QUAL O DESTINO DAS FORÇAS DE DIREITA NA RÚSSIA?

No decurso do "brain storming" pós-eleitoral têm sido expressos os mais incríveis pontos de vista sobre o destino destes dois partidos. Existe a opinião de que ambos os partidos devem dissolver-se e que os seus dirigentes devem demitir-se. Há quem diga também que o movimento democrático na Rússia deve ser criado a partir do zero, sem a participação de figuras como Boris Nemtsov, Anatoli Tchubais (ambos da UFD) e Grigori Iavlinski ("Iabloko") em eterno conflito entre si.

De repente surgiu a fundação "Novas forças de direita", completamente desconhecida até agora, que informou sobre a sua intenção de se registar como força partidária no prazo de uma semana, sob cuja bandeira devem unir-se todos os partidários da democracia e da economia de mercado da Rússia.

Os próprios líderes políticos da UFD e do "Iabloko", aos quais foram dirigidos apelos, guardaram durante algum tempo silêncio, afligidos com a sua derrota contundente, mas depois começaram a fazer declarações de que o destino dos partidos será decidido pelos congressos e respectivos membros. Isso diz respeito também à questão da substituição da direcção. Eles concordaram que a táctica dos seus partidos deve ser sujeita a uma análise e revisão e que num futuro próximo deve ser convocada uma vasta conferência democrática.

Mas as declarações feitas pelo "Iabloko" e UFD já um par de dias depois das eleições testemunham que era pouco provável que a questão da demissão dos líderes fosse seriamente incluída na ordem do dia. Em todo o caso, Grigori Iavlinski ficará com certeza à frente do seu partido, pois como deram a entender os seus companheiros do "Iabloko", os filiados não vêm um político capaz de substitui-lo. É muito provável que as conversas sobre a demissão dos líderes da UFD tenham também o mesmo final.

Quanto aos "novos partido de direita", as tentativas da sua formação a partir do zero já haviam antes sido empreendidas na Rússia. Há cerca de dois anos este objectivo foi declarado pelo magnata Boris Berezovski, actualmente exilado na Grã-Bretanha. Mas apesar do dinheiro de Berezovski, o seu desígnio falhou por completo. O caso é que a UFD e o "Iabloko" são partidos com a sua própria ideologia, criados por pessoas convencidas da justeza das suas ideias. E continuam a sê-lo, não obstante o seu fracasso nas últimas eleições parlamentares. Além disso, estes partidos têm muitos anos de actividade e têm-se mantido na política russa apesar de todos os altos e baixos da sua trajectória.

Os partidos liberais da Rússia concluíram a sua missão histórica. Foi assim que comentou os resultados das eleições o vice-chefe da Administração presidencial Vladislav Surkov, considerado como o principal obreiro do triunfo da "Rússia Unida". Mas os liberais têm uma opinião diferente a este respeito. Um dos representantes da direcção da UFD, Leonid Gozman, disse o seguinte em resposta à observação de Surkov: "As forças de direita ajustarão contas com a história sem ajuda alheia". E respondendo à pergunta sobre os futuros planos, o representante das forças de direita disse: "Continuaremos a trabalhar tenazmente. Não chegarão a ver o nosso desaparecimento do palco político!".

Aliás, os politólogos russos consideram que o Presidente Putin, obtendo um Parlamento em certa medida nacionalista e livre das forças de direita, será forçado a restabelecer de alguma maneira o equilíbrio político nos órgãos de poder. Um passo para corrigir a situação será, possivelmente, a formação, no novo Parlamento, de um grupo especial de direita que compreenda os deputados da UFD e do "Iabloko" eleitos em círculos maioritários e... os mais "democráticos" dos deputados da "Rússia Unida". Não é difícil encontrá-los, pois a variabilidade ideológica do partido centrista pró-presidencial é bastante ampla. E a própria "Rússia Unida" já anunciou que criará na Duma de Estado quatro ou cinco grupos parlamentares compostos de 40 a 60 pessoas cada um. Esta configuração dá ao partido vantagens na luta parlamentar.

Outro passo neste sentido poderá ser a formação, no início de 2004, de um Governo e corpo de conselheiros presidenciais marcadamente liberais. Não foi por acaso que logo depois das eleições Vladimir Putin declarou que os conhecimentos dos democratas que perderam nas eleições poderiam ser aproveitados pelo poder executivo. E isso é natural, pois ao longo dos últimos quatro anos os projectos estratégicos das forças de direita têm alimentado a política de reformas de Putin. Os correligionários dos paridos de direita no Governo encarregaram-se de pôr esta política em prática. Os órgãos de poder continuarão a necessitar dos seus conhecimentos e ideias se desejarem levar a bom termo as reformas económicas e democráticas na Rússia. Marina CHAKINA, observadora política da RIA "Novosti" © RIAN

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