Todos os anos, entre julho e novembro, as baleias jubartes (Megaptera novaeangliae) atraem a atenção na costa baiana e capixaba. Nesse período, elas migram das águas subantárticas em busca da temperatura amena do litoral brasileiro para acasalar, dar à luz e amamentar seus filhotes.
Os trabalhos de monitoramento e pesquisa realizados há 19 anos pelo Instituto Baleia Jubarte (IBJ) já foram iniciados na temporada de 2007: pesquisadores fizeram as primeiras avistagens no sul de Abrolhos. Responsável pela proteção e pesquisa da espécie no Brasil, o IBJ possui duas bases de pesquisa e educação ambiental, uma em Caravelas, extremo Sul e outra em Praia do Forte, litoral norte da Bahia, além de realizar expedições periódicas em outros pontos da costa e de manter uma base temporária) em Itacaré, no meio do caminho entre as duas bases.
Os pesquisadores vêm notando a cada temporada um aumento significativo da presença destes animais em Salvador e região metropolitana: as baleias já são freqüentemente observadas pelo público que transita pela orla deste grande centro urbano, causando espanto e admiração. O IBJ conta com o patrocínio da Petrobras para a manutenção de suas atividades desde 1996.
A bióloga Márcia Engel, diretora presidente do Instituto Baleia Jubarte, revela que, segundo levantamento realizado em 2005, uma população de cerca de 6 mil baleias migra todos os anos para o litoral brasileiro, desde o Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro. O local de maior concentração reprodutiva é o Banco dos Abrolhos, no sul da Bahia.
Em 2006, os pesquisadores avistaram 1.351 animais, sendo 188 filhotes. Foram realizadas 668 fotoidentificações na costa baiana. A fotoidentificação é feita por meio de desenhos na cauda das jubarte e representa a principal ferramenta de pesquisa da espécie.
As fotografias servem como uma carteira de identidade das baleias, pois a coloração da cauda, tal qual uma impressão digital, nunca se repete de um indivíduo para o outro, explica a bióloga. O catálogo do Instituto Baleia Jubarte é o 2º maior do Hemisfério Sul, com cerca de 2.599 baleias identificadas - apenas o da Austrália possui um número maior de baleias catalogadas - e é o único organizado por apenas uma instituição .
O IBJ também realiza atividades de monitoramento do turismo de observação de baleias, censo aéreo, análises genéticas e de poluentes, estudos de comportamento e do canto das baleias, estimativas populacionais e da distribuição das baleias jubarte e estudos sobre a ecologia dos botos cinza (Sotalia guianensis) e sua interação com barcaças que transportam celulose no extremo sul do litoral da Bahia.
Além do patrocinador oficial, a Petrobras, os pesquisadores do IBJ recebem o apoio das seguintes instituições: NORSUL Cia de Navegação, IBAMA/MMA,Fundação Avina, Fundação Garcia DÁvila, Conservação Internacional do Brasil (CI-Brasil) e IFAW (International Fund for Animal Welfare).
Encalhes: problema freqüente durante a temporada reprodutiva das baleias no Brasil
Com a chegada das baleias, consequentemente aumenta a ocorrência de encalhes. Além das causa naturais, diversos são os fatores que podem levar uma baleia a encalhar. Emalhe em redes de pesca, colisão com embarcações, doenças que causem debilitação ou desorientação nos animais e poluentes são os principais motivos.
Filhotes que se perdem das mães, por exemplo, podem encalhar porque nesta fase da vida são completamente dependentes do leite materno para se alimentarem. Também é comum as baleias morrerem no mar e sua carcaça ser carregada pelas correntes até as praias. Em 2006, os pesquisadores do Instituto Baleia Jubarte [IBJ] atuaram em sintonia com um importante parceiro no registro e resgate de animais encalhados nas praias do litoral da Bahia, o Instituto Mamíferos Aquáticos [IMA].
A atuação conjunta entre o IBJ e IMA foi no sentido de tentar resgatar os animais que encalharem vivos, procurando medicá-los e devolvê-los para o mar, explica o coordenador do IMA, o médico veterinário Gerson Norberto. No caso de animais mortos, os Institutos procuraram atuar em parceria com as autoridades municipais para que as carcaças fossem removidas das praias, reduzindo o risco para a saúde pública e destinadas a locais adequados, onde pudessem ser examinadas na tentativa de se estabelecer a causa da morte. Essa união em prol das baleias é de extrema importância, salienta o coordenador de pesquisa do IBJ, o médico veterinário Milton Marcondes. Em 2006 foram registrados 36 casos de encalhes de baleias jubarte em toda a costa do Brasil.
Fonte: Instituto Baleia Jubarte - Petrobras
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