Cinco dias de seqüestro sob a mira de uma arma. Horas de agonia em que duas amigas adolescentes ficaram nas mãos de um rapaz, dentro de uma casa. Uma delas consegue sair, mas volta ao cativeiro horas depois. Ao final, o sequestrador atira nas duas. Uma morre e a outra é baleada no rosto. A história parece mais um filme de terror, mas aconteceu no Brasil e a repercussão do fato está em na capa dos jornais e nas conversas.
Eloá Cristina Pimentel tinha apenas 15 anos e namorava Lindemberg Alves, de 22 anos, desde os 13. Depois que resolveu colocar um fim na união, foi vítima de seqüestro do ex. Eloá morreu após ficar 100 horas refém do ex-namorado, na casa da família dela, em Santo André. A garota levou um tiro na cabeça e teve morte cerebral diagnosticada no sábado (18).
A família autorizou a doação dos órgãos e eles beneficiaram pelo menos cinco pessoas que aguardam na fila de transplantes, de acordo com informações da Secretaria Estadual de Saúde. Serão transplantados o coração, o pulmão, o pâncreas e as córneas.
A amiga de Eloá, Nayara Rodrigues da Silva, de 15 anos,teve um desfecho menos trágico. Ela levou um tiro no rosto, mas não corre risco de morte. A menina vai passar por uma cirurgia para a retirada de uma barra de sustentação dos dentes, colocada pelos médicos.
Assim que sair do hospital, a garota prestará depoimento para explicar o que aconteceu dentro da casa durante as 100 horas em que ela e a amiga focaram reféns de Lindemberg.
Desde o desfecho do caso, Lindemberg está preso sozinho em uma cela no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros . Há questionamentos se a polícia agiu de maneira correta ao permitir que o sequestro durasse tanto tempo. Os policiais dizem que o rapaz atirou nas garotas antes deles invadirem a residência, mas o rapaz diz o contrário: que só atirou depois que os policiais entraram. A questão é que agora Eloá está morta e não pode mais voltar.
Leia a história completa do caso:
Lindemberg, antes considerado calmo pelos amigos, invadiu o apartamento em São Bernardo do Campo na segunda-feira Ele chegou a manter quatro reféns, mas no mesmo dia libertou dois adolescentes que estavam no local.
A polícia soube do caso às 20h30, porque o pai de um dos garotos, estranhando a demora do filho, foi ao prédio, bateu na porta do apartamento e ouviu Nayara pedindo para ele se afastar. Ele, então, chamou a polícia .
No dia seguinte, libertou Nayara. Entretanto, como parte das estratégias de negociação, a adolescente voltou ao apartamento na manhã de quinta-feira (16).
Um promotor de Justiça esteve na sexta-feira (17) no local com um documento que dava garantia de que o seqüestrador não seria ferido ao se entregar. O advogado do rapaz disse que essa era uma de suas exigências, e havia expectativa de que ele se entregasse no começo da noite.
Quando a polícia organizava uma coletiva de imprensa para falar sobre as negociações foi ouvido um estrondo. Às 18h08, a PM afirma que policiais que estavam em um apartamento ao lado do cativeiro ouviram um tiro disparado pelo seqüestrador. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) explodiu a porta e deteve Lindemberg. A adolescente Nayara deixou o apartamento andando, enquanto Eloá, carregada, foi levada inconsciente para o hospital. A morte cerebral da jovem foi diagnosticada no fim da noite de sábado (18).
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter