A inserção da biomassa na matriz brasileira de energia elétrica é o último tema da série Brasil de todas as fontes, publicada pelo Em Questão. Reconhecido internacionalmente como um dos maiores e mais eficientes produtores de açúcar e álcool, o Brasil criou as condições para que, a partir deste ano, a biomassa do bagaço e da palha de cana-de-açúcar amplie gradativamente sua participação na geração de energia elétrica para o mercado regulado brasileiro.
Fonte de energia limpa, renovável e sustentável, a biomassa ganhou maior relevância na geração de eletricidade a partir de uma política pública do governo federal, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa). Essa iniciativa permitiu a definição de um marco regulatório que prevê incentivos para transformação de usinas de álcool em termelétricas a biomassa, conexão à rede elétrica, financiamento e leilões específicos para essa fonte.
Excedente - Apesar de muitas usinas já utilizarem a biomassa para a geração da energia consumida na própria unidade, a comercialização do excedente no mercado regulado é um fenômeno recente no País. A participação nos leilões promovidos pelo governo federal se deu a partir de 2005 e se consolidou com a realização do primeiro leilão de energia de reserva exclusivo para biomassa, realizado em 14 de agosto. O pregão garantiu a contratação de 2,3 mil MW de 31 usinas, com investimento previsto de R$ 4,5 bilhões. Na estratégia do governo, essa energia será utilizada como suprimento de reserva em períodos de menor oferta de outras fontes.
Vantagens - O bagaço e a palha representam dois terços da energia da planta, o que faz da biomassa uma alternativa competitiva e de grande apelo comercial. No Brasil, essa fonte permite também a geração descentralizada, ou seja, a energia poderá ser produzida em diferentes regiões a partir de tecnologia e equipamentos desenvolvidos e produzidos pela indústria nacional. Outra vantagem é a complementaridade da geração quando associada à fonte hídrica por conta de haver mais biomassa disponível no período de seca, justamente quando os reservatórios das hidrelétricas apresentam níveis mais baixos de armazenamento.
No aspecto ambiental, a grande vantagem da biomassa como combustível de termelétricas é o fato de essa fonte permitir um balanço muito mais sustentável na produção de energia por conta da absorção de gases de efeito estufa na etapa agrícola, o que não ocorre com térmicas que usam derivados de petróleo.
Transformação - A cana-de-açúcar em seu estágio de colheita no campo é composta pelo colmo, as folhas e os ponteiros. O colmo é levado para as usinas e dele é extraída a matéria-prima principal da indústria sucroalcooleira, o caldo. Após a extração do caldo, a biomassa constituída das fibras moídas (bagaço) resulta como subproduto desse processo.
Os resíduos de biomassa da cana-de-açúcar podem ser preparados de forma relativamente fácil para obtenção de energia devido à pouca umidade e à facilidade em serem pré-processados. O processo de geração de energia elétrica se dá com a queima do bagaço de cana em caldeiras que possuem uma fornalha que queima a matéria orgânica e aquece a água. Desta forma, produz-se o vapor que movimentam as turbinas que, em seguida, vão acionar um conjunto de geradores de energia elétrica.
Equipamentos - A co-geração da biomassa é apontada como a melhor solução de complementaridade termelétrica por conta, entre outros motivos, da eficiência dos equipamentos em relação a seu custo. O avanço tecnológico nos modelos de caldeiras para usinas de biomassa gerou efeito positivo no setor. Os equipamentos estão mais robustos e capazes de colocar a energia no mesmo patamar econômico do açúcar e do álcool entre os subprodutos da cana. A potência dos equipamentos produzidos hoje chega a 60 MW, praticamente o dobro da capacidade de turbinas tradicionais. Com os geradores ocorreu movimento semelhante. Além de aumentarem a potência, ganharam rendimento.
Futuro - Uma dos saltos tecnológicos previstos para os próximos anos é a gaseificação do bagaço da cana que, diferentemente da queima direta do bagaço para gerar calor, consiste no aquecimento da biomassa em presença de oxigênio, obtendo-se um gás combustível que pode ser usado para acionar turbinas especialmente criadas para este fim.
O aproveitamento da palha para gerar vapor e, conseqüentemente, energia, também deve se tornar realidade em algumas usinas sucroalcooleiras no curto prazo. De acordo com o Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, a expectativa é de que o uso do bagaço e da palha simultaneamente na geração de energia elétrica na safra 2010/2011 garanta uma produção de 4.407 MW médios, contra 2.715 MW médios se apenas o bagaço for aproveitado.
Vantagens da biomassa na geração de energia elétrica
- É altamente competitiva, se comparada a fontes tradicionais;
- Energia é armazenável e renovável;
- Produção descentralizada com menores perdas;
- Aumento da segurança energética por conta da complementaridade com a fonte hídrica;
- Balanço positivo de CO2, pois fixa mais CO2do que libera na queima.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
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