Lei obriga higienizar óculos 3D nas salas de cinemas do estado de São Paulo e evita a transmissão de conjuntivite.
Agora é lei. Os óculos 3D distribuídos nas salas de cinema do estado de São Paulo vão ter de passar por limpeza e ser embalados a vácuo entre uma sessão e outra. O oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, afirma que em 2010 alertou o deputado, João Caramez (PSDB), sobre o risco da falta de higiene dos óculos 3D nos cinemas. O alerta sensibilizou o deputado a desenvolver o projeto de lei 598 que deu origem à nova lei sancionada na semana passada.
Esta foi a segunda conquista do especialista na prevenção da conjuntivite transmitida nas salas de cinema. A primeira aconteceu após os dez primeiros dias de lançamento do filme Avatar, quando atendeu dezenas de casos de conjuntivite contraídos no cinema. Na época levou o problema às autoridades de Campinas. Por isso, desde meados de 2010 uma lei municipal tornou obrigatória a higienização dos óculos 3D nos cinemas da cidade.
O médico destaca que a limpeza é indispensável para conter a disseminação da conjuntivite. A doença, explica, é a inflamação da conjuntiva que pode ser transmitida através do compartilhamento de óculos ou outros objetos, como por exemplo, maquiagem, colírio, fronhas e toalhas. "As salas de cinema fechadas e cheias de espectadores facilita ainda mais a transmissão. São ambientes perfeitos para a multiplicação de vírus durante o frio e de bactérias no verão" afirma.
Tipos de conjuntivite X colírio
O especialista diz que a conjuntivite viral, mais comum no inverno, chega a demorar 2 semanas para sarar. O tratamento da bacteriana geralmente dura de 5 a 7 dias. Por isso, a doença representa uma das principais causas de afastamento do trabalho e da escola. Os sintomas são: pálpebras inchadas, vermelhidão, coceira, ardência, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento, secreção e fotofobia (aversão à luz). O tratamento feito com colírio varia conforme o diagnóstico e outros medicamentos usados por cada paciente. Pingar colírio nos olhos sem prescrição médica pode piorar a doença e até provocar outras, adverte.
Problemas da TV 3D
Queiroz Neto lembra que a higienização dos óculos que acompanham as TVs 3D também deve ser rigorosa e feita com solução que contenha 70% de concentração de álcool, única capaz de eliminar vírus. A dica para escolher o aparelho é verificar o tipo de óculos adequado à tecnologia do monitor. Nem sempre o mais caro é o melhor. O especialista diz que os equipamentos de menor custo funcionam com óculos passivos que têm lentes polarizadas - uma vermelha, outra azul - e jogam imagens diferentes em cada olho. As imagens têm menor definição, mas este tipo de tecnologia causa menos efeitos colaterais: dor nos olhos, tontura e dor de cabeça. Os mais caros são os aparelhos que funcionam com óculos ativos. Oferecem imagens de alta definição, mas criam um efeito desagradável de cintilação que provoca dor de cabeça, tontura e dor nos olhos. Ele explica que isso acontece porque os óculos ativos são alimentados por baterias e dispõem de lentes microscópicas que abrem e fecham de 25 a 30 vezes por segundo. Este movimento é sincronizado com os quadros da TV e criam nos nossos olhos a sensação tridimensional. O médico lembra que independente da tecnologia só consegue ver 3D quem tem olhos sadios, vícios refrativos - miopia, hipermetropia e astigmatismo - corrigidos e olhos alinhados. Ainda assim o cansaço visual é muito maior que o provocado pelo computador. Enquanto numa apresentação 3D algumas pessoas sentem dor de cabeça após 10 minutos, no computador dificilmente isso acontece antes de 2 horas. Por isso, na opinião do médico a TV 3D só vai ter boa aceitação se a quantidade de programação em três dimensões for bem dosada.
Eutrópia Turazzi - LDC Comunicação
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