Estados Unidos acusam ditador do Sudão de desviar US$ 9 Bilhões para contas no exterior

Por ANTONIO CARLOS LACERDA

SÃO PAULO/BRASIL - PRAVDA.RU

Os documentos secretos da diplomacia americana citam conversas com o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, que teria sugerido às autoridades americanas "divulgar o tamanho do roubo de Bashir para virar a opinião pública sudanesa contra ele".

14268.jpegSegundo o promotor Luis Moreno-Ocampo, boa parte dos US$ 9 Bilhões deve estar no banco Lloyds. O promotor acha que se divulgado o desvio, a opinião pública sudanesa sobre Bashir mudaria de um 'ativista' para um ladrão", informou um documento secreto de altos representantes dos Estados Unidos.

O documento diz que "Ocampo relatou que o banco Lloyds, em Londres, deve estar com o dinheiro ou saber de seu paradeiro, e disse que expor que Bashir tem contas ilegais seria o suficiente para colocar os sudaneses contra ele".

O banco Lloyds disse não ter nenhuma prova de possuir recursos em nome de Bashir. "Não temos absolutamente nenhuma prova que sugira qualquer ligação entre o grupo Lloyds e o senhor Bashir. A política do grupo é de cumprir as obrigações legais e regulamentares em todas as jurisdições nas quais opera", informou o jornal britânico The Guardian.

Se a estimativa de Ocampo estiver correta, os recursos sudaneses guardados em bancos londrinos correspondem a um décimo do PIB anual do Sudão, que é o 15º país mais pobre do mundo na lista da Organização das Nações Unidas.

Ocampo discutiu as provas desse desvio de dinheiro com os Estados Unidos dias antes de divulgar um mandado de prisão contra o ditador sudanês, em março de 2009, o primeiro divulgado pelo tribunal contra um chefe de Estado em exercício.

Em 2009, Bashir foi indiciado por sete acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, com outras três acusações de genocídio acrescentadas em julho deste ano. Há meses, Bashir desafia a ordem de prisão, viajando por vários países africanos.

Ocampo nunca divulgou os detalhes desses desvios publicamente, mas foi duramente criticado pelo indiciamento por muitas pessoas no Sudão, e por pessoas na comunidade internacional, temendo aumento de conflitos na região de Darfur, que está em guerra civil há sete anos, com um balanço de 300 mil mortos, segundo a ONU.

ANTONIO CARLOS LACERDA É Correspondente Internacional do PRAVDA. RU no Brasil. E-mail:- [email protected]

 

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