Os desafios do FSM africano

Por Tarcísio Zimmermann

As dificuldades organizativas do Fórum Social Mundial não ofuscam a certeza – para todos nós, muito marcante – de que, sim, a África tem grandes potencialidades a serem exploradas e um futuro promissor, desde que, é claro, sejam criadas as condições necessárias para o seu pleno desenvolvimento econômico e social.

Com uma cultura riquíssima, povo trabalhador e abundância de riquezas naturais, a África - berço da humanidade e importante fonte de sustentação econômica para o planeta - não espera, portanto, "caridades" do resto do mundo. Os africanos querem, tão somente, que seja extirpada de seu território, de uma vez por todas, a "cultura" da expoliação, dos saques e da violação dos direitos coletivos e individuais a que têm sido submetidos historicamente.

Assim, o FSM que este ano lá acontece retoma, com necessária contundência, algumas bandeiras imprescindíveis para o crescimento daquele continente como, por exemplo, o tema da dívida externa e a luta pelo seu perdão incondicional. Esta e uma condição essencial para que os países africanos – bem como as demais nações do hemisfério sul – possam se recuperar dos séculos de contínua exploração e oferecer reais oportunidades ao seu povo.

Nesta desgastante, contínua e intensa batalha pela recuperação da soberania roubada, a África luta, agora, para extinguir a ameaça de concretização do Acordo de Parceria Econômica (EPA) idealizado pela União Européia, a exemplo da América Latina, que resistiu e derrotou a tentativa de imposição da ALCA ao nosso continente. Ora, antes de colocarmos em prática a tão idealizada integração entre nações e blocos continentais, é imprescindível que países e blocos regionais tenham garantias efetivas de que as assimetrias entre as fronteiras não representem mais pobreza e mais exclusão.

E, como não poderia deixar de ser, as migrações, resultantes da injusta distribuição das riquezas entre e nos países, também estão na extensa esteira das preocupações mundiais discutidas pelo Fórum.

Da mesma forma, o tema doenças e o acesso a tratamentos médicos ocupam grande parte das mesas de discussões, uma vez que o povo africano, mais que qualquer outro, é vítima dos monopólios e dos altos preços dos medicamentos.

Se estas não são problemáticas novas, certamente estarão muito mais presentes na consciência e na ação dos milhares de militantes do Fórum Social Mundial e dos milhões de cidadãos de todos os continentes que, solidariamente, lutam e constróem o outro mundo.

Tarcísio Zimmermann é deputado federal (PT) e coordenador da Rede Parlamentar Mundial.

Fonte: PT

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