Na ocasião, um grupo de intelectuais divulgou o manifesto que segue abaixo. Na semana que vem, divulgaremos a lista com o nome dos assinantes do manifesto.
Além do lançamento do PSOL, em São Paulo, Luciana participou da manifestação orgnizada pelos funcionários em greve das universidades públicas. Luciana Genro é coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa da Universidade Pública e Gratuita e tem apoiado as lutas de docentes, servidores e estudantes em defesa da universidade pública.
Manifesto de intelectuais em apoio à criação do PSOL
As eleições presidenciais de 2002 no Brasil tiveram um resultado inusitado. A tão esperada vitória do Partido dos Trabalhadores e de Lula cedo se revelou como aquilo que parecia ser o sepultamento definitivo das esperanças de transformar este país numa verdadeira Nação.
A submissão incondicional do governo do PT aos interesses financeiros que dominam a cena capitalista há três décadas, seu comportamento digno do fisiologismo e do patrimonialismo mais arcaicos, sua conduta indisfarçavelmente autoritária, o abandono dos princípios socialistas e dos valores republicanos que fizeram sua história, a renúncia aos diagnósticos, teses e propostas de trabalho que marcaram sua vida parlamentar, sua conivência com práticas e procedimentos antes completamente repudiados, tudo isso fez com que se imaginasse, para gáudio de alguns, que estava inteiramente enterrada no Brasil a luta por um outro mundo, um outro país, onde liberdade, justiça e dignidade fossem os valores maiores, onde o horizonte fosse o socialismo.
Mas enganaram-se os que assim pensaram. O luto não se transformou em prostração, em desalento. Pelo contrário. A decepção funda tornou-se combustível para a intensificação da luta. A construção do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) é só uma dentre as várias iniciativas que estão tomando conta do Brasil, desde o reconhecimento de que a vitória de 2002 havia se transformado numa das maiores fraudes da história do país. Mas a criação do PSOL é uma iniciativa de importância singular. Ela viabilizará a tentativa de desentranhar o novo, o utópico, o impensável, do velho, do mundo político caquético, das desgastadas formas da democracia representativa. Um partido novo, radicalmente novo que combine liberdade e democracia, cuja síntese é o socialismo. Esta é a proposta.
Os intelectuais, que estivemos sempre ao lado dessas lutas e desse sonho, que temos feito de nosso trabalho nas universidades e na formação de quadros para o país uma permanente e incansável militância política, não podemos deixar de apoiar esta iniciativa, que terá além de tudo a chance histórica de fortalecer o vínculo entre a política orgânica e a tradição intelectual crítica do Brasil, coisa que o PT, mesmo aquele dos bons tempos, nunca conseguiu fazer. Conclamos, pois, os intelectuais que se identificam com essa luta a engrossarem a corrente e se juntarem a nós. Só assim estaremos à altura das tarefas que a História no momento nos coloca. Só assim estaremos fazendo nossa parte para deter a onda implacável e predatória dos grandes interesses, só assim estaremos contribuindo para impedir que o país continue a se atolar na barbárie capitalista, só assim estaremos evitando que morra de vez o sonho de um Brasil justo, digno e socialista.
Luciana Genro
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