Lei que permite menor transparência no vidro traseiro de veículos pode aumentar acidentes por reduzir a visão de contraste e adaptação visual - O excesso de velocidade está por trás da maioria dos acidentes de trânsito. Nas estradas de São Paulo responde por 64% das multas. Entre motoristas acidentados 1/3 afirma que não estava atento no momento do sinistro, segundo levantamento da Polícia Militar Rodoviária.
No inverno, a neblina intensa reduz o senso de velocidade.
O excesso de velocidade está por trás da maioria dos acidentes de trânsito. Nas estradas de São Paulo responde por 64% das multas. Entre motoristas acidentados 1/3 afirma que não estava atento no momento do sinistro, segundo levantamento da Polícia Militar Rodoviária.
Para o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) o número de acidentes em 2008 pode crescer ainda mais.
Isso porque, a resolução 254 do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) permite, desde final de 2007, reduzir a visibilidade do vidro traseiro de 50% para 28%. Na opinião do especialista, mesmo quem não precisa usar óculos deve pensar duas vezes antes de escurecer o vidro do carro até o limite máximo permitido. Sem dúvida, observa, o escurecimento dos vidros é um aliado da segurança pessoal, mas a boa dirigibilidade impõe limites.
A menor transparência, comenta, prejudica o desempenho no trânsito porque enxergamos através da luz. Como se não bastasse, metade dos motoristas tem problemas de visão. As doenças mais comuns são: miopia (dificuldade de enxergar de longe), hipermetropia (dificuldade para perto), astigmatismo (falta de foco para perto e longe) e catarata que atinge mais de 50% das pessoas acima dos 60 anos. Estas alterações diminuem a rapidez de leitura, adaptação visual, percepção de contraste, profundidade e cores, bem como o reflexo, a resposta para a boa dirigibilidade.
Quanto mais escura for a película dos vidros, maior é o prejuízo de todas estas funções. Além disso, ressalta, diversos estudos demonstram que em condições de baixa visibilidade nosso senso de velocidade decresce. É este decréscimo que faz muitos motoristas trafegarem acima da velocidade permitida em trechos de rodovias onde a neblina é mais intensa, tornando a direção durante o inverno mais perigosa. Independente da cor, o especialista chama a atenção para os vidros blindados que por serem feitos de lâminas causam um falso astigmatismo e dificultam o foco.
Dicas para melhorar a visibilidade
Queiroz Neto afirma que o final da tarde é o período em que temos maior dificuldade de enxergar. Isso acontece porque na luminosidade do dia, células da retina conhecidas como cones respondem pela visão de cores e detalhes. Conforme escurece, o processamento de imagens na retina fica por conta dos bastonetes, células sensíveis à luz. Entre míopes esta transição chega a reduzir a acuidade visual de 10% a 25%. Em portadores de astigmatismo ou catarata causa ofuscamento. A película mais escura nos vidros do carro aumenta a dificuldade de adaptação. O problema pode ser amenizado utilizando lentes amarelas que melhoram a visão de contraste.
Outras dicas do médico para melhorar a visão noturna e sob neblina são:
· Na neblina acenda o farol baixo e fique atento ao velocímetro.
· Ligue o ar condicionado para desembaçar o vidro dianteiro
· Mantenha os faróis e vidros limpos
· Utilize lágrima artificial caso sinta os olhos ressecados.
Eutrópia Turazzi
LDC Comunicação
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