Lula fala na distribuição de riqueza

No terceiro dia da viagem oficial, Lula falou sobre desenvolvimento econômico, distribuição de renda e discursou para empresários indianos e brasileiros. No primeiro encontro, o presidente abriu, às 10h no horário local, o seminário "Brasil-Índia – Desenvolvimento Sustentável: Perspectivas e Possibilidades".

Em seu discurso, Lula afirmou que não acredita em crescimento sem distribuição de riquezas. Ele disse que o crescimento econômico no Brasil precisa ser acompanhado de medidas que façam uma transferência de recursos. Lula observou que, entre 1930 e 1980, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo, mas que isso não significou a diminuição da pobreza e que a meta do seu governo é promover o crescimento econômico com transferência de renda.

Fórmulas mágicas

O presidente brasileiro afirmou que seu governo não está promovendo a estabilidade com fórmulas econômicas mágicas, como aconteceu em governos passados. O presidente disse que está fazendo aquilo que é preciso ser feito na economia e que os números estão aí para mostrar a estabilidade do governo e da economia brasileira.

Lula lembrou que o índice de risco do país, que era de 2000 antes dele assumir a presidência, baixou para 400, e que a projeção de inflação antes de sua eleição, que estava em 40% ao ano, agora será, de acordo com as projeções do governo, de 6%. "As bases da economia são sólidas. O empresários podem investir no Brasil porque somos um país confiável, onde vocês não terão surpresas e terão retorno", falou Lula se dirigindo à platéia de indianos.

Aos brasileiros, o discurso foi enfático: "Não vamos conseguir vender porque somos pobres e o mundo rico acha que as nossas crianças estão nas ruas. Só vamos conseguir vender se investirmos em tecnologia e ciência. Parem de chorar e reclamar e aprendam a vender para o mundo globalizado".

Logo em seguida, Lula inaugurou uma exposição de arte popular brasileira no "Crafts Museum", em Nova Délhi.

Para PT, acordo com Índia amplia visão comercial

O acordo comercial firmado segunda-feira (26) entre a Índia e o Mercosul (formado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), em Nova Délhi, foi bem recebido por deputados petistas. O acordo é o primeiro fechado entre o Mercosul e um país asiático, e vai facilitar o comércio de mais de 1,7 mil produtos a partir do próximo semestre. Segundo parlamentares do PT, o acordo representa a efetivação de uma visão ampliada da política externa nacional.

"É importante porque supera o debate político e avança na iniciativa concreta, além de abrir perspectivas para todos os países do lado sul do mundo", disse o presidente da Comissão Parlamentar Mista do Mercosul, deputado Doutor Rosinha (PT-PR). Para o deputado Carlito Merss (PT-SC), a iniciativa abre espaço para que o Brasil amplie as vendas externas e adquira produtos e tecnologias relevantes. "A Índia é extremamente competitiva em princípios ativos", avaliou.

O documento assinado estabelece linhas genéricas. Nos próximos 120 dias, Brasil e Índia vão negociar a lista de produtos que serão beneficiados por tarifas fixas e menores. O primeiro encontro dos grupos de trabalho será em fevereiro, em Buenos Aires (Argentina). O segundo está marcado para o mês de março, em Nova Délhi. A expectativa é de que as negociações terminem até junho e o acordo passe a ser implementado gradualmente a partir do próximo semestre.

O Mercosul pretende incluir 500 a mil itens na negociação, incluindo os referentes à indústria automobilística e o setor de autopeças. No entanto, tem resistências em diminuir as tarifas de pneus e produtos farmacêuticos, setores nos quais a Índia tem alta competitividade.

O governo brasileiro também firmou vários acordos de cooperação bilateral com a Índia que prevêem atividades conjuntas de pesquisa espacial, incremento do turismo e intercâmbio artístico-cultural e anunciou para breve a assinatura de outros programas de intercâmbio nas áreas de agricultura, ciência e tecnologia, educação, saúde, segurança alimentar e desenvolvimento agrário.

Na Índia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou que a assinatura do documento inicia uma nova etapa para a cooperação entre o Brasil e aquele país. "Inauguramos hoje, com o Acordo-Base de Acesso a Mercados, no âmbito das negociações Índia-Mercosul, uma nova era para a cooperação Sul-Sul", avaliou. Lula disse que a aproximação comercial entre o Cone Sul e a Índia deve servir de exemplo para iniciativas semelhantes no mundo em desenvolvimento.

PT

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