(...) no dia 25 de novembro, foi realizada em Brasília uma linda manifestação, que contou com a participação de mais de 10.000 ativistas dos movimentos sindical, estudantil e dos trabalhadores rurais, que vieram protestar contra as contra-reformas promovidas pelo Governo Lula e reivindicar as reformas universitária e sindical e uma reforma agrária real, o que lamentavelmente não está sendo executada, porque toda a política do Governo está centrada em um único objetivo: atender aos interesses do mercado financeiro, do FMI e pagar os juros das dívidas interna e externa.
Logo após essa grande manifestação que reuniu vários sindicatos importantes, como o ANDES-Sindicato Nacional; DCEs; Executivas do Curso; militantes do movimento dos sem-terra ligados ao Movimento Terra, Trabalho e Liberdade MTL, os militantes pela reforma agrária tiveram audiência com o Superintendente-Geral do INCRA, que lhes disse não haver mais dinheiro, este ano, para fazer qualquer desapropriação para a reforma agrária. Indignados com a notícia, centenas de militantes do MTL, acampados em Brasília desde segunda-feira da semana passada, dirigiram-se ao INCRA para protestar contra a falta de uma verdadeira política de reforma agrária no Governo Lula, quando foram violentamente reprimidos pela polícia.
Vários militantes foram brutalmente espancados: a advogada do MTL, a companheira Marilda Ribeiro, foi agredida por policiais enquanto tentava negociar; dirigentes de meu partido, o P-SOL, os companheiros Martiniano Cavalcanti e Roberto Robaina, também foram brutalmente agredidos pela polícia, chutados e espancados, em frente ao INCRA; além de vários outros trabalhadores rurais. Estudantes que lá estavam se manifestando em solidariedade ao MTL também foram espancados. Enfim, assistimos a uma brutal repressão contra o MTL, que vem dando grande exemplo de combatividade e luta pela reforma agrária em nosso País.
O Governo, por seu turno, tem tratado o MTL a pão e água: nesse 2 anos, nenhuma fazenda foi desapropriada para assentar os militantes. A última reunião que o Governo teve com o Movimento, inclusive com participação do Ministro Miguel Rossetto, foi no dia 26 de maio, quando ficou estabelecido um conjunto de compromissos por parte do Governo: desapropriações, assentamento das famílias acampadas, crédito, assistência técnica, novas vistorias. Passados mais de 6 meses da reunião, o Governo não cumpriu absolutamente nada.
Portanto, Sr. Presidente, em nome do P-SOL, manifestamos nosso repúdio a brutal ação da polícia e nossa solidariedade aos companheiros agredidos. Depois desse episódio, eu e o Deputado Babá cobramos, pessoalmente, do Superintendente do INCRA, Sr. Guedes, explicações sobre a conivência com a ação da polícia ocorrida à frente daquela instituição.
Queremos fazer um alerta ao Governo: se continuar trata ndo o MTL dessa forma, sem atender a nenhuma reivindicação e sem fazer concessões, o Governo estará declarando guerra ao Movimento Terra, Trabalho e Liberdade. O Governo não negocia em termos reais, porque não existe negociação quando não há concessões.
O Governo Lula não tem feito nenhuma concessão ao MTL, aos movimentos que lutam pela terra de modo geral. Para o MST, o maior dos movimentos que lutam pela terra, as concessões são muito reduzidas. A reforma agrária está completamente emperrada no País. O Plano Nacional de Reforma Agrária, elaborado pelo companheiro Plínio de Arruda Sampaio, foi jogado na lata de lixo por este Governo que, em relação ao MTL, tem uma postura totalmente intransigente e de não-atendimento às suas reivindicações. Por isso, Sr. Presidente, esta realidade tem de mudar. Muito obrigada.
Luciana Genro
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