Colômbia: Palavras ante um extermínio

Colômbia: Palavras ante um extermínio

Temístocles Machado, Jair Cortés, Liliana Astrid Ramírez, Nixon Mutis, Leidy Amaya, certamente estes são só alguns dos nomes de pessoas que foram assassinadas por razões políticas em Colômbia, a lista é muito longa e aumenta...

Resumen Latinoamericano*, 5 de fevereiro 2018.

Por: Johan Mendoza Torres

Temístocles Machado, Jair Cortés, Liliana Astrid Ramírez, Nixon Mutis, Leidy Amaya, certamente estes são só alguns dos nomes de pessoas que foram assassinadas por razões políticas em Colômbia, a lista é muito longa e aumenta... mais de duzentos assassinatos de líderes sociais na segunda década do século XXI só podem ser resumidas numa frase que não agrada aos defensores desta democracia de papel: o Estado colombiano, é um estado falido.

Não é claro, porém com certeza as razões jurídicas e hipotéticas que implica reconhecer governamentalmente que esse extermínio de pessoas é um fenômeno sistemático, mantêm ao nobel de paz Juan Manuel Santos e seu escudeiro o ministro de Defesa senhor Luis Carlos Villegas suportando com o pouco que lhes resta de governo o argumento barato e falso de que as pessoas está sendo assassinadas por problemas domésticos e que o que ocorre aqui não é uma matança sistemática.

Não importa se são as multinacionais, os terra-tenentes, os clientelistas, os funcionários corruptos e suas famílias endinheiradas os que indiretamente se beneficiam por esta onda de assassinatos. Para ninguém é um segredo que o coração da política palpita nas cidades, porém o sangue, o suor e as lágrimas continuam sendo derramados nos campos. Se matassem a 5 militantes do Centro Democrático em Bogotá, o escândalo seria mundial...; porém, como é a gente mais humilde a que morre, como estão matando a verdadeiros políticos, isto é, os que trabalham pela comunidade sem salário, então o esquecimento, a notícia efêmera, o desrespeito rasteiro de negar sistematicidade quando prestigiosos centros de estudos sociais o concluíram, sela o marco nefasto de um país protagonista da crise política mais grave de nosso continente.

Caladas as palavras, eliminados os corpos, só nos resta na memória a obra de nossos líderes sociais, que seguem sendo assassinados, ante os olhos de uma sociedade que observa, sim, o que se passa, porém que se tornou tão indolente que crê que não tem responsabilidade ou que nem sequer tem por que sentir pena e dor por tamanha injustiça. É a noite mais obscura de nossos líderes sociais, é a realidade de um presente que se torna um pesadelo, porém que, apesar de tudo e tanto, não culmina por empanar esse futuro que eles vislumbraram para Colômbia.

Com medo porém sediciosamente, com cautela porém com determinação, com perseverança indomável, com pranto raivoso que culmina num sorriso quimérico, a melhor homenagem que podemos fazer a nossos líderes assassinados, o monumento mais digno por sua injusta morte, é continuar promovendo por todos os meios e cenários possíveis esse país que nos espera na volta das lutas. A semente que jaz sobre seus corpos é o alimento moral para continuar lutando em nossos bairros, escolas, universidades, espaços de trabalho, sejam urbanos ou rurais, físicos ou simbólicos, seja de dia ou de noite, e continuar crendo como eles o fizeram até o dia de sua prematura morte, que este país pode, sim, mudar; eles agora não estão, porém seu desejo e sua luta foram e seguirão sendo o impulso, seguirão sendo a vocação de orientar a vida mesma para o sonho indomável de transformar a terrível situação que nossa sociedade atravessa. Esse impulso hoje cresce, cresce e cresce, por todos os rincões da pátria.

Fonte: contagio radio

Tradução > Joaquim Lisboa Neto

 

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