Comunicado IDP sobre o Dia da Europa

Comemoramos o dia da Europa neste 9 de maio de 2013 com vários pesadelos a pairar sobre a União Europeia, em particular nos países do Sul: a classe trabalhadora tem cada vez menos trabalho, a classe média tem cada vez menos meios e a classe dirigente tem cada vez menos classe. E os países do Sul são os fundadores da Europa histórica, a Grécia da Antiguidade, a Itália, Portugal e Espanha da modernidade mediterrânica e da Expansão mundial, depois seguidas por França e Inglaterra.

Os povos europeus tiveram um papel essencial no desenho do Mundo em que hoje vivemos. Inaugurámos a modernidade como época e a modernidade tornou-se um processo que chegou a todo o mundo e aos nossos dias. Nenhum outro continente tem tamanha preponderância cultural, nenhum outro liderou uma tal mudança. Enquanto continente, a Europa é um elemento incontornável no mundo moderno e será, no futuro um ator essencial na elaboração do mesmo.

O 9 de Maio, sendo a data importante da fundação da União Europeia, é apenas um segmento da riquíssima história da Europa. A unificação europeia é uma ideia inovadora e arrojada, como apenas os europeus poderiam empreender. Num mundo em que a fragmentação é a norma, onde nem América, nem Ásia, nem África se apresentam como unidades, unificar povos diversos com um fundo cultural comum é uma tarefa que apenas os europeus poderão conseguir.

Lembremos o óbvio. A Europa de hoje é mais rica do que alguma vez o foi na sua história. Mas é uma Europa mais velha e menos afoita do que em épocas anteriores.

Conseguimos a paz, através da colaboração de países que estiveram em guerras ao longo de séculos. Em torno de um projeto comum, alcançámos um nível de prosperidade e benefícios inauditos. Mas agora exigimos novas regras comuns. Para manter os mesmo princípios de paz, solidariedade, coesão e justiça social.

Encontramo-nos, num momento chave da construção de um novo ciclo. Para quem tem uma história de muitos séculos, o período da construção do espaço europeu é curto; os desafios presentes são muito semelhantes aos do passado. Não existem razões para perder a esperança na Europa, mas temos de abordar com uma nova atitude o novo ciclo em que estamos a entrar.

Vivemos tempos conturbados em que se definirá o nosso futuro. Estamos a assistir aorisco dos interesses de cada membro se sobreporem ao interesse comum, pondo em perigo um projecto que, a ser invertido, teria custos insustentáveis para todos. As elites europeias usaram a "Europa" face aos seus eleitorados como o álibi para a promoção de decisões impopulares. É o famoso défice de democracia na Europa. Esse tempo está esgotado porque se exige aos povos independentes europeus que renovem o compromisso com a Europa, em base renovada.

Os movimentos de cidadania, as redes da sociedade civil, os movimentos sociais, vão ter uma palavra cada vez mais decisiva neste novo ciclo da Europa. Vão ser eles a exigir responsabilidades aos dirigentes, para alcançar um novo compromisso histórico entre os povos da Europa. A democracia vai ter que encontrar novas fórmulas para que os trabalhadores tenham cada vez mais assegurada a sua dignidade e para que novos dirigentes mostrem que servem os povos, antes de servir-se a si próprios ou a poderes económicos e financeiros. Só assim os pesadelos desaparecerão da União Europeia.

Lisboa, 9 de maio de 2013

A Direção do Instituto da Democracia Portuguesa

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey