o que não podem é passar em branco, sem um protesto ou pelos menos uma estranheza, manifestações deste tipo, indicativas da grave doença que infecciona e estiola o organismo nacional, especialmente quando está em jogo a mocidade, a quem será entregue o destino do país. A educação vai mal. As escolas de fim de semana estão avassaladoramente fabricando um montão de apedeutas . Um país que deixa escapar das escolas quase 20% dos seus jovens para se dedicar a fabricar máquinas de preservativos para estimular a atividade sexual, é uma nação inteiramente à deriva. Valha-nos Deus.

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