Portugal vai comprar a colecção dos discos de música portuguesa (na sua maioria de fado) na posse do britânico Bruce Bastin , garantiu ontem o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, noticia a Lusa.
Dentro de uma semana, poderemos acertar a minuta do contrato da compra, no valor de 1,1 milhões de euros, disse o governante.
A colecção irá integrar o futuro Museu da Música e do Som, onde há pessoal técnico para o tratamento específico deste material, disse Vieira de Carvalho.
Para o musicólogo Rui Vieira Nery, a aquisição deste espólio é essencial para um melhor conhecimento da história fadista, nomeadamente nos primórdios da gravação fonográfica. Sara Pereira, do Museu do Fado, manifestou também satisfação por uma "decisão esperada" e sublinha esta colecção como "fundamental para um melhor conhecimento da historiografia do fado".
Mariza, embaixadora da candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, disse à Lusa que a concretização desta compra "é um sonho tornado realidade". A fadista explica ainda que esta colecção "coloca tudo em aberto quanto às origens do fado" e acrescenta que nos vai permitir conhecer melhor como se cantava e tocava.
A colecção inclui registos fonográficos efectuados entre 1904 e 1945 pela His Masters Voice, Columbia, Homokord, Victor ou Grammophone, estando, na sua maioria, dados como perdidos.
Entre os cerca de oito mil discos encontram-se algumas das primeiras gravações de artistas nacionais como José Bastos, Isabel Costa, Almeida Cruz, Eduardo de Souza, Rodrigues Vieira ou Delfina Victor.
Além dos fados, são igualmente importantes do ponto de vista musical e etnográfico registos mais tardios de Maria Alice, Manasses de Lacerda, Avelino Baptista, Estêvão Amarante, Madalena de Melo, Maria Emília Ferreira, Júlia Florista e Maria do Carmo Torres, bem como dos mais conhecidos Ercília Costa, Berta Cardoso, António Menano, Edmundo de Bettencourt, Armandinho e o popular Alfredo Marceneiro.
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