A configuracao estratégica do conflito em Gaza e as perspectivas para o futuro da região

O Conflito milenar entre Israelenses e Palestinos atinge um novo capitulo sangrento em Gaza, com perspectivas desanimadoras para o futuro de Gaza ou qualquer solução positiva para a região.

Atualmente nenhuma nação está disposta economicamente ou politicamente a assumir qualquer responsabilidade na defesa da população de Gaza. Os EUA que se utiliza de Israel como cabeça de ponte para sua influência no oriente médio e se beneficia do capital judaico em seguimentos importantes da economia americana, até o momento tem se pronunciado comedidamente em relação a Israel, apesar de ter endossado a ofensiva Israelense.

Israel aproveitou o momento para fazer sua incursão e projeção de seus objetivos antes da posse efetiva de Obama, o qual demonstra buscar uma solução por meio de negociações. Na estratégia sórdida israelense, sua postura encontra sentido, aproveitando-se da fragilidade de Gaza que não tem e nem terá qualquer apoio de nações islâmicas ou de qualquer outra nação, pois todos estão interessados em manter seus próprios objetivos preservados.

As nações islâmicas que poderiam promover alguma iniciativa em prol de Gaza não estão dispostas a arcar com esse ônus, estão mais interessadas em seus objetivos particulares e disputas pela liderança regional. No Irã Ahmandinejad mesmo mantendo sua postura de eliminação da entidade sionista necessita de apoio interno para manter essa postura, por isso é bastante difícil ocorrer qualquer alteração de maior envergadura nas ações do Irã contra Israel no momento. A Cisjordânia através do Hezbollah e o Líbano, apesar de algumas iniciativas, ainda não se posicionaram concretamente sobre abrir uma nova frente contra Israel e em virtude das divergências entre o Hezbollah e o Hamas percebe-se que não ocorrerá nenhuma alteração significativa do conflito. Arábia Saudita e Egito estão mais alinhados aos EUA, portanto qualquer iniciativa pró Gaza pode ser descartada, além de disputarem com o Irã a posição de líder regional.

Por esses motivos Gaza está sozinha, e os judeus estão aproveitando para impor seus interesses. Com a derrota completa do Hamas, Israel eliminaria definitivamente uma frente de combate e poderia se concentrar com o Líbano e com o Hezbollah, também teria gradativamente acesso a faixa de Gaza, pois com a derrota do Hamas uma parte da população se sentiria pressionada a buscar regiões mais estáveis, portanto mudando-se para a Cisjordânia. Para Israel essa importante vitória militar traduzir-se-ia em um grande trunfo político, mas mesmo utilizando-se de bombas de fósforo branco e bombas DIME que alteram até mesmo o DNA das vitimas, os políticos israelenses precisam comedir-se em suas intenções de eliminação do Hamas. O grupo tem mantido uma resistência grande através do combate urbano, pois caso seja de fato empreendida a atitude de eliminação do Hamas os judeus deverão estar preparados para arcar com o ônus humanitário do banho de sangue que eles iram promover.

A cada dia que passa Israel só reforça e confirma em sua postura antigos argumentos amplamente evidenciados em livros como os “Protocolos dos Sábios do Sião” e o “Judeu Internacional”, não há como refutar esses argumentos por meio de suas atitudes e suas propostas para o mundo.

A emergência do fim desse caos humanitário é imediata, as possibilidades que podemos vislumbrar para um futuro melhor seria, primeiramente a viabilização da fundação do estado palestino, a devolução das colinas do golã para o Líbano e a reconstrução de Gaza. Tudo isso passa pelo conselho de segurança da ONU que não tem atualmente condições de aprovar essas medidas uma vez que as únicas medidas “adequadas” para serem aprovadas sejam aquelas que sejam também reflexo do interesse americano, por isso é importante a reformulação do conselho de segurança.

Outro ponto nefrálgico é o status de Jerusalém, não haverá no curto prazo solução sem conflito para sua administração, portanto a única possibilidade seria a internacionalização da cidade com administração da ONU. Nesse sentido seria proibido qualquer efetivo militar israelense ou palestino em Jerusalém, mesmo efetivos policiais urbanos. Embora a ONU enfrente o problema da definição de um órgão de defesa e segurança comum que possa efetivamente aplicar algum mecanismo de punição militar, o conselho de segurança poderia administrar Jerusalém, onde as cinco nações permanentes do conselho administrariam e proveriam a segurança do território.

Dimas Melo Alencar

Analista de Relações Internacionais

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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