Preparando a terceira guerra mundial

O presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o controle da emissão de gás carbônico da atmosfera, dizendo que foi eleito pelo povo de Pittsburgh (centro industrial americano) e não de Paris.

Os Estados Unidos são o segundo maior poluidor da atmosfera, atrás apenas da China, que continua fazendo parte de um acordo que pretende impedir o aumento da temperatura do planeta em mais de 2 graus Celsius.

Em palestra recente em Porto Alegre, durante o seminário pelos 100 anos da revolução russa, o economista Luiz Belluzzo, depois de fazer referências aos bolsões cada vez maiores de pobreza nos Estados Unidos (segundo ele 40 por cento dos americanos vivem situações de trabalho precário, sem nenhuma garantia trabalhista) disse que foi esse segmento de público que elegeu Trump no ano passado.

Um populista de direita, Trump está se aproveitando dos longos anos de conivência das administrações democratas nos Estados Unidos com os interesses das oligarquias financeiras, para propor medidas que, num primeiro momento vão atender os interesses dos mais pobres nos Estados Unidos.

A comparação com o que fez Adolf Hitler na Alemanha é inevitável. Lá também foi possível recuperar a economia do país, com a geração de empregos e o incentivo às indústrias de armamento, coisa que Trump prometeu fazer também nos Estados Unidos com um acentuado investimento no seu complexo militar.

No discurso em que anunciou a saída dos Estados Unidos do acordo de Paris, Trump disse que se continuasse observando a limitação na emissão de gases, o país teria uma perda de 12% na produção de papel, 38% em ferro e aço e 86% em carvão até o ano de 2.040.

Trump minimizou os ganhos com o acordo (manter o aquecimento global abaixo de 2% até 2.100) e maximizou os ganhos para os Estados Unidos: a geração de milhares de novos empregos e o aumento de 3 trilhões de dólares nos valores das empresas americanas nas bolsas de valores.

Na visão de Trump, o Acordo de Paris tem menos a ver com o clima e mais com uma guerra econômica contra os Estados Unidos, no que de certa maneira tem razão ao identificar uma condição permanente do capitalismo que é o da cisão entre os interesses dos diversos grupos representados por nações ou bloco de nações.

Mais de 70 anos depois do fim da segunda guerra mundial, parece terem sido criadas novamente as condições para outro conflito, geradas pelo choque de interesses de facções do capitalismo que desprezam os valores maiores da civilização (no caso a preservação das condições de vida no planeta) em troca da sua manutenção.

Nessa hora, é bom lembrar a previsão pessimista de Meszaros que acrescentou à clássica colocação de Rosa Luxemburgo - Socialismo ou barbárie - um adendo - ..."na melhor das hipóteses", porque a continuidade das atuais políticas capitalistas podem levar o mundo à destruição total.

Será a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, o primeiro passo para a Terceira Grande Guerra?

Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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