Shinzo Abe é um premiê mais jovem do Japão

A Casa Branca felicitou ontem o novo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e previu que o novo líder manterá o papel do Japão como "uma boa força para a região".

O presidente do Partido Liberal-Democrata (PLD) foi designado como estava previsto para assumir o cargo de premier pelo Parlamento, onde o PDL dispõe de ampla maioria. Abe obteve 339 votos de 476. A votação foi confirmada em seguida pelo Senado, onde o PLD também tem maioria.

Shinzo Abe, 52 anos, se transformou no premiê mais jovem do Japão desde o final da Segunda Guerra Mundial. O novo premier deve anunciar a composição do governo nas próximas horas. Abe modificou anteontem a diretoria do PLD, ao escolher homens de sua confiança, conservadores como ele. O novo número dois do partido é um de seus colaboradores mais próximos, o veterano Hideano Nakagawa, 62 anos, ex-jornalista da área de economia conhecido pelas relações com a China.

O ministro das Relações Exteriores Taro Aso, famoso pelas posições nacionalistas e por defender uma linha dura em relação a China e Coréia do Norte, foi confirmado no cargo. A ratificação de Aso, 66 anos, como chanceler era esperada pelos analistas. Ele terá a difícil missão de renovar o diálogo entre Japão e China, afetado durante o mandato de Koizumi. Abe já recebeu uma mensagem do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, na qual ele pede para que ambos trabalhem juntos para melhorar as relações entre a China e o Japão.

«Uma China que se desenvolve pacificamente é o que mais importa ao Japão», declarou Abe, acrescentando que pretende «desenvolver esforços para reforçar os laços não só com a China, como também com a Coreia do Sul e com a Rússia».

A China e a Coreia do Sul suspenderam há mais de um ano as cimeiras bilaterais com o Japão em protesto pelas visitas de dirigentes japoneses, incluindo o próprio Koizumi, ao santuário de Yasukuni, erigido em honra dos soldados japoneses mortos e considerado pelos críticos como uma glorificação do passado militarista nipónico.

As relações com a Rússia têm também estado sob tensão devido aos frequentes incidentes ao largo das Curilhas, ilhas anexadas pela Rússia em 1945 e cuja soberania o Japão reivindica.

No contexto externo, Shinzo Abe reafirmou, como era esperado, que a aliança com os Estados Unidos continua a ser «a base da diplomacia e da segurança do Japão» e comprometeu-se a reforçar «a confiança mútua».

Durante os cinco anos em que dirigiu o Japão, Junichiro Koizumi introduziu várias reformas económicas, as mais visíveis das quais foram a reforma do sistema fiscal e a privatização dos Correios do Japão, considerados como o maior banco do mundo.

«Vou continuar as reformas estruturais lançadas pelo primeiro-ministro Koizumi», declarou Shinzo Abe na sua primeira conferência de imprensa como chefe do governo.

Apesar de ser um dos países mais desenvolvidos do mundo, o Japão atravessa desde há alguns anos uma fase de abrandamento da economia, ligada ao envelhecimento da população, e tem actualmente uma dívida pública que atinge os 170 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Para dar o exemplo da importância que atribui à política orçamental rigorosa lançada pelo seu antecessor, e nomeadamente «à redução das despesas inúteis», Shinzo Abe anunciou a intenção de reduzir o seu salário de primeiro-ministro em 30 por cento e os salários dos seus ministros em 10 por cento.

O vencimento anual do chefe do governo japonês é actualmente de 41,65 milhões de ienes (cerca de 280.000 euros).

Shinzo Abe é um personagem emblemático da nova geração de políticos japoneses nascidos depois da guerra e que desejam revisar a Constituição pacifista de 1947 para promover um Japão "forte e normalizado" no cenário internacional.


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Author`s name Ekaterina Spitcina
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