O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou hoje (5) os que defendem um endurecimento das relações com a Bolívia, após a nacionalização das reservas de gás e petróleo naquele país. Lula lembrou que a nação de Evo Morales é a mais pobre da América do Sul e que, às vezes, é preferível ser carinhoso a agir com dureza.
Eles (bolivianos) precisam de ajuda, não de arrogância, arrematou o presidente, ressalvando que, por outro lado, o Brasil também precisa ser tratado com respeito e consideração. Embora defenda o ato de Morales como legítimo e soberano, Lula condenou o envio de tropas do Exército da Bolívia para as unidades da Petrobras no país. Não precisava ter feito isso, disse.
O presidente fez as declarações ao participar da inauguração da hidrelétrica de Aimorés, em Minas Gerais. Lula lembrou que os investimentos em pesquisa sobre gás natural no Brasil foram baixos nos últimos governos.
"Nós vamos trabalhar como nunca trabalhamos para ser auto-suficiente em outras matrizes energéticas. Porque aí, sim, o Brasil se apresentará ao mundo com muito mais soberania, muita mais grandeza e muito mais capacidade de atrair investimentos", afirmou.
Lula aproveitou a cerimônia para desmentir a versão propagada pela imprensa de que o governo tenha sido pego de surpresa com a decisão da Bolívia. "Não é nenhuma novidade o que aconteceu na Bolívia. Não tinha ninguém inocente. Todo mundo sabia que tinha uma lei que exigia que houvesse a estatização", ressaltou.
Preços
O presidente garantiu, ainda, que o consumidor brasileiro não irá pagar mais pelo gás, caso a Bolívia decida aumentar os preços para o fornecimento do combustível ao Brasil. Segundo Lula, a Petrobras poderá absorver um eventual reajuste.
"O gás não vai aumentar, e se aumentar, vai aumentar para a Petrobras e não para o consumidor", afirmou. A Petrobras traz o combustível da Bolívia para o Brasil por meio de um gasoduto e o vende para distribuidoras.
Oposição faz discurso eleitoral no caso Bolívia, diz Ferro
O líder em exercício do PT, deputado Fernando Ferro (PT-PE), voltou a criticar, nesta quinta-feira (4), da Tribuna, o posicionamento dos partidos de oposição sobre os acontecimentos envolvendo Brasil e Bolívia, após a decisão do governo Evo Morales de nacionalizar reservas de petróleo e gás. Para Fernando Ferro, os discursos oposicionistas exageram em querer politizar esta questão e revelam desconhecimento do que está acontecendo. Parte desses discursos refletem exatamente a disputa política eleitoral em curso no país, disse.
Lembrou Fernando Ferro que a oposição, que agora faz discurso nacionalista em defesa da Petrobras, em 1998 durante o governo FHC, fazia discurso pela privatização da empresa. Agora viraram todos empedernidos nacionalistas, criticou Fernando Ferro.
O líder em exercício do PT disse ainda que apoia a decisão do governo da Bolívia, uma vez que esta é uma questão de soberania e autodeterminação dos povos, mas defende a necessidade de o Brasil garantir o fornecimento de gás e os interesses da Petrobras. A preocupação agora deve ser sobre como vamos tratar os ativos da Petrobras, os contratos firmados entre a empresa e o governo boliviano e a nossa relação daqui para frente, disse.
Para Fernando Ferro, o erro político do governo passado, de FHC, submeteu o Brasil a este único fornecedor de gás. Na sua avaliação, precisamos buscar outras alternativas, como o gás interno, tal como o gás de urucu do Amazonas e o produzido em Santos e Campos, que o Brasil pode explorar e produzir, além de fazer parcerias com outros países, sugeriu.
Por outro lado, o líder em exercício do PT não acredita em desabastecimento no Brasil por causa da decisão do governo boliviano. Não haverá falta de gás. Primeiro, porque existem contratos prevendo isso; segundo, a Bolívia não tem outro comprador de porte, como o Brasil, afinal um gasoduto liga os dois países, ressaltou Ferro.
O parlamentar petista aposta numa solução negociada para a questão. Não é uma boa contribuição dos partidos de oposição tentar levar a sociedade a uma opinião equivocada e incorreta sobre os acontecimentos, propondo uma atitude bélica como resposta à atitude do país irmão, considerou Fernando Ferro. Ainda, segundo ele, não estamos diante de nenhum tragédia, como alguns quiseram anunciar, porque a diplomacia brasileira tem instrumentos para discutir e chegar a um acordo sobre o tema. O Brasil e a Petrobras possuem os canais para arbitragem, em escala internacional, para resguardar seus direitos, salientou Ferro.
Fonte: PT
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