Uma eventual Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o uso de cartões de despesa do governo estadual deve ter como principal foco os saques realizados com este sistema de pagamento de despesas, acredita o deputado estadual de São Paulo Enio Tatto (PT), segundo Terra.
"A possibilidade de fraude no uso de dinheiro vivo é muito maior do que no pagamento débito eletrônico. É possível o uso de notas falsas", disse, na segunda-feira.
O governador de São Paulo, José Serra, anunciou ontem a suspensão de saques com o cartão de despesas. Ele nega que a medida tenha qualquer relação com as denúncias de uso irregular dos cartões, que gastaram em 2007 mais de R$ 108 milhões, sendo R$ 48 milhões em saques, mas admitiu a possiblidade de fraude porque foram "realizadas mais de 500 mil transações em 55 mil estabelecimentos".
Tatto garantiu ter as assinaturas de todos os deputados do PT e do Psol, e espera ainda conseguir convencer deputados da base aliada de Serra a assinarem o requerimento da CPI dos cartões em nível estadual. Com isso, espera chegar às 32 assinaturas necessárias. "Não é possível que todos os 70 parlamentares fiquem na mão do governo estadual", afirmou.
O governador José Serra disse que não vai interferir nas decisões da Assembléia nem orientar deputados tucanos sobre o instalação ou não da comissão. Segundo ele, há interferência da Executiva Nacional do PT em São Paulo para prejudicar o seu governo e fazer o que chamou de "cortina de fumaça". A liderança do PT estabeleceu ontem um prazo para que a base governista recolha as assinaturas para o requerimento da CPI até terça-feira.
O líder do governo no parlamento paulista, deputado Barros Munhoz (PSDB), usou o mesmo termo que o governador na sexta-feira à reportagem do Terra, dizendo que o pedido do PT para que a base governista recolha assinaturas para instaurar a CPI dos cartões "não passa de cortina de fumaça, uma jogada para desviar o foco do que está acontecendo em Brasília".
O líder da bancada do PT, deputado Simão Pedro, reconheceu a dificuldade de o PT aprovar uma CPI como minoria na Assembléia. "Não temos ilusões, sabemos que precisamos do apoio da opinião pública para que aconteça algo semelhante com o que ocorreu na CPI da CDHU", afirmou.
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