A questão do gás: Apenas uma questão económica e de honrar compromissos

Longe de ser um instrumento político utilizado por Moscovo, toda a questão do abastecimento de gás à Ucrânia é pura e simplesmente uma consequência da incapacidade do governo ucraniano para tomar decisões adequadas e honrar seus compromissos. O fornecimento do gás à União Europeia foi cortado pela Ucrânia, e não pela Rússia.

Presidentes Dmitry Medvedev (Federação Russa) e Viktor Yushchenko (Ucrânia) realizaram uma conversa telefónica ontem, a pedido deste último, em relação à questão do abastecimento de gás da Rússia à Ucrânia, um problema que afecta muitos países da UE, apanhados no meio de uma vaga de frio.

No seu discurso ao seu homólogo ucraniano, Presidente Medvedev sublinhou os seis seguintes preceitos:

Primeiro, “a questão do fornecimento de gás aos consumidores europeus e as relações entre a Rússia e a Ucrânia não é uma questão política. Para a Rússia, esta é uma questão de cumprimento dos compromissos económicos”. O que está a tentar utilizar esta questão para marcar pontos políticos contra Moscou é a Ucrânia, que se encontra ilegalmente a reter fornecimento de gás à UE;

Em segundo lugar, a Rússia continua aberta e pronta para retomar as negociações com a Ucrânia, a qualquer momento. A bola está do lado de Kiev: Presidente Yushchenko só tem de instruir a sua equipa a regressar à mesa das negociações;

Em terceiro lugar, sendo um país cuja Constituição e modus operandi são baseados num estado de direito e não a lei da selva, A Federação Russa precisa de basear seus acordos para fornecer gás em contratos devidamente elaborados, não alguma nota escrita sobre o joelho num pedaço de papel de caramelos. Moscou insiste que qualquer acordo para retomar o abastecimento deve ser baseado num contrato assinado entre a OJSC Gazprom e a NJSC Naftogaz da Ucrânia. Neste contrato, deve haver disposições sobre o fornecimento, preço e pagamento, como seria a regra de qualquer contrato celebrado entre duas partes em qualquer lugar do mundo. Por quê a Ucrânia não assina este contrato?

Em quarto lugar, porquê a Ucrânia propositadamente reteve, ilegalmente, o abastecimento de gás da Rússia para os parceiros da UE? Esta não é a primeira vez que a Ucrânia tenha violado acordos internacionais, com o intuito de tornar a Rússia mal vista aos olhos do resto da Europa, que por sua vez deverá, se quer culpar alguém, fazer um esforço para descobrir os fatos antes de fazer reclamações ridículas contra a Rússia, como de costume.

Em quinto lugar, por quê razão a Ucrânia não pague as suas dívidas à Rússia? É tudo muito bem abraçar um belo modelo económico do estilo ocidental - economia de mercado - o tipo que está agora com tantos problemas, mas quando se trata de pagar, parece que Kiev tem um problema. Por que o gás russo deve ser para a Ucrânia bezplatno (grátis)?

Finalmente, por quê a imprensa ocidental não relatou que a Rússia tem insistido em organizar um encontro entre os dois lados para chegar a um acordo de médio prazo após um adequado e maduro processo de negociação entre os representantes das empresas de gás, as autoridades do sector de energia, observadores da UE e representantes de reconhecidas empresas de lei internacionais?

Mais uma vez, Moscovo tem o direito e a razão no seu lado mas isso é ignorado pela comunidade internacional. A solução é perfeitamente simples. Se Ucrânia quer adotar uma economia de mercado, a seguir deve pagar preços de mercado. Se Ucrânia não quer aprofundar laços com Rússia, então deixe-a pagar o mesmo preço que seus sócios europeus ao ocidente, isso depois de pagar as suas dívidas e após ter assinado um contrato.

Kiev pode desejar comportar-se como um vaqueiro, mas Moscovo não, nem agora nem nunca. E como quer comportar-se a União Europeia?

Dados da conversação telefónica de Kremlin.Ru

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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