Ernesto Montero Acuña
Com o crescente desemprego atual, será impensável uma solução acertada para a crise econômica, por sua própria natureza, principalmente nos países industrializados.
Em inícios de 2010, o número de desempregados no mundo se incrementara em 34 milhões com relação a 2007, apesar dos meios de difusão e das instituições financeiras divulgarem o suposto declínio da crise.
Num informe de 26 de janeiro passado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) informava que o número de desempregados fora de 212 milhões no mundo em 2009.
Segundo suas Tendências Mundiais do Emprego, baseadas em prognósticos do Fundo Monetário Internacional, o desemprego mantém suas proporções alarmantes em países industrializados.
No ano passado, a taxa aumentou neles em 8,4%, muito acima dos 6,0% de 2008 e dos 5,7% de 2007.
Em fins de 2009, o mexicano José Ángel Gurría, secretário geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), estimou que o desemprego continuaria aumentando em 2010, até beirar os 10%, equivalente a 25 milhões a mais do que em 2007.
Em seu informe Perspectivas do Emprego, assegurava que "a crise financeira e econômica" se havia "convertido rápidamente numa crise do desemprego", incrementado de 5,6% em julho de 2007 para 8,5% em 2009.
Do mesmo modo, previa que o desemprego afetaria os quatro grupos "mais vulneráveis" da população mundial, correspondentes a jovens, imigrantes, trabalhadores temporários e mulheres.
E também fazia o pronostico de que "o pior da crise" ainda estava por vir, particularmente nos países europeus.
Considerava a respeito que na Espanha a taxa de desemprego, então em 18%, continuaria subindo, devido a "seu modelo produtivo" de construção, infraestrutura e turismo.
Atualmente, a União Europeia e os Estados Unidos mantêm uma grave situação laboral, com um desemprego que ronda os 9,5% na União Europeia, e uns 9,7% nos Estados Unidos, taxas muito semelhantes.
Daí que, nos primeiros meses do ano atual, o desemprego se aproxime dos 10% nos polos de maior desenvolvimento, onde continua sua perigosa ascensão, apesar das medidas de governo.
Analistas consideram que as multimilionárias injeções de dinheiro no sistema financeiro não atacam a base do mal, cuja solução depende de medidas que aumentem principalmente a solvência e a capacidade aquisitiva da população.
Especialistas da OIT prognosticam que o número de desempregados nas outras nações desenvolvidas e na União Europeia aumentou em mais de 13 milhões 700 mil entre os anos 2007 e 2009.
Durante esses anos, as economias desenvolvidas -- incluida a Comunidade Europeia -- concentraram mais de 40% de aumento do desemprego, apesar de representarem menos de 16% da força de trabalho mundial.
A elevação da taxa entre 2008 e 2009, por regiões, foi de 2,4% nas economias desenvolvidas e na União Europeia; de 2,0% na Europa Central, Sul Oriental e Comunidade de Estados Independentes; e de 1,2% na América Latina e no Caribe.
Especialistas consideram muito significativo que estas três regiões, por si sós, hajam representado então mais de duas terças partes do incremento, não obstante possuírem só 30% da força de trabalho.
Em relação à América Latina e ao Caribe, a OIT estimou um aumento da taxa de 7,0% em 2008 para 8,2% em 2009, o equivalente a quatro milhões a mais de desempregados.
A própria organização considera que os jovens da América Latina e do Caribe foram as principais vítimas da crise econômica global.
De sua sede regional em Lima, precisa que a crise desempregou 600 mil deles e acumulou, só num ano, sete milhões de jovens desempregados na região.
Dos 104 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos na região, 34% só estudam, 33% unicamente trabalham, 13% praticam ambas as atividades e 20% não desenvolvem nenhuma das duas.
A organização esclarece que só 10% dos que trabalham o fazem mediante contrato estável, 35,1% contam com seguro de saúde e 32,3% se encontram beneficiados por algum sistema de pensão.
Em geral, as estatísticas refletem uma perspectiva incerta para a juventude, chamada a impulsionar o futuro.
O informe Panorama Laboral 2009 da OIT mostra que na América Latina e no Caribe há cerca de 18 milhões 100 mil desempregados, e ainda se ignora a cifra muito superior dos realmente desprotegidos.
A crise econômica cobrou 2 milhões 200 mil postos de trabalho no ano passado na região e incrementou a taxa de desemprego em quase um ponto, de 7,5% para 8,4%.
