Hospício Brasil: chapeiro vira embaixador e cachorros loucos invadem Parati
(Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
"Enquanto Eduardo Bolsonaro, o 03, fala as maiores barbaridades em entrevistas para justificar sua nomeação, como se fosse a coisa mais normal do mundo, os cachorros loucos da boçalidade triunfante largaram as redes sociais para invadir Parati com motos, bandeiras, hinos e rojões, anunciando a bárbarie, sob a proteção da polícia witzeliana", descreve o jornalista Ricardo Kotscho. "É muita loucura junta pra minha cabeça", desabafa
Por Ricardo Kotscho, por Balaio do Kotscho e Jornalistas pela Democracia - É muita loucura junta pra minha cabeça.
Já disse aqui outras vezes que o problema do Brasil não é político nem ideológico, é psiquiátrico.
O bolsonarismo demente está deixando todo mundo maluco e já não se sabe mais quem é médico ou paciente neste grande hospício chamado Brasil. Embolou geral.
As últimas ações do governo estão desmoralizando as fake news: é tudo verdade. Ninguém é capaz de inventar tanta insanidade.
Para ser embaixador agora basta ser chapeiro de hambúrguer, saber falar inglês e ser amigo da família Trump, além de filho do presidente, é claro.
Enquanto Eduardo Bolsonaro, o 03, fala as maiores barbaridades em entrevistas para justificar sua nomeação, como se fosse a coisa mais normal do mundo, os cachorros loucos da boçalidade triunfante largaram as redes sociais para invadir Parati com motos, bandeiras, hinos e rojões, anunciando a bárbarie, sob a proteção da polícia witzeliana.
Em cenas histéricas, que lembram a invasão das milícias nas comunidades, montados em potentes motocicletas e atirando bombas para o alto, eles fizeram sua entrada triunfal na pacata Parati para protestar contra o jornalista americano Glenn Greenwald, que teve a ousadia de desafiar Sergio Moro, o herói deles.
Queriam impedir no grito e na marra a participação do editor do The Intercept num debate da Flip, a grande feira literária que todo ano celebra a cultura, algo insuportável para os bolsominions.
Viramos um filme de horror ao vivo.
Como conta a repórter Patrícia Campos Mello, na Folha, tiveram que montar uma operação de guerra, com lancha e guarda costas para escoltar o jornalista até o local onde ele iria falar.
Com colete salva-vidas, o jornalista chegou são e salvo até o cais onde está ancorado o barco pirata da Flipei, programação paralela da Flip, onde ele falaria no começo da noite.
Greenwald não se intimidou e mandou ver:
"A máscara do Moro caiu. Todos sabemos que esse juiz tirou o candidato que a maioria dos brasileiros disse que queria como presidente. Eles o condenaram porque pensam que seus gestos são todos justificados, que estão acima da lei. E ele não só fez isso como também foi responsável, em 2016, pelo impeachment de Dilma. Ele só conseguiu fazer isso porque ninguém o estava investigando".
É verdade. Por onde andavam os perdigueiros do nosso valente jornalismo investigativo nestes cinco anos da Operação Lava Jato, em que serviram como porta-vozes de Moro?
Só depois que Greenwald sozinho começou a denunciar a grande farsa da Lava Jato é que resolveram se interessar pelo assunto, como ele contou em sua palestra:
"Estamos muito mais perto do começo do que do final. Quando perceberam a importância do material, todos os jornalistas do Brasil nos procuraram querendo trabalhar com a gente como parceiros. Todos, menos, um, a Globo. Para os jornalistas da Globo, é crime fazer jornalismo".
Sim, no Brasil desembestado dos bolsonaros, é crime fazer jornalismo, defender os direitos humanos, ser contra a liberação de armas para a população, preservar o meio ambiente, proibir o trabalho infantil e lutar contra o extermínio da previdência social.
Se eles têm o poder de vida e morte sobre os cidadãos desarmados e nomeiam um chapeiro para ser embaixador do Brasil em Washington, como é que um jornalista americano, ainda por cima gay, casado com outro homem, tem a petulância de denunciar a bandalheira que levou Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto?
Entre mortos e feridos, desta vez, salvaram-se todos.
Mas as milícias daquele alemão de bigodinho que inspira os cachorros loucos nativos também começaram assim, soltando fogos de artifício, antes de avançar sobre a população com fuzis de verdade e implantar o mais terrível regime político já visto no mundo.
Espero apenas que este 13 de julho em Parati não fique para a história como o início de uma ofensiva contra as liberdades públicas, em que a guerra virtual saiu das redes para as ruas e mostrou a sua cara assustadora.
Amigos, não é normal o que está acontecendo, por mais que tudo pareça uma grande brincadeira, mera farra de uma matilha de fanáticos fundamentalistas, que estão se vingando do mundo, mas logo voltarão pra casinha.
Nada garante que esta seja apenas uma alucinação passageira.
Eles estão soltos por aí, depois de derrubar as grades do hospício.
Agora, quem poderá levá-los de volta?
Bom fim de semana.
Vida que segue.
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