Regina Guimarães e Leonor Barata na última semana de Junho no TCSB
A apresentação do livro "Desobedecer às indústrias culturais", de Regina Guimarães, e uma nova sessão da "Dança para pais e filhos", com Leonor Barata, são os destaques da semana na programação do Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra. De segunda a sexta-feira, durante as manhãs, a bailarina e coreógrafa dirige ainda a oficina de dança nas férias de Verão.
Desobedecer às indústrias culturais
Assumindo que as "indústrias culturais" e "criativas" estão "por todo o lado e moldam os produtos artísticos de modo a que eles respeitem os padrões e imperativos comerciais", Regina Guimarães faz uma leitura (muito) crítica de um conceito que parece ter-se naturalizado nas discussões sobre política cultural. Sem deixar de fazer uma leitura mais ampla, de âmbito nacional e internacional, a autora não enjeita a oportunidade para falar a partir da realidade do Porto, que lhe serve como exemplo: "Nas nossas cidades, as indústrias ditas cul... e cria... transformam vento em evento e mostram-se aptas a enquadrar a mega operação de gentrificação do edificado que, na sequência de décadas de abandono e de especulação imobilária, ainda não tinha sido conquistado e/ou investido pelas classes abastadas".
Ao longo do ensaio, Regina Guimarães reconhece a dificuldade em lutar contra a hegemonia do conceito. Mas é aí precisamente que reside o objecto do livro: na desconstrução do que parece adquirido e definitivo e na mostra de experiências e práticas alternativas. Após o enquadramento teórico, que inclui pertinentes clarificações de conceitos como "indústria cultural" (Theodor Adorno e Max Horkheimer) e de "presente líquido" (Zygmunt Bauman), a autora dedica toda a segunda parte do livro aos depoimentos de mais de duas dezenas de colectivos do Porto que trabalham "na aventura da criação sem entraves e da difusão sem rede" - "núcleos, entre si muito diversos, caracterizados por práticas culturais resistentes" e que podem ajudar a reflectir sobre "como desobedecer às indústrias culturais e criativas", de forma a assegurar a diversidade e rejeitar a padronização e a mercantilização.
O livro é o terceiro número da colecção "Cadernos Desobedientes", uma iniciativa conjunta da Deriva Editores e da Cooperativa Cultra. A apresentação em Coimbra será feita por Pedro Rodrigues, sociólogo e produtor teatral n'A Escola da Noite, e contará com a presença de vários colectivos da cidade que, de formas distintas e em áreas diversas, trilham igualmente caminhos alternativos ao conceito dominante. Criação e programação alternativa aos circuitos comerciais, edições de autor, práticas colaborativas e acções de sensibilização ecológica são apenas alguns dos caminhos trilhados por colectivos como a Casa da Esquina, o Clube dos Tipos, o Condomínio Criativo, o Fila K, a Xerefé Edições, a Coimbra em Transição, entre outros, que fazem parte da lista de convidados.
Dança para os mais pequenos
A passagem de Junho para Julho no TCSB faz-se com muita dança. Ao longo da semana (de segunda a sexta-feira, Leonor Barata dirige a oficina "DAS CORES", pensada para crianças entre os 6 e os 12 anos que já estão em férias lectivas. No último dia, pelas 12h30, os participantes mostram ao público o resultado do seu "trabalho".
No Sábado, inaugurando a programação de Julho dos "Sábados para a infância no TCSB", a mesma Leonor Barata dirige aquela que é uma das propostas de maior sucesso desta iniciativa: a oficina "Dança para pais e filhos", destinada a crianças entre os 18 meses e os 4 anos (e respectivos acompanhantes). Os bilhetes custam 10 Euros (adulto+criança) e podem ser reservados pelos contactos habituais do Teatro: 239 718 238 / 966 302 488 / [email protected].
Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo
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