Com a introdução do Merchandise Mout Act, em 1877, o Reino Unido passou a estampar em seus produtos um selo de procedência para proteger a indústria nacional. O mercado na época era dominado pela produção nas colônias britânicas e o principal concorrente eram os alemães. Em princípio, a estratégia do descrédito deu certo, pois os produtos do Reich eram considerados baratos, mas de baixa qualidade, e começaram a sobrar nas prateleiras.
O empresário alemão Wernher von Siemens foi o primeiro a reconhecer que era preciso melhorar a qualidade para aumentar as chances dos produtos alemães no mercado internacional. No começo, a nova filosofia até que deu certo, mas as vendas sofreram nova derrocada entre as duas guerras mundiais.
Somente com a recuperação da economia alemã depois da Segunda Grande Guerra é que o "made in Germany" tornou-se selo de qualidade respeitado internacionalmente. Assim como o Fusca em seu tempo, hoje, os carros das marcas Mercedes ou BMW são símbolos de confiança e precisão. Tanto que, mais de 100 anos depois da criação da fórmula para desacreditar os produtos alemães, o feitiço virou contra o feiticeiro e hoje ela serve justamente como referência de qualidade "made in Germany".
"Made in" x "made by"
A globalização, no entanto, espalhou centros de produção e de montagem por várias partes do mundo. A Airbus, por exemplo, recebe componentes fabricados em diferentes países. Ainda faz algum sentido o selo do "made in", não seria melhor "made by"?
Segundo Hans-Peter Stihl, da fabricante alemã de motosserras Stihl, trata-se mais de uma forma para destacar a alta qualidade dos produtos. O selo assegura a confiabilidade de toda a estrutura de produção e a prestação de serviço de garantia por longo tempo.
"Além do mais, as empresas estrangeiras se comprometeram a atender o controle de qualidade alemão", garante Stihl. Opinião que não é partilhada por outro empresário. Jürgen Schremp, ex-presidente da Daimler-Chrysler, prefere o slogan "made by Daimler".
Há anos, florescem os negócios com produtos falsificados. Além dos perfumes, roupas e discos, a pirataria atingiu também o setor de máquinas. A ousadia é tanta que chegam a ser inventados números de fabricação, ao lado da expressão "made in". "O baixo preço deveria servir de advertência para a má qualidade do produto", adverte Stihl.
Walter Caetano Costa
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