Os dados são alarmantes. No Brasil, a cada três mortes de pessoas adultas, duas são homens. Eles vivem, em média, sete anos a menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer e diabetes, além de colesterol e pressão arterial mais elevados. A razão pode estar em problemas culturais. Normalmente, os homens só procuram os serviços de saúde quando já estão doentes. Para mudar esta realidade, o Ministério da Saúde lançou, na última semana, a Política Nacional de Saúde do Homem, que terá investimentos de R$ 613,2 milhões.
A intenção é facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde. O plano prevê o aumento de até 570% do valor repassado às unidades de saúde por procedimentos urológicos e de planejamento familiar, como vasectomia, e a ampliação de até 20% no número de ultrassonografias de próstata. Por meio da iniciativa, o governo federal quer que pelo menos 2,5 milhões de homens na faixa etária entre 20 e 59 anos procurem o serviço de saúde ao menos uma vez por ano.
Pesquisa para subsidiar nova política ouviu 250 especialistas
Entre os subsídios para a nova política está uma pesquisa feita com sociedades médicas brasileiras e conselhos de saúde. Divulgado em 2008, o levantamento ouviu cerca de 250 especialistas e mostrou que a população masculina não procura o médico por conta, principalmente, de barreiras culturais. A demora na procura gera custos altos ao SUS e sofrimento ao paciente e à família. Em vez de serem atendidos no posto de saúde, perto de casa, eles precisam procurar um especialista e passar por um tratamento mais difícil.
Isso coloca um desafio ao Sistema único de Saúde (SUS), já que vai exigir do sistema mudanças estruturais, inclusive com o treinamento de profissionais para que olhem de forma mais atenta a essa população, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
A nova política coloca o Brasil na vanguarda das ações voltadas para a saúde do homem. O País será o primeiro da América Latina e o segundo do continente americano a implementar uma política de atenção à saúde da população masculina, atrás apenas do Canadá. A política está inserida no contexto do Programa Mais Saúde: Direito de Todos, lançado em 2007 pelo Ministério da Saúde para promover um novo padrão de desenvolvimento focado no crescimento, bem-estar e melhoria das condições de vida do cidadão brasileiro.
Investimentos serão aplicados até 2011
O investimento previsto no Plano de Ações decorrente da política será de R$ 613,2 milhões até 2011. Veja, abaixo, os recursos previstos para as diferentes ações do plano entre 2009 e 2011:
R$ 455 milhões para capacitação e treinamento de profissionais de saúde. Desse total, R$ 91 milhões serão exclusivos para o atendimento da população masculina;
R$ 105,6 milhões para o aumento no número de vasectomias, ultrassonografias de próstata e de cirurgias para doenças do trato genital masculino;
R$ 27 milhões para compra de insumos e equipamentos e contratação de recursos humanos;
R$ 17,6 milhões para ações educativas e de comunicação para incentivar os homens a procurar os serviços de saúde;
R$ 8 milhões divididos entre os estados e o DF para que eles preparem um Plano de Ação.
MS
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter