A Páscoa católica e a ortodoxa neste ano coincidem . Peregrinos de todas as igrejas cristãs se reuniram hoje no caminho do Calvário para realizar, cada grupo com seus ritos particulares, a Via Sacra e a oração da Sexta-Feira Santa.
Devido à situação atual de tranqüilidade em Jerusalém o número de visitantes é muito grande, e a Polícia posicionou centenas de agentes dentro e ao redor da Cidade Antiga para garantir a segurança.
A cidade murada era hoje um formigueiro de pessoas, e uma prova da diversidade da comunidade cristã. Pela Via Dolorosa, as procissões de franciscanos se cruzaram com os grupos de popes (sacerdotes da Igreja Ortodoxa grega), seguidos por mulheres com lenços de camponesa russa e com etíopes envolvidos em linho branco.
"Eu, só de olhar para alguém, posso dizer se é sírio, copta (da Igreja Ortodoxa) ou católico romano", comentava Iad, dono palestino e muçulmano de uma das lojas de souvenirs que proliferam na Via Dolorosa e que dão um ar de solenidade ao lugar.
Ao longo do dia de hoje, o comerciante, cuja loja fica em frente à Terceira Estação, afirma ter visto passar entre 7 e 10 mil pessoas.
Os ortodoxos percorrem a Via Dolorosa tocando as paredes, colocando brevemente uma pequena cruz sobre os lugares em que, segundo conta a tradição, Cristo se apoiou ou caiu.
Os católicos costumam refazer a Via Sacra em grupos, parando diante de cada estação para rezar em coro, ou a sós, para orar em silêncio nas capelas.
O pátio do Mosteiro Etíope se encheu de peregrinos de branco, que rezavam com os corpos curvados - quase tanto como os muçulmanos - e se erguiam depois.
Para Samy, Boez e Patrock, três amigos de Haifa (cidade israelense) - palestino católico, judeu, e francês católico, respectivamente - que estão em Jerusalém pela coincidência das duas Páscoas cristãs e da judia, a viagem valeu a pena.
"Vimos contrastes impressionantes. Não há outro lugar como este no mundo", disse Boez, que afirmou também que, "além da variedade de grupos humanos, o fervor religioso é chamativo".
Iad, dono da loja de souvenirs, vê o cenário com olhos mais céticos. "No final do dia, os diferentes grupos brigarão para saber a quem cabe limpar o Santo Sepulcro".
No Santo Sepulcro, onde ortodoxos gregos, católicos, apostólicos armênios, coptas e ortodoxos etíopes têm cada um seu espaço, coincidiram hoje as orações da Sexta-Feira Santa dos diferentes grupos próximo à hora da morte de Cristo.
Da capela dos franciscanos se ouvia, simultaneamente, os cantos latinos, as liturgias da capela grega ortodoxa e as orações dos coptas, por exemplo.
Entre uma capela e outra, perambulavam peregrinos e turistas, enquanto policiais israelenses em uniforme cáqui, que tinham deixado suas armas na entrada, patrulhavam pelos corredores.
Muitos visitantes se inclinavam sobre a Pedra da Unção (onde se acredita que o corpo de Jesus tenha sido ungido) para recolher com lenços, trapos e até com bolsas de plástico o óleo que caía de algumas jarras penduradas e que deixa um perfume em toda a igreja.
No sábado e no domingo, ortodoxos e católicos celebrarão separadamente a Ressurreição de Cristo, embora um grupo de laicos gregos-ortodoxos tenha convocado todos os cristãos, inclusive os protestantes, que não têm representação no Santo Sepulcro por serem igrejas ''novas'', a rezar juntos à meia-noite.
Segundo o pastor luterano alemão Wolfram Buchholz, no entanto, "Jerusalém não é um lugar para o ecumenismo, mas para o ''status quo'' (que determina a soberania das distintas igrejas sobre determinados lugares santos). Na Terra Santa, cada confissão quer, antes de tudo, ter seu espaço".
Fonte EFE
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter