Doenças oculares na infância passam despercebidas

A população do Brasil está crescendo e o acesso a serviços médicos diminuindo. É o que mostra recente estatística da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Hoje, dos 183,9 milhões de habitantes no País só 40 milhões são usuários de planos de saúde contra 42 milhões em 2006, uma redução de 5% nos últimos 2 anos, conforme aponta o levantamento.

Significa que a maioria da população chega a esperar por mais de um ano pela prescrição de óculos. Esta lentidão associada ao alto preço das lentes oftálmicas faz muitas pessoas se privarem da correção visual, afirma o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto. A falta de exame de vista e óculos, ressalta, agravam doenças oculares de 45% das crianças brasileiras. Isso porque, esta parcela só passa pela primeira consulta médica quando chega à adolescência.

Resultado: sem óculos o grau dos vícios de refração - miopia, hipermetropia e astigmatismo - aumenta. “Recentemente atendi uma adolescente com 7 graus de miopia que nunca tinha usado óculos”, conta. É um problema sério porque a dificuldade de enxergar de longe que caracteriza a miopia impede o acompanhamento de aulas e acaba gerando desinteresse pelos estudos, exemplifica. Já quem tem hipermetropia, dificuldade de enxergar de perto, não consegue ler as anotações do próprio caderno e a falta de foco para longe e perto típica dos portadores de astigmatismo gera cansaço visual que reduz o rendimento escolar, ressalta.

A prova disso é a melhora do rendimento escolar de 50% dos alunos apontada por uma pesquisa realizada com professores após a prescrição de óculos durante o programa Mais Visão, uma iniciativa da Fundação Penido Burnier sob direção médica de Queiroz Neto. Já na avaliação dos pais, 88% passaram a ter mais interesse pelos estudos.

Brasil Deve Adotar ‘Óculos Social’

A estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que 12% das crianças em idade escolar não enxergam bem, mas o consumo de óculos no País indica que o acesso é restrito a menos da metade da população. Por conta disso, desde 2005 Queiroz Neto vem propondo através do Mais Visão a criação do ‘óculos social’ no Brasil. Trata-se de uma versão mais barata que possa ser distribuida pelo SUS, explica. A boa notícia é que iniciativas como o Mais Visão, programas do CBO, ONGs, universidades e da iniciativa privada estão mobilizando o poder público em conjunto com a indústria óptica a criar esta versão de óculos. De qualquer forma, o especialista diz a prevenção da cegueira requer que pais e professores estejam atentos à visão das crianças.

Sinais de Comprometimento da Visão

Não é só a criança que se aproxima muito da TV que tem dificuldade de enxergar, destaca. Outros sinais de baixa visão são:

- Dor de cabeça, nos olhos ou tontura freqüente.

- Apertar os olhos na claridade.

- Olhos vermelhos ou lacrimejamento

- Coceira ocular após esforço visual – leitura ou TV.

- Hábito de inclinar a cabeça para um lado.

Segundo Queiroz Neto, o hábito de inclinar a cabeça para um lado pode sinalizar estrabismo, desvio ocular que pode levar ao desenvolvimento desigual dos olhos, ambliopia. A doença nem sempre é percebida pelos pais e leva à cegueira monocular. A correção, explica, é feita com a oclusão do olho de melhor visão para estimular o desenvolvimento do mais fraco. Este simples procedimento deve ser feito partir da idade de 3 anos para garantir o perfeito desenvolvimento dos olhos que se completa aos 8 anos. Depois dessa idade pode levar ao grave comprometimento do olho mais fraco e impedir a adaptação aos óculos, diz.

Os pais e professores podem acessar o site www.penidoburnier.com.br onde encontram testes auto-explicativos que permitem avaliar vícios de refração e outras doenças que devem ser checadas anualmente a partir dos 3 anos. A avaliação não substitui a consulta médica, mas alerta para a necessidade de um exame completo.

Eutrópia Turazzi – LDC Comunicação

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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