As redes de TV dos Estados Unidos enfrentam um dilema com o iminente enforcamento de Saddam Hussein, que deve ser gravado e talvez transmitido por emissoras iraquianas.
Ainda não se sabe quando Saddam subirá ao cadafalso, mas na noite de quinta-feira vários canais dos EUA disseram que o ex-ditador seria entregue dentro de 36 horas pelos militares dos EUA ao governo iraquiano, para ser enforcado antes do início do feriado islâmico do Eid Al Adha, neste final de semana.
Saddam foi condenado à morte em novembro por um massacre de 148 xiitas em 1982.
Várias fontes disseram que o enforcamento será gravado pelo governo iraquiano, mas não se sabe se as imagens serão exibidas. Na terça-feira, o governo iraquiano divulgou vídeos do enforcamento de 13 condenados.
Na quinta-feira, pelo menos duas redes dos EUA realizaram reuniões internas em suas sedes para decidir como lidar com eventuais imagens explícitas da morte de Saddam.
A ABC e a CBS decidiram que não vão exibir a execução inteira, mesmo que tenham as imagens. 'Estamos muito conscientes de que estamos entrando na sala das pessoas e que pode haver crianças assistindo', disse Linda Mason, vice-presidente da CBS News.
Phil Alongi, produtor-executivo da NBC News para coberturas especiais, disse que há formas de exibir vídeos ou fotos de forma informativa, mas sem chocar o público.
Bob Murphy, vice-presidente da ABC News, disse que há regras 'muito rígidas' para esse tipo de material, que incluem sua aprovação pela direção do canal. 'Faremos um julgamento do bom gosto e da adequação do que mostraríamos.'
A CNN e a Fox News ainda discutem como tratar o assunto caso tenham imagens da execução. Não foi possível ouvir a Al Jazeera, que, ao contrário do que muitos imaginam, nunca exibiu execuções.
Um enforcamento seria algo inédito na TV dos EUA, mas a guerra do Iraque já provocou várias polêmicas por suas imagens de violência explícita. Em julho de 2003, militares dos EUA divulgaram fotos dos dois filhos de Saddam que haviam sido mortos num confronto na cidade de Mosul.
'Editamos as fotos para mostrar só o que fosse adequado, o que achávamos adequado', disse Murphy, da ABC News. '(O que foi mostrado) exibia o suficiente dos corpos para que ficasse claro que eram eles, mas não nos estendemos nisso.'
Nenhuma rede mostrou a decapitação do norte-americano Nick Berg, sequestrado e morto no Iraque em maio de 2004, apesar de as imagens terem sido entregues por militantes aos canais.
É muito possível que o vídeo da execução de Saddam caia na Internet, mas os executivos ouvidos pela Reuters dizem que isso não vai influenciar suas decisões.
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