Risco está associado à dilatação da pupila provocada pela medicação e à menor profundidade da câmara anterior dos olhos. Levantamento do Ministério da Saúde aponta 43,3% dos brasileiros em idade adulta estão acima do peso. Por conta disso, o País desponta como o terceiro maior consumidor de inibidores de apetite, sendo que a população feminina responde por 92% deste consumo, segundo um levantamento do CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas).
Além dos já conhecidos efeitos colaterais sobre o sistema nervoso central e cardiovascular, o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, ressalta que a dilatação da pupila provocada por inibidores de apetite aumenta a chance de surgir o glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF). Ele diz que a doença que apresenta incidência de cegueira 2 vezes maior que o glaucoma primário de ângulo aberto.
O GAPF, observa, é mais comum entre mulheres, asiáticos, idosos e portadores de hipermetropia (dificuldade de enxergar de perto). Isso porque, explica, nestes grupos a câmara anterior dos olhos pode ter menor profundidade e a dilatação da pupila induz ao fechamento do ângulo iridocorneano (entre a íris - parte colorida do olho - e a córnea), levando ao aumento súbito da pressão intra-ocular que caracteriza a doença.
Queiroz Neto afirma que a evolução do GPAF é rápida e apesar de os casos relacionados ao uso de inibidores de apetite ser pouco frequente, deve ser feita uma avaliação completa da câmara anterior antes da ingestão deste tipo de medicamento. Isso porque, a identificação e tratamento do fechamento angular iridocorneano previne a evolução da doença. A avaliação, comenta, hoje é feita com a utilização do OCT, tecnologia análoga ao ultrassom que permite a obtenção de imagens de toda a câmara anterior em duas dimensões.
Quem é portador de GPAF, ressalta, só percebe a alteração ocular em crises agudas cujos sinais são:
· Dor intensa no globo ocular e região periocular
· Diminuição acentuada da acuidade visual
· Halos coloridos ao redor das lâmpadas
· Náuseas e vômitos.
O especialista explica que esta crise é marcada pela elevação acentuada da pressão intra-ocular, perda súbita da visão, morte de células do cristalino que facilitam a formação de opacidades subcapsulares, escavação do disco óptico, congestão venosa e hemorragia que reduzem permanentemente a acuidade visual. Trata-se de uma emergência médica e o tratamento clínico imediato é feito com colírios que induzem à constrição pupilar, betabloqueadores para diminuir a produção do humor aquoso, e corticóide tópico que reduz a reação inflamatória aguda.
Além dos inibidores de apetite, comenta, medicamentos utilizados no tratamento de gripes e resfriados que contêm atropina, também podem induzir a crises agudas do glaucoma de ângulo fechado. Por isso, o FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora de medicamentos dos EUA, exige que toda medicação que induza à dilatação da pupila contenha uma advertência na embalagem. O risco de complicações só existe entre pessoas com ângulo estreito da câmara ocular que não recebem tratamento adequado. O brasileiro, comenta, ainda acredita que o consumo de medicamentos é o caminho mais fácil para ter boa saúde, mas em muitos casos pode significar o surgimento de doenças que comprometem a qualidade de vida.
Informações à Imprensa: Eutrópia Turazzi LDC Comunicação
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