RIO DE JANEIRO/BRASIL - No Brasil, em seis anos, a mineradora Vale viu sua capitalização passar de R$ 322 bilhões para R$ 106 bilhões. A Vale, que já foi a maior mineradora do mundo e a segunda maior empresa brasileira, despencou e está atrás de Ambev, Itaú, Bradesco e Petrobras, essa última naufragada em um 'mar de lamas' por conta de uma quadrilha de diretores e empresários que praticaram um assalto aos cofres da empresa da ordem de R$10 bilhões.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Não é só a Petrobras, envolvida em um esquema de desvios de recursos "absurdo", segundo palavras da própria presidente Dilma Rousseff, que se desvalorizou bastante nos últimos anos.
A mineradora Vale, comandada pelo executivo mineiro Murilo Ferreira, não passa também por um bom momento na bolsa de valores.
Desde 16 de maio de 2008, quando valia R$ 322,9 bilhões, seu recorde, a companhia perdeu mais de R$ 200 bilhões. Atualmente, seu valor de mercado está na casa dos R$ 106 bilhões.
Em 2013, suas ações preferências (VALE5) acumulam queda de 38,3%. Em 2013, caíram 15,2%. Seu valor de mercado equivale a 0,6 do valor patrimonial. Isso significa que se a Vale fosse fechada e seus bens vendidos, os acionistas ganhariam mais dinheiro do que mantê-la operando.
De forma simplificada, é um indicativo de que a ação está barata (atenção: outros indicadores devem ser analisados para se chegar a essa conclusão).
Há seis anos, a Vale era a segunda maior empresa do Brasil em valor de mercado, atrás apenas da Petrobras. Hoje é a quinta. Estão à sua frente a cervejaria Ambev, os bancos Itaú e Bradesco e a combalida Petrobras.
O que explica a desvalorização da Vale, que, ao contrário da Petrobras, não está envolvida em nenhum esquema de corrupção?
A companhia sofre, de certa medida, de um mal que também aflige a Petrobras: o fim do supercíclo de commodities. O petróleo, por exemplo, está cotado abaixo dos US$ 60 dólares.
O minério de ferro, principal matéria-prima da Vale, por sua vez, está cotado abaixo dos US$ 70. No auge, chegou perto de US$ 200. A desaceleração da China, seu principal mercado, também seu quinhão na queda de valor da Vale.
"Temos de estar focados em disciplina, alocação de capital e austeridade para obter resultados em qualquer situação", disse recentemente Ferreira.
O executivo tem dito que a empresa se preparou nos últimos anos para enfrentar o que ele chama de "momento menos exuberante" na mineração.
Uma das estratégias, desde que Ferreira assumiu, tem sido cortar custos.
Os gastos gerais administrativos, por exemplo, passaram de US$ 2,3 bilhões, em 2011, para US$ 900 milhões, estimados para o fim de 2014. Os gastos com pesquisa e desenvolvimento também tiveram uma queda: de US$ 1,7 bilhão para US$ 800 milhões, no mesmo período.
Os investimentos da mineradora brasileira também serão menores ao longo dos anos. Em 2011, por exemplo, a Vale investiu US$ 16,3 bilhões. Neste ano, a estimativa é de US$ 12 bilhões. Em 2010, cairá para US$ 10,2 bilhões. Em 2019, a estimativa é de investir US$ 4,9 bilhões.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU
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