A esquerda latino-americana deve se organizar e convencer, diz Sader

A esquerda latino-americana deve se organizar e convencer, diz Sader

 Londres, 18 de outubro (Prensa Latina) Você pode fazer um governo muito bom e as pessoas não percebem que sua vida melhorou, disse o cientista político brasileiro Emir Sader, analisando o declínio dos governos progressistas na América Latina.

 

Sader, descendente de libaneses, conversou com a Prensa Latina ao passar por esta capital, onde também se encontrou na sede do King´s College, em Londres, com estudantes e membros da colônia brasileira com sede no Reino Unido.



Segundo o analista, um elemento comum a todos os governos progressistas que cederam o poder na América Latina nos últimos anos é que perderam o apoio dos setores populares aos quais se beneficiaram precisamente de suas políticas sociais.



Nem sempre é culpa das autoridades, que geralmente fazem as melhores políticas sociais que podem, mas da esquerda como um todo, que precisa organizar e convencer os beneficiários, disse o coordenador do Laboratório de Política Estadual da Universidade Estadual. do Rio de Janeiro.



Na sua opinião, partidos, sindicatos e movimentos sociais deveriam se esforçar para explicar às pessoas que sua melhoria foi devido a uma política do governo focada nelas.



A questão ideológica de convicção e organização das massas é muito importante, reiterou o cientista político brasileiro, para quem outro elemento extremamente desestabilizador é a campanha e a manipulação da mídia que a imprensa emprega a serviço da direita.



Nesse sentido, destacou que as acusações de corrupção contra os governantes são um elemento predominante nessa ofensiva e citou os casos dos ex-processos judiciais Luis Inácio Lula da Silva, do Brasil, Cristina Fernández, da Argentina, e o equatoriano Rafael Correa.



Esses são os mecanismos que levaram à ofensiva do direito, para desviar a atenção das políticas sociais, afirmou.



Sader prevê, no entanto, que o retorno ao poder da direita terá vida curta na maioria dos países onde conseguiu se reposicionar, e citou o caso do presidente argentino Mauricio Macri, que, a julgar pelos resultados pré-eleitorais, está caminhando para um quase certo derrota nas próximas eleições.



A questão central é que essa política neoliberal também não conquista bases populares de apoio, porque mesmo com todas as concessões que faz aos empresários privados, ela não permite o crescimento da economia, explicou.



De acordo com Sader, no início do neoliberalismo, no final do século passado, havia uma hiperinflação que os governantes tentavam controlar, e de alguma forma eles conseguiram, mas agora, ele disse, eles não têm nada a oferecer.



Eles são um fracasso de todos os pontos de vista, observou ele.





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