No mundo, o percentual de trabalhadores na extrema pobreza se situava então entre os 7,0% e os 9,9%, com um incremento de até 3,3 pontos em relação a 2008.
Considera-se muito lamentável que os jovens desempregados hajam aumentado, mundialmente, em 10 milhões 200 mil durante 2009, o maior incremento desde 1991.
A taxa global para este setor populacional se elevou em 1,6 pontos durante o ano passado, até 13,4%, em comparação com 2007.
Sobre a situação laboral no período entre 1995 e 2005, a OIT compendia que os jovens desempregados -- na faixa entre 15 e 24 anos -- aumentaram nesse período e centenas de milhões deles viviam na pobreza, ainda que contassem com alguma ocupação.
A organização estimava urgente responder ao chamado das Nações Unidas para desenvolver estratégias que lhes deem a oportunidade de maximizar seu potencial produtivo mediante empregos dignos.
Nesse período, um terço de 1 bilhão 100 milhões de jovens no mundo buscavam trabalho sem êxito, haviam abandonado essa gestão ou viviam com menos de dois dólares ao dia.
Nessa década, a população juvenil cresceu 13,2%, mas a disponibilidade de empregos para ela só aumentou 3,8%.
Desse modo, os jovens desocupados representavam 44% do total dos desempregados no mundo, apesar de sua participação na população laboral ser de só 25%.
Sua taxa de desemprego foi muito mais alta do que a dos adultos (4,6%) em 2005, tendo aumentado de 12,5% para 13,5%. em 1995
A OIT chamava a atenção, antes da explosão da crise econômica, que a imposibilidade de encontrar um emprego gera a sensação de vulnerabilidade, inutilidade e de estar demais.
Segundo suas estimativas, eram necessários 400 milhões de empregos decentes e produtivos para aproveitar ao máximo o potencial da juventude.
Destacava ao mesmo tempo que as desvantagens relativas para os jovens são maiores no mundo chamado em desenvolvimento, onde representam uma porção mais elevada da força laboral
O diretor geral da OIT, Juan Somavía, considerou então que a incapacidade das economias para criar empregos decentes e produtivos "ameaça danificar as perspectivas econômicas de um de nossos principais recursos".
Assim qualificava "mulheres e homens jovens" afetados pelo déficit de oportunidades de trabalho decente e pelos altos níveis de incerteza econômica.
No mais recente Fórum de Davos, Suíça, insistiu em que "as medidas de recuperação (econômica) devem apontar para a criação de empregos para os jovens", porque 45 milhões de mulheres e homens desse universo ingressam a cada ano no mercado mundial.
A OIT estima que o percentual de trabalhadores com empregos vulneráveis supera internacionalmente 1 bilhão 500 milhões e representa 50,6% da força laboral do planeta.
Entre as cifras alarmantes se inclui que em 2009 os indivíduos nesta condição aumentaram em mais de 110 milhões; que 215 milhões estavam em risco de cair na pobreza e que 633 milhões de trabalhadores e suas famílias subsistiam, em 2008, com menos de 1,25 dólares ao día.
Também, a OCDE estima que "a crise financeira e econômica" elevou rápidamente o desemprego "de uma taxa de 5,6% em julho de 2007 a um recorde de 8,5% em 2009".
Como se pode apreciar, no presente não há perspectiva de diminuição certa do desemprego nos países mais industrializados.
Prognostica-se, ao contrário, seu aumento alarmante, no que é ilustrativo o caso da Espanha, com uma previsão de 21% de desemprego para este ano.
O informe reflete a necessidade de estabelecer urgentemente uma ampla proteção social básica para cobrir os pobres dos efeitos devastadores causados pelas fortes flutuações econômicas.
Mas, influenciado pela crise, o desemprego, originado por condições sistêmicas, provocará em 2010 outros 25 milhões de desempregados em relação a 2007, antes de iniciar-se a recessão, principalmente entre mulheres e jovens.
Por sua vez, a produtividade laboral diminui no mundo, com exceção na Ásia Oriental, Ásia Meridional e Norte da África, e torna mais angustiante a saída do túnel, para todos.
24 de abril de 2010
Ernesto Montero Acuña é jornalista da redação de temas globais de Prensa Latina
Tradução: Sergio Granja
http://www.socialismo.org.br/portal/questoes-sociais/113-artigo/1472-o-desemprego-sem-saida
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