Dezenove de setembro: o Brasil voltou!

Luiz Inacio Lula da Silva, Presidente da República Federativa do Brasil, fez o discurso de abertura da septuagésima oitava Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas – ONU, no dia dezenove de setembro de dois mil e vinte e três. 

Antecedido pelo parágrafo cerimonioso acima, passo à informalidade de meus artigos nada rígidos, para dizer que o nosso Lula fez um dos maiores discursos já produzidos por um chefe de Estado na tribuna da ONU. 

Durante todos esses anos, vários líderes participaram e levaram suas mensagens para o mundo. Em 1998, Nelson Mandela, fez seu último discurso na Assembleia Geral da ONU como o primeiro Presidente democraticamente eleito na África do Sul.  

Em dezembro de mil novecentos e setenta e nove, Fidel Castro, Presidente de Cuba, disse na ONU: “Não vim aqui como profeta da revolução; não vim pedir ou desejar que o mundo se convulsione violentamente. Vimos falar de paz e colaboração entre os povos, e vimos advertir que se não resolvemos pacífica e sabiamente as injustiças e desigualdades atuais o futuro será apocalíptico. O ruído das armas, da linguagem ameaçante, da prepotência no cenário internacional deve cessar. Basta já da ilusão de que os problemas do mundo podem se resolver com armas nucleares. As bombas poderão matar os famintos, os doentes, os ignorantes, porém, não pode matar a fome, as enfermidades, a ignorância. Não podem tampouco matar a justa rebeldia dos povos e no holocausto morrerão também os ricos, que são os que mais têm a perder neste mundo”. 

Fidel era um líder confrontando os países poderosos e ricos do alto de sua luta justa e revolucionária. Sua fala tinha o tom das rajadas das metralhadora que ecoaram nas escarpadas montanhas de Sierra Maestra, na insurreição guerrilheira no final nos anos 1950. 

Em setembro de 2009, o líder líbio, Muammar Kadafi, investiu pesado durante seu longo discurso de uma hora e 30 minutos na ONU contra o poder antidemocrático do Conselho de Segurança, e insistiu na transferência de poderes à Assembleia Geral, onde todos os países estão representados. 

Líderes considerados polêmicos são os que mais reivindicam igualdade, preservação do meio-ambiente e desarmamento. Por isso não conseguem assento no Conselho de Segurança da ONU. 

Lula, como fez em outras oportunidades em que abriu a Assembleia, atacou as potencias bélicas, defendeu a democracia, pediu liberdade para o jornalista Julian Assange, o fim do embargo a Cuba, cobrou ações dos países ricos contra a fome, falou sobre igualdade racial, de gênero, desenvolvimento sustentável, precarização do trabalho, justiça social, juventude, emprego, solidariedade e fraternidade. 

A diferença era que Lula,  pela primeira vez, não era um ex-sindicalista panfletário na porta de uma fábrica e nem o presidente do maior partido de esquerda da América Latina. O mundo assistiu toda a sua trajetória de perseguição e sofrimento, sua prisão e luta por justiça.  

A história de Lula representa a própria remissão do Brasil, após várias tentativas de sequestro da nossa democracia.   

Apesar da cara de pangaré com fome de Arthur Lira e da indiferença protocolar de Zelenski durante os aplausos, o que vimos foi o reconhecimento a um Estadista, a maior liderança do Sul Global e uma das maiores do Planeta, que fez com que todos percebessem, irrefutavelmente, que o Brasil voltou. 

“Agora sim, a história terá que contar com os pobres da América, com os explorados e vilipendiados, que têm decidido começar a escrever por si próprios, para sempre, sua história.” Che Guevara, na 19ª Assembleia Geral da ONU, em 1964. 

 

Ricardo Mezavila 

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