Lula: Peru de fora se manifesta

Peru de fora se manifesta


por Pedro Augusto Pinho

Sempre me convenceram que os profissionais eram as pessoas habilitadas, as únicas que deviam tratar dos assuntos, quaisquer assuntos.

No entanto, em oito anos de governo, um professor, profissional de educação, doutor em ciência social, não construiu uma única escola, não trabalhou pela melhoria do ensino e ainda aviltou a remuneração dos professores.

Atitude diametralmente oposta a de um operário metalúrgico, que, também em oito anos, construiu mais escolas técnicas do que todos governos em 500 anos de história do Brasil, ampliou a rede de ensino superior, com universidades federais, e, em consequência, deu mais emprego, valorizou a profissão de professor.

O peru de fora se manifestou e o País ganhou. Longe, muito longe de mim qualquer pretensão em ser um gênio, como Lula, ou ter a capacidade de analisar a política, a mais nobre atividade humana, e também a mais complexa, com o saber de um militante, de um profissional.

Mas me move escrever estas considerações para tentar aclarar, entender um pouco mais o futuro sombrio no qual a ditadura jurídico-midiática lançou o Brasil.

Comecemos pelo cenário internacional.

Parece óbvio para todos o poder extraordinário obtido pelo sistema financeiro internacional, que abrevio por banca. Ele não só domina as finanças, mas a economia, as comunicações de massa, a política e, até mesmo, estados nacionais. Não apenas pobres e indefesos estados africanos e latino-americanos, mas a poderosa França, antigo Império Colonial.

Quem, também neste cenário internacional, combate a banca. De início os BRICS, talvez os RICS, pois o Brasil golpista é um país da banca. Sobram, portanto, a China e a Rússia, duas potências, a Índia e a África do Sul.

O que deseja a banca? Que nos importe, mais diretamente, a apropriação das riquezas, naturais e construídas, brasileiras, ocupar nosso território, fértil para produção agropecuária e biodiversificado, e em seguida destruir o Estado Nacional, como já fez na Líbia, no Iraque, e está em processo na Ucrânia e no Afeganistão.

AS Forças Armadas serão extintas, alguns de seus membros aproveitados para as milícias, protetoras das instalações de produção e/ou fabricação estrangeiras, no Brasil. O mesmo que ocorre na Líbia e no Iraque. O que restará de Brasil? A miséria e a morte, esta também objetivo da banca que combate o crescimento demográfico e a pressão que a população faminta pode fazer sobre seus bens.

Como a banca aumentará seu poder em nosso País, onde já governa por seus capitães do mato? Com a crise.

Talvez meu caro leitor não se lembre, mas foram as crises, que tiveram início na segunda metade do século XX, em 1967, 1973, 1979, prosseguiram e chegaram ao século XXI (2000, 2001, 2008, 2010), com intensidades e objetivos diferentes, que a banca chegou a este poder que exibe hoje.

De um modo muito geral, posso dizer que as crises significam uma distância entre a existência física de um bem e a quantidade de papéis que são especulados nas bolsas com base neste mesmo bem.

Exemplificando: um barril de petróleo, um bushel ou uma tonelada ou uma saca de grão (soja, milho, trigo) tem no mercado de commodities 10, 20 , 100 vezes mais, em papeis, do que os produzidos, do que os fisicamente existentes.

São os derivativos, que também incluem, nas mesmas razões, hipotecas, imóveis, moedas e outros bens. Veja, por exemplo, a guerra que está sendo travada do dólar com o euro, com o yuan, em menos intensidade, com o rublo.

A qualquer instante, a falta de cobertura por um banco comercial ou um banco central poderá desencadear a nova crise. Um tsunami, não uma marolinha destruindo economias e fortunas individuais.

Em 2014, acreditava que esta diferença (produto real/produto em papel) já era suficientemente grande para eclodir uma crise. Não facilmente administrável, com prejuízos localizados, como a Europeia de 2010. Mas de um poder igual ou, mais provavelmente, maior do que a de 2008. Não ocorreu. Atribui á eleição estadunidense, onde a vitória de Hillary Clinton era dada como certa por quase a unanimidade dos analistas políticos e pela mídia dos Estados Unidos da América (EUA).

Como candidata da banca, Hillary saberia conduzir as finanças públicas da maior economia do mundo para benefício, para o maior enriquecimento, maior empoderamento do sistema financeiro. A senhora Clinton não só perdeu, mas o vencedor não está disposto a ser um marionete da banca. A maior prova são as acusações que surgem quase diariamente, envolvendo sua vida pessoal, seus encontros internacionais ou suas decisões presidenciais.

A banca não aceitou Donald Trump. Nem Lula, nem Dilma, nem Rafael Correa, nem Cristina Kirchner e o que se dirá de Nicolás Maduro, sentado na maior reserva de petróleo do mundo sem entregá-la, como o testa de ferro Michel Temer, para as petroleiras estrangeiras.

É com este cenário de filme de terror (nenhuma alusão aos vampiros do governo) que o próximo Presidente assumirá a condução da Nação. Se for de esquerda, qualquer que seja, por menos radical e disposta a acordo, ainda terá contra si o judiciário dominado pela banca. No mínimo, andará no fio da navalha. E como enfrentar a crise com uma economia em recessão, com desemprego em alta e com instituições já desmoralizadas ou destruídas pelo golpe.

É hora de colocar a verdade em prática. Nada de apresentar soluções cuja implementação, na melhor hipótese, será combatida pela majoritária força política da banca e de seus representantes nacionais.

Os candidatos precisam mostrar o que está acontecendo sem receio de atingir eventuais ou possíveis aliados. Como católico digo: só a verdade o libertará.

Se a população entender que o inimigo nacional é o sistema financeiro, que as famílias que ocupam o poder no Brasil desde o Império são sócias, cúmplices, coniventes com este poder estrangeiro, e que ele é o mais corrupto. Já é um enorme passo a frente.

A união de desiguais só aumenta a força do mais forte. Quem é hoje o mais forte? Quem vem doutrinando desde os anos 1970 as Forças Armadas com a ideologia neoliberal? Quem se apossou do judiciário? Quem domina a mídia televisiva, radiofônica, impressa?

A arma hoje é a comunicação virtual e o contato direto, o olho no olho onde a mentira tem dificuldade. O PSDB é rei dos robôs virtuais. É um partido sem povo, mas com dinheiro. Talvez maior representante da banca do que o PP e o DEM. E este Partido Progressista (PP) engloba os políticos mais corruptos, os que tem mais parlamentares envolvidos em inquéritos, que só desmerece a aliança. Nada de cortejá-lo. Não haverá ganho a não ser que esta esquerda abdique de seu programa de transformação social, do empoderamento popular, da economia e da defesa nacional.

É um momento de firmeza e de seriedade. Caso contrário se confirmará a profecia de que este golpe durará mais de 10 anos. E o Brasil não resistirá. Até lá seremos a nova Líbia, o novo Iraque, o novo Afeganistão. E os poderes de hoje não mais existirão; nem servirão para ladrar em defesa do dono (plim, plim).

Lula lá ou Lula cá?

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey