Droga liberada

O exemplo mais preponderante vem dos Estados Unidos da América. Anualmente se gasta muito mais na produção de armas de destruição em massa que em educação e saúde. O absurdo é que este disparate não causa estranheza para o mundo. Aprenderam a lição do bang-bang. De um lado estão os mocinhos. Do outro, os bandidos. Percebam a dualidade: bons e maus. A classificação é indispensável para a compreensão da brincadeira.

Platão, filósofo grego, posterior a Sócrates e anterior a Aristóteles, usava a simbologia do carro puxado por dois cavalos. Um representava a matéria, ruim. Outro representava o espírito, bom. Corpo e espírito. Este princípio é ainda o sustentáculo de muitas religiões que defendem a purificação do corpo e a salvação da alma.

Decorridos séculos e séculos, o conceito de humanidade está restrito a esta teoria de quase 3 milênios atrás. A ciência evoluiu. O conhecimento é exponencial. O aprendizado de relacionamento permite avanços significativos. No entanto, os bons e maus sustentam o discurso brilhante e ultra conservador do Grande Bush.

A causa da paz não dá dinheiro. A causa da guerra faz bilionários. A essência deste negócio é disseminar a discórdia, plantar temeridade, alimentar fantasias, mitos, medos.

A organização do segmento é brilhante. Os únicos compradores oficiais são os estados. A margem de contribuição é a maior de todas. Para se ter uma vaga noção, enquanto a indústria convencional opera com 20% de resultado, a indústria bélica ultrapassa 200%. Existe a taxa de periculosidade, a taxa de risco, a taxa de lobby, a taxa da estratégia e por aí afora.

Para os armamentos chegar às mãos de particulares, depende de atravessadores de estados. A liderança continua sendo norte-americana.

Para alimentar o processo é necessário armar potenciais oponentes.

O marketing da guerra é emocional. Atua sobre ícones do oponente. Pearl Harbor é um alvo clássico. Na segunda guerra, em 1942, os japoneses pressentindo a possível ameaça dos americanos, atacaram a base do pacífico pretendendo sinalizar a não conveniência do conflito. O tiro saiu pela culatra. Interferiram no emocional do Tio Sam.

A guerra fria foi excelente para o negócio bélico. Quando perdeu força, os estrategistas precisavam reaquecer a demanda. Atingiram o objetivo com o projeto do terrorismo. As vendas voltaram a disparar. Os lucros são fantásticos.

Muitos previam a próxima etapa como sendo a guerra das civilizações. As diferenças culturais e religiosas facilitariam grandes desentendimentos. Pode ser a bola da vez.

A grande jogada é estabelecer a região prioritária do conflito. É óbvio que todas se localizam bem distante dos Estados Unidos da América. Exemplos: Afeganistão, Iraque e assim em diante.

O desafio de todos que querem a paz é encontrar uma fórmula para satisfazer a ganância da indústria bélica. Idéia para brainstorming: um imposto polpudo para ser repartido entre todos os fabricantes de armas que entrassem em recesso. Enquanto isso, a droga está liberada. Parece que a paz precisa ser comprada.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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