A agora infame plataforma de petróleo em águas profundas Deepwater Horizon explodiu, matando 11 trabalhadores, tragicamente, em 20 de abril. No meio da tensão crescente, compreensivelmente, acerca do iminente catástrofe ambiental (porque se já está mal, vai ficar pior), os argumentos e as incriminações agora previsivelmente centram em torno do dinheiro e, quando estão envolvidos biliões, o senso comum às vezes é elusivo.
Fazendo sentido do derramamento de petróleo no Golfo de México, em primeiro lugar, a tragédia é a perda de vidas dos onze trabalhadores na Deepwater Horizon, a tragédia é a crescente lista de vítimas no mundo animal, incluindo golfinhos, tartarugas, aves e todo o ecossistema ao longo dos quatro Estados dos EUA no Golfo e a tragédia é a subsistência de milhares de pessoas na área que vivem do mar. Se o furacão Katrina foi flagelo da Mãe Natureza, isto é a jogada do Homem. E que jogada.
A inclinação principal na mídia estes dias, porém, é as relações azedas entre os E.U.A. e o Reino Unido e quão terríveis serão quaisquer medidas contra a maior empresa britânica, BP, para os acionistas (o capital da empresa perdeu 40% de seu valor desde 20 de abril ) e para os pensionistas no Reino Unido, em geral, pois a maioria dos fundos de pensão estão ligadas de alguma forma com a gigante de energia.
Fazendo sentido do desastre Deepwater Horizon, que está lançando alguns milhões de litros de petróleo por dia no Golfo do México, não tem a ver, obviamente, com alguma disputa entre Washington e Londres, ou algum sentimento anti-britânico entre o povo americano. Afinal, a BP já não se chama British Petroleum, mas simplesmente "BP", porque é uma grande multinacional que opera em escala continental, empregando milhares de pessoas nos E.U.A. também.
Fazendo sentido da pior catástrofe ecológica, de sempre, que enfrenta os Estados Unidos da América, obviamente não tem a ver com a atribuição de culpas no CEO da BP Dr. Tony Hayward, pelo desastre em si.
O que está em causa é por quê levou a BP tanto tempo para fazer algo de concreto para reverter o problema, pois quase dois meses depois da explosão quantidades substanciais de petróleo estão ainda expelidas para o Oceano (o que significa que o problema ainda vai ficar muito pior antes que se estabilize, e muito menos ficar melhor).
A frustração sentida nos Estados Unidos da América foi, provavelmente, alimentada pela reacção insensível do Dr. Hayward à crise, rindo no Sky News antes que ele anunciou que os efeitos desta catástrofe foram "relativamente modestos" e "muito, muito pequenos". Tente dizer isso para alguém que investiu todas as suas economias e anos de trabalho árduo na criação de uma empresa, fazendo tudo pelo livro para depois ver a sobrevivência da sua família posta em questão com cada onda carregada de petróleo.
A frustração sentida pelo Presidente Obama é também compreensível, devido ao fato de que da sua administração é esperado fazer algo para proteger os cidadãos do país. Mas o quê? E como? Por seu lado, depois dos comentários insensíveis do Dr. Hayward, as equipes de engenharia BP têm vindo a trabalhar horas extras para tentar chegar a uma solução, a BP tem acordado cumprir os pedidos de indemnização junto das empresas e indivíduos, disponibilizou as informações para a comunicação social e criou uma unidade de resposta de emergência e centros de informação para as pessoas relatarem emergências sobre aves e animais oleados.
O cerne da questão, porém, reside num ponto que poucas pessoas estão mencionando, em algo que parece ter escapado a todos aqueles que escreveram sobre as questões acima: a política de avaliação de riscos adotada pelo contratante (BP) e da parte que lançou o concurso que, na última instância, seria da responsabilidade das autoridades dos E.U.A. quando o concurso foi lançado.
Porquê não houve planos de contingência em vigor para a eventualidade de haver um cabo danificado? Até que ponto foi honesta a BP, quando declarou a sua capacidade de resposta de emergência? Até que ponto foram suficientemente rigorosas as autoridades dos E.U.A. no controlo de todas as alíneas do concurso?
E, certamente, um sistema de engenharia que execute uma série de válvulas de corte em diferentes lugares no eixo, que pode ser acionado quando ocorre uma emergência destas, seria não só propício, mas senso comum? Eu não sou engenheiro, mas
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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