Novo plano de 'mudança de regime': atacar Damasco pelo sul

Há sérias preparações ativas para um novo ataque contra Damasco. Forças antigoverno, inclusive Jabhat al-Nusra, afiliada da Al-Qaeda, foram treinadas e armadas na Jordânia e agora se movem para a posição de partida no governato de Quneitra no sudoeste da Síria. (Plano similar a esse, na primavera de 2013, foi parcialmente executado e depois abortado.)


15/9/2014, Moon of Alabama - http://goo.gl/nVk2Oi


O governato de Quneitra é uma faixa contígua às colinas de Golan ocupadas por Israel, com uma fronteira ao sul com a Jordânia e ao norte com o Líbano.


As forças antigoverno que cooperam para essa operação são a Frente de Revolucionários Sírios [orig. Syrian Revolutionaries Front (SRF)], apoiada pelos EUA, ajudada pela Frente Islamista, apoiada pela Arábia Saudita, e a Jabhat al-Nusrah, da al-Qaeda, que acaba de receber algo em torno de $20 milhões do Qatar. Essas forças infiltraram-se da Jordânia através de Daara e dali tomara rumo noroeste ao longo da fronteira com Israel. Esse movimento, durante o qual alguns observadores da ONU foram sequestrados pelas mesmas forças, foi apoiado por ataques da artilharia israelense contra unidades sírias que tentaram impedi-lo. A única estação de fronteira entre Israel e Síria está hoje em maõs de forças antigoverno. Os militares israelenses também estão garantindo apoio médico àquelas forças antigoverno sírio. A ONU retirou todos os agentes e soldados de paz que estavam no lado sírio da linha de demarcação nas colinas de Golan.

As forças antigoverno controlam agora uma faixa de 70km de comprimento por 5km de largura, da Jordânia ao longo da fronteira do Golan até o Líbano. Essa faixa pode ser usada para entrar em território do Hizbullah no sul do Líbano, mais o principal objetivo é provavelmente atacar Damasco do sul. Os militares sírios teriam grandes dificuldades para desalojar as forças antigoverno  que estejam nessa faixa, porque a faixa á coberta por fogo israelense, antiaéreo e de artilharia.

Há rumores de que a Frente al-Nusra está deixando posições que mantinha no governato de  Hama no norte da Síria. Os seus grupos estão voltando para a Turquia, para serem transferidos à Jordânia e dali como reforços para Quneitra.

Faz pouco sentido tentar conquistar a área de Quneitra, praticamente deserta, exceto para usá-la como plataforma para lançar ataque a partir do sul em direção a Damasco. A distância até a capital é de apenas 60km. Enquanto ataques aéreos coordenados contra duas divisões do exército sírio estacionadas entre o governato de Quneitra e Damasco podem abrir via segura do governato  Quneitra para a capital. Recentes acordos de trégua entre a Frente Revolucionária Síria apoiado pelos EUA e o Estado Islâmico na área sul de Damasco podem ter sido concebidos já tendo em mente esses planos de ataque.

Os militares dos EUA na sala de operações conjuntas árabes-EUA para a insurgência em Amã, Jordânia, podem ter planos para usar essa sinistra nova "guerra ao ISIL" como pretexto para ataques contra as divisões do exército sírio que protegem Damasco pelo sul. Coordenado com um ataque por terra pela Frente al-Nusra e outros por Quneitra, esses ataques aéreos podem degradar gravemente as forças sírias e abrir condições para avanço de total destruição contra Damasco.

(ATUALIZAÇÃO) Obama já anunciou a via da escalada para esses ataques aéreos:


"Deixou claro que é situação intrincada, porém, quando considerou a possibilidade de o Sr. Assad ordenar que seja  abatidos os aviões dos EUA que entrem em espaço aéreo sírio. Se ousar tal coisa, o Sr. Obama disse que ordenará às forças dos EUA que destrua o sistema de defesa aérea da Síria, o que, disse ele, seria mais fácil que atacar o ISIS porque a localização daquelas defesas é mais bem conhecida. Obama disse ptambém, segundo uma testemunha, que tal ação do Sr. Assad levaria a sua derrubada."


Toda a conversa sobre atacar o ISIL pode não ter passado de maskirovka para ocultar o plano violentíssimo de Obama para 'mudança de regime' contra a Síria, disfarçando a violência sob uma fachada de "antiterrorismo". Isso, quando já se sabe que o 'plano' está sendo coordenado com a Frente al-Nusra, grupo ativamente apoiado pela al-Qaeda na Síria, e só se tornou possível mediante uma acordo de trégua firmado com... o ISIL. *****

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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