Nelson Mandela, Embaixador dos menos ricos

Nelson Mandela falou hoje perante uma multidão na Praça de Trafalgar no centro de Londres, apelando à comunidade internacional que faça algo de concreto para reduzir a pobreza, em vez de olharem de lado.

Para Nelson Mandela, a pobreza é uma condição anormal, criada pelo homem, tão anormal como a escravatura e a sua erradicação é tão importante como a luta contra o apartheid. Nelson Mandela falou na véspera do primeiro evento da Presidência britânica dos G8, a reunião dos Ministros de Finanças na Sexta-feira.

“Fazer com que a Pobreza fique História em 2005” foi o slogan utilizado por Nelson Mandela, que comparou a situação das milhões de pessoas vítimas de pobreza endémica ao aprisionamento e pediu à comunidade internacional que lembrasse as promessas que fez durante os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, nomeadamente reduzir por metade a pobreza endémica até 2015.

A campanha “Fazer com que a Pobreza fique História”, uma coligação de várias organizações, quer que os governos dos países mais abastados libertem os Países Menos Desenvolvidos das suas dívidas, que formam uma pedra no pescoço contra seu desenvolvimento (21 bilhões de USD por ano só em pagamentos de juros). A campanha também apela para o acesso livre a mercados comerciais.

A injustiça e hipocrisia nos mecanismos que formam as instituições comerciais e financeiras do mundo é precisamente aquilo que retém os países mais abastados onde estão e o que mantém os que não têm onde estão, assegurando que nunca terão.

Num mundo onde há sempre crédito para a venda de armas mas nem sempre para qualquer outra coisa, num mundo que prega a liberdade de práticas comerciais na OMC mas que depois permite aos mais abastecidos imporem tarifas e subsidiarem seus produtores, onde está o equilíbrio, onde está a justiça, onde estão as oportunidades iguais?

É inteiramente inaceitável que se pode desperdiçar 280 bilhões de dólares num acto de chacina maciça no Iraque enquanto uma parte substancial da população do mundo vive (subsiste) com menos que um dólar por dia, devido não às suas incapacidades mas sim ao facto que o sistema pesa contra eles desde a estaca zero.

Os cidadãos do mundo podem traduzir seus desejos em acções por imporem pressão sob seus representantes ou partidos políticos locais, perguntando quais as medidas que estão a ser tomadas para lutar contra a pobreza endémica e o quê é que o partido e/ou país pretende fazer para abordar a questão, depois seguir e insistir para garantir que a resposta não é só promessas.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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