1) A base de comparação utilizada é com o ano de 2003, quando houve queda do produto.
2) O crescimento observado concentra-se nas áreas de exportação e de bens de consumo duráveis, enquanto os setores produtores de bens não duráveis, onde se concentra o consumo das massas, apresenta um comportamento distinto, com alguns de seus segmentos estagnados ou mesmo em queda.
3) O crescimento apurado efetivamente é ainda muito baixo para ter qualquer efeito relevante sobre a geração de emprego.
4) A renda do trabalho cai pelo quinto ano consecutivo.
5) Esse crescimento não reduz a vulnerabilidade externa do país que, ao contrário, tende a agravar-se diante do elevado nível de endividamento externo, baixas reservas internacionais, crescente desnacionalização (inclusive, da infra-estrutura) e regressão do sistema nacional de inovações.
Fonte: DIVERSOS AUTORES, Manifesto dos Economistas, novembro de 2004.
http://www.forumfbo.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=91&sid=46
Estarão cegos nossos governantes? Na verdade o processo de "mudança" - não aquela que nós queríamos, mas a mudança de atitude dos próprios governantes - é mais amplo e muito bem explicado. Veja o trecho de Paulo Freire no famoso "A Pedagogia do Oprimido" (39 edição, 1987):
"(...) Nem sempre o sectarismo de direita provoca o seu contrário, isto é, a radicalização do revolucionário. Não são raros os revolucionários que se tornam reacionários pela sectarização em que se deixam cair, ao responder à sectarização direitista." (p. 25)
Ao contrário, portanto, de muitos dos movimentos sectários da esquerda, o Manifesto dos Economistas explicita claramente e com transparência as alternativas, mostrando a falta de vontade política dos mandatários do governo "de esquerda" Lula:
1. Reduzir drasticamente a atual taxa de juro básica (Selic), que serve para remunerar os títulos públicos; portanto, a taxa de juro passa a ser focada no ajuste das contas públicas;
2. Desvincular a taxa de redesconto (que remunera os empréstimos do Banco Central aos bancos) da taxa Selic, liberando o Bacen para a utilização ativa das taxas de redesconto, depósitos compulsórios e cobrança de IOF como formas de regulação seletiva do crédito;
3. Estabelecer mecanismos de controle no fluxo de entrada e saída de capitais externos do país, controlando a conta de capitais, com o objetivo de impedir a evasão externa de divisas, em face da queda da taxa de juros;
4. Interromper a captação de recursos externos pelo setor público, recompor de forma contínua as reservas internacionais do país e estabelecer critérios para o processo de endividamento externo privado;
5. Promover a redução do "spread" e dos custos dos serviços dos bancos privados por meio da rivalidade agressiva derivada da oferta de crédito e de serviços financeiros pelos bancos públicos;
6. Realizar uma reforma fiscal que priorize os investimentos na economia interna e nos programas sociais e inclua um sistema progressivo de tributação, capaz de acelerar a distribuição da renda e, em conseqüência, o crescimento sustentado da economia e das oportunidades de trabalho;
7. Realizar uma auditoria financeira e social da dívida externa [conforme pede a OAB e prevê a Constituição Federal], para dar transparência e justiça ao processo de endividamento e para tornar efetivo o controle democrático;
8. Administrar a política cambial de maneira favorável às exportações e à substituição das importações, e compatível com o equilíbrio dos fluxos de capitais externos;
9. Reverter o processo de desnacionalização dos setores de produtos não comercializáveis internacionalmente, de modo a reduzir a rigidez das contas externas do país (o que implica cancelar o programa Parceria Público Privado);
10. Utilizar os recursos públicos, ora esterilizados no superávit primário, em programas de dispêndio público voltados para a expansão e melhora dos serviços públicos básicos, como educação, saúde, habitação popular, assim como para investimentos de infra-estrutura e apoio decisivo à agricultura familiar, reforma agrária e economia solidária. Gustavo Barreto
